quinta-feira, 24 de março de 2011

Raros terremotos “lentos” podem causar tsunamis ainda mais mortais


O terremoto que causou o tsunami devastador no Japão foi o quarto maior da história, de 9,0 graus de magnitude. Mesmo Tóquio, a cerca de 370 quilômetros da zona de ruptura, teve prédios que balançaram como pequenas árvores no vento. Os mais próximos ao evento nem sequer tiveram tempo de fugir da água.

No entanto, nem todos os tsunamis nascem de repente, de terremotos violentos. De fato, alguns sismos de magnitude relativamente baixa são capazes de causar enormes e mortais tsunamis.

Essa classe especial de tremores de terra, capazes de causar essas ondas, rompe mais “lentamente”, apesar da sua menor magnitude, do que os terremotos regulares.

Para entender o que a velocidade de um terremoto significa, é importante compreender que os terremotos acontecem em linhas, com um ponto de partida e um ponto final. O epicentro é justamente onde começa a ruptura.

Terremotos rompem geralmente a cerca de 3 km por segundo, cerca de 10 vezes a velocidade do som. Em contrapartida, esses terremotos “lentos” rompem entre 1 a 1,5 km por segundo, um terço à metade da velocidade.

Em terremotos lentos, o movimento pode viajar poucos ou centenas de quilômetros, assim como um terremoto normal, mas sua velocidade ao longo da linha de falha é menor. Esses terremotos são muito problemáticos, porque as pessoas não os sentem muito fortemente para que se preparem para o tsunami.

Nos últimos 20 anos, um terço dos terremotos que geraram tsunamis que causaram baixas significativas foram estes terremotos lentos.

Esse tipo de tremor foi identificado no início de 1970. Em 1896, o terremoto de Sanriku, que ocorreu ao longo do mesmo cruzamento das placas continentais que rompeu no recente terremoto japonês, criou um tsunami surpreendente. Ondas de até 38 metros mataram cerca de 27.000 pessoas e feriram mais de 9.000.

Os dados revelaram que o terremoto teve magnitude de 7,2, um número surpreendentemente pequeno para tal tsunami. Em contraste, as maiores ondas do tsunami mais recente tinham, em média, cerca de 7 metros de altura, com uma testemunha relatando uma onda de 13 metros de altura.

Porque estes terremotos lentos criam tsunamis tão poderosos? Uma resposta está na onde exatamente o terremoto ocorre ao longo da zona de subducção. Ao longo de uma zona de subducção, geralmente as partes mais profundas escorregam muito rapidamente, e partes muito rasas deslizam de forma relativamente lenta. Então, esses terremotos lentos chacoalham uma área muito mais perto do fundo do mar do que os mais profundos e mais rápidos.

Especialistas estão desenvolvendo um novo programa que avalia a energia produzida em terremotos, e é muito bom em identificar os raros tremores “lentos”. O programa usa os mesmos dados sísmicos disponíveis para centros de modelagem de tsunami, mas com um olhar diferente. No futuro, pode ser incorporado em sistemas de alerta de tsunami em todo o mundo. [LiveScience]

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