segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O Despertar dos Mágicos (66). viu em sonhos os cabeçalhos dos jornais anunciando a erupção do Monte Yelé, na Martinica,


Observando bem, tudo isto reflete com mais fidelidade o fundo dos pensamentos e das inquietações do homem de hoje do que as análises do romance neonaturalista ou os estudos político-sociais;

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

em breve disso nos aperceberemos, quando aqueles que usurpam a função de testemunha e vêem as coisas novas com olhos antigos forem fulminados pelos fatos. A cada passo, neste mundo aberto sobre o estranho, o homem vê surgir pontos de interrogação tão desmedidos como eram os animais e os vegetais antediluvianos, Não estão à medida. Mas qual é a medida do homem? A sociologia e a psicologia evoluíram muito menos depressa do que a física e as matemáticas. É o homem do século XIX que se encontra subitamente em presença de um mundo diferente. Mas o homem da sociologia e da psicologia do século XIX será o verdadeiro homem? Nada é menos certo.
Após a revolução intelectual suscitada pelo Discurso do método, de Descartes, após o aparecimento das ciências e do espírito enciclopédico no século XVIII, após a importante contribuição do racionalismo e do cientismo otimista do século XIX encontramo-nos num momento em que a imensidade e a complexidade do real que acaba de ser revelado deveria necessariamente alterar o que até aqui pensávamos da natureza do conhecimento humano, perturbar as idéias adquiridas a respeito das relações do homem com a sua própria inteligência - numa palavra, exigir uma atitude de espírito muito diferente daquilo a que ontem chamávamos a atitude moderna. A uma invasão do fantástico exterior deveria corresponder uma exploração do fantástico interior. Haverá um fantástico interior? E aquilo que o homem fez não será a projeção
daquilo que ele é ou virá a ser?
É portanto a esta exploração do fantástico interior que vamos proceder. Ou, pelo menos, esforçar-nos-emos por fazer sentir que essa exploração seria necessária, e esboçar um método. Evidentemente, não tivemos nem o tempo nem os meios para nos entregarmos a medidas e experimentações que nos parecem, no entanto, desejáveis e que talvez venham a ser tentadas por investigadores melhor qualificados. Mas a índole do nosso trabalho não era medir e experimentar.
Era, como em todo este nosso trabalho, recolher fatos e relações entre os fatos, que a ciência oficial por vezes despreza ou aos quais recusa o direito de existência. Esta maneira de trabalhar pode parecer insólita e prestar-se a suspeitas. No entanto esteve na origem de grandes descobertas. Darwin, por exemplo, não agiu de forma diferente, colecionando e comparando informações desprezadas. A teoria da evolução nasceu dessa coletânea aparentemente absurda. Da mesma forma, e salvas as devidas proporções, nós vimos surgir no decurso do nosso trabalho uma teoria do homem interior verdadeiro, da inteligência total e da consciência desperta.
Este trabalho está incompleto: teríamos precisado de mais dez anos. Além disso, apenas apresentamos um resumo, ou antes uma imagem, a fim de não aborrecermos, pois é com a frescura de espírito do leitor que contamos, visto termos tentado sempre manter o nosso nesse estado.
Inteligência total, consciência desperta, estamos convencidos que o homem se dirige para as conquistas essenciais, no seio desse mundo em pleno renascimento e que parece antes de mais exigir-lhe que renuncie à liberdade. Mas liberdade para fazer o quê? perguntava Lenine. A liberdade de ser apenas aquilo que é é-lhe de fato retirada apouco e pouco. É a liberdade de se tornar diferente, de passar a um estado superior de inteligência e de consciência, que em breve lhe será concedida. Essa liberdade não é de essência psicológica, mas mística, pelo menos se nos referimos aos esquemas antigos, à linguagem de ontem. Em certo sentido, supomos que o essencial da civilização é que a caminhada dita mística se expande; sobre esta terra fumegante de fábricas e vibrante de foguetões, pela humanidade inteira. Verificar-se-á que esta caminhada é prática, que é, em certa medida, o segundo sopro de que os homens precisam para obedecer ao aceleramento do destino da Terra.
Deus criou-nos o menos possível. A liberdade, esse poder de ser causa, essa faculdade do mérito, quer que o homem se refaça a si próprio.
O FANTÁSTICO INTERIOR
Pioneiros: Balzac Hugo, Flammarion. -Jules Romains e a mais vasta interrogação. - O fim do positivismo. O que é a parapsicologia? - Fatos extraordinários e experiências autênticas. -O exemplo do Titanic. - Vidência. - Premonição e sonho. - Parapsicologia e psicanálise. O nosso trabalho exclui o recurso ao ocultismo e às falsas ciências. -Em busca da maquinaria das profundezas.
O crítico literário e filósofo Albert Béguin afirmava que Balzac era mais um visionário do que um observador. Essa tese parece-me exata. Num conto admirável, Le Rèquisitionnaire, Balzac imagina o aparecimento da parapsicologia, que se produzirá na segunda metade do século XX e tentara estabelecer como ciência exata o estudo dos poderes psíquicos do homem:
Precisamente à hora a que Madame de Dey morria em Carentan, fuzilavam seu filho no Morbihan. Podemos juntar este acontecimento trágico a todas as observações sobre as simpatias que desconhecem as leis do espaço; documentos que reúnem com sábia curiosidade alguns homens solitários, e que servirão um dia para estabelecer as bases de uma ciência nova à qual faltou até agora um homem de gênio.
Em 1891, Camille Flammarion declarava ': O nosso fim de século assemelha-se ao do século anterior. O espírito sente-se fatigado das afirmações da filosofia que se qualifica de positiva. Julgamos adivinhar que ela se engana... Conhece-te a ti próprio! dizia Sócrates. Há milhares de anos aprendemos uma imensidade de coisas, exceto a que mais nos interessa. Parece que a atual tendência do espírito humano é finalmente a de obedecer a máxima socrática.
À casa de Flammarion, no observatório de Juvisy, ia Conan Doyle uma vez por mês, vindo de Londres, estudar com o astrônomo fenômenos de vidência, de aparições, de materializações, aliás duvidosos. Flammarion acreditava em fantasmas e Conan Doyle colecionava fotografias de fadas. A nova ciência pressentida por Balzac ainda não nascera, mas sentia-se-lhe a necessidade.
Vitor Hugo dissera magnificamente no seu comovente estudo sobre William Shakespeare: Todo o homem tem nele o seu Patmos. É livre de ir ou não ir a esse pavoroso promontório do pensamento desde o qual se vislumbram as trevas. Se lá não vai, mantém-se na vida vulgar, na consciência vulgar, na virtude vulgar, na fé vulgar, na dúvida vulgar, e está certo. Para o repouso interior é evidentemente melhor. Se se dirigir a esse cume, está apanhado. As profundas vagas do prodígio mostraram-se-lhe. Ninguém vê impunemente esse oceano... Ele obstina-se nesse abismo atraente, nessa sondagem do inexplorado, nesse desinteresse pela Terra e pela vida, nessa entrada no que é proibido, nesse esforço de tatear o impalpável, nesse olhar sobre o invisível, ali volta, ali regressa, ali se agarra, ali se debruça, ali dá um passo, depois dois, e é assim que penetra no impenetrável, e é assim que avançamos no alargamento sem limites da condição infinita.
Quanto a mim, foi em 1939 que tive a visão exata de uma ciência que, por trazer testemunhos irrecusáveis sobre o homem interior, em breve obrigaria o espírito a uma nova reflexão a respeito da natureza do conhecimento e, ao avançar, levaria a modificar os métodos de toda a pesquisa científica, em todos os domínios. Tinha eu dezenove anos quando a guerra se apossou de mim na altura em que decidira consagrar a vida à criação de uma psicologia e de uma fisiologia dos estados místicos. Nesse momento li na Nouvelle Revue Française um ensaio de Jules Romains: Resposta à mais vasta interrogação, que inesperadamente veio reforçar a minha posição. Também esse ensaio era profético. De fato, depois da guerra nasceu uma ciência do psiquismo, a parapsicologia, que está atualmente em pleno desenvolvimento, ao passo que no interior das ciências oficiais, como as matemáticas ou a física, o espírito, de certa maneira, mudava de plano.
Suponho, escrevia Jules Romains, que a principal dificuldade para o espírito humano, não é tanto atingir conclusões verdadeiras numa certa ordem ou em determinadas direções, mas descobrir o meio de harmonizar as conclusões às quais chega ao trabalhar com diversas ordens de realidade, ou ao embrenhar-se por diversas direções que variam segundo as épocas. Por exemplo, é-lhe muito difícil harmonizar as idéias em si mesmas muito exatas, às quais foi levado pela ciência moderna trabalhando sobre os fenômenos físicos, com as idéias, talvez muito válidas também, que encontrara nas épocas em que se ocupava principalmente das realidades espirituais ou psíquicas, e às quais ainda hoje recorrem aqueles que, à parte os métodos físicos, se consagram a investigações de ordem espiritual ou psíquica.
Não penso de forma alguma que a ciência moderna, que é muitas vezes acusada de materialismo, esteja ameaçada por uma revolução que arruinaria os resultados a respeito dos quais tem certezas (só podem estar ameaçadas as hipóteses demasiado gerais ou prematuras de que não está certa) . Mas um dia pode encontrar-se perante resultados tão coerentes, tão decisivos, atingidos pelos métodos chamados psíquicos, que lhe será impossível considerá-los, como agora o faz, nulos e não existentes.
Muitas pessoas supõem que nessa altura as coisas se arranjarão facilmente, a ciência considerada positiva não devendo então senão conservar calmamente o seu atual domínio, e deixar desenvolver-se fora das suas fronteiras conhecimentos diferentes, que atualmente considera puras superstições, ou que afasta para o inconhecível, abandonando-as desdenhosamente à metafísica. Mas as coisas não se passarão tão comodamente. Muitos dos resultados mais importantes da experimentação psíquica, no dia em que forem confirmados - se o vierem a ser - e oficialmente considerados como verdades, virão atacar a ciência positiva no interior das suas fronteiras; e será necessário que o espírito humano, que até aqui, por medo das responsabilidades, simula não dar pelo conflito, se decida a fazer uma arbitragem. Seria uma crise muito grave, tão grave como a que foi provocada pela aplicação das descobertas físicas na técnica industrial. A própria vida da humanidade seria alterada. Julgo essa crise possível, provável e mesmo bastante próxima.
Numa manhã de Inverno, acompanhei um amigo à clínica onde devia ser operado de urgência. O dia ainda não rompera completamente e caminhávamos sob a chuva, procurando angustiosamente um táxi. A febre invadia o meu amigo cambaleante que, de súbito, me apontou com o dedo, sobre o passeio, uma carta de jogar coberta de lama.
Se for um Joker, disse, é porque tudo correrá bem. Apanhei a carta e virei-a. Era um Joker. A parapsicologia tenta sistematizar o estudo dos fatos dessa natureza por acumulação experimental. Será o homem normal dotado de um poder que ele quase nunca utiliza, simplesmente porque, segundo parece, foi persuadido de que não o possui.
Uma experimentação realmente científica parece na verdade eliminar a noção de acaso. Tive ocasião de participar, em companhia, inclusivamente, de Aldous Huxley, no Congresso Internacional de Parapsicologia de 1955, e, depois, de seguir os trabalhos interessados nessa investigação. Não seria possível duvidar da seriedade desses trabalhos. Se a ciência não acolhesse os poetas com certa reticência, aliás legítima, a parapsicologia poderia encontrar uma excelente definição em Apollinaire:
Todo o mundo é profeta, meu caro André Billy, mas há tanto tempo que dizem às pessoas Que não têm futuro e ficarão para sempre ignorantes E idiotas de nascença Que nos resignamos e que ninguém tem sequer a idéia De perguntar a si próprio se conhece ou não o futuro. Não há, em tudo isto, espírito religioso Nem nas superstições nem nas profecias Nem em tudo a que se chama ocultismo Existe principalmente uma forma de observar a natureza E de interpretar a natureza Que é muito legítima.
A experimentação parapsicológica parece provar que existem, entre o Universo e o homem, outras relações além das estabelecidas pelos sentidos habituais. Todo o ser humano normal poderia ver objetos à distância ou através das paredes, influenciar o movimento dos objetos sem lhes tocar, projetar os seus pensamentos e os seus sentimentos no sistema nervoso de outro ser humano, e finalmente ter por vezes a percepção de futuros acontecimentos.
Sir H. R. Haggard, escritor inglês, falecido em 1925, apresentou, no seu romance Maiwas Revenge, uma descrição pormenorizada da evasão de Allan Quatermain, o seu herói. Este é capturado pelos selvagens ao transpor um rochedo. Os seus perseguidores agarram-no por um pé: ele liberta-se disparando sobre eles um tiro de pistola, paralelamente à sua perna direita. Alguns anos após a publicação do romance, um explorador inglês apresenta-se em casa de Haggard. Vinha propositadamente de Londres perguntar ao escritor como é que este soubera da sua aventura com todos os pormenores, pois não falara a ninguém no caso e pretendia manter esse assassínio secreto.
Na biblioteca do escritor austríaco Karl Hans Strobi, falecido em 1946, o seu amigo Willy Schrodter fez a seguinte descoberta: Abri as suas obras, colocadas numa prateleira. Havia inúmeros artigos de imprensa entre as páginas. Não eram críticas, como a princípio supus, mas notícias vulgares. Verifiquei impressionado que relatavam acontecimentos descritos muito tempo antes por Strobi.
Em 1898, um ator de ficção científica americano, Morgan Robertson, descrevia o naufrágio de um navio gigantesco. Esse navio imaginário deslocava 70000 toneladas, media 800 pés e transportava 3000 passageiros. O motor era equipado com três hélices. Numa noite de Abril, quando da sua primeira viagem, descobria, no nevoeiro, um iceberg que se afundava. O seu nome era O Titã.
O Titanic que mais tarde em 1912 viria a desaparecer nas mesmas circunstâncias, deslocava 66 000 toneladas, media 828,5 pés, transportava 3000 passageiros e possuía três hélices. A catástrofe deu-se numa noite de Abril.
Isto são fatos. Eis agora experiências feitas por parapsicólogos: Em Durham, U.S.A., o experimentador tem na mão um jogo de cinco cartas especiais. Baralha as cartas e tira¬as uma após as outras. Uma máquina de filmar registra. No mesmo instante, em Zagreb, na Iugoslávia, outro experimentador tenta adivinhar qual a ordem em que as cartas são tiradas. Isto é repetido milhares de vezes. A proporção de respostas certas é mais importante do que o acaso permite.
Em Londres, numa sala fechada, o matemático J. S. Soal tira cartas de um baralho semelhante. Atrás de uma divisão opaca, o estudante Basil Shakelton procura adivinhar. Se compararmos, verificaremos que o estudante adivinhou, neste caso numa proporção igualmente superior ao acaso, de cada vez a carta que ia sair na manipulação seguinte.
Em Estocolmo, um engenheiro constrói uma máquina que, automaticamente, lança dados ao ar e filma-lhes a queda. Os espectadores, membros da Universidade, tentam mentalmente favorecer a queda de um determinado número, desejando intensamente essa queda. Conseguem-no numa proporção que o acaso não seria suficiente para justificar.
Estudando os fenômenos de premonição em estado de sono, o inglês Dunne demonstrou científicamente que certos sonhos são capazes de revelar um futuro, mesmo longínquo, e dois investigadores alemães, Moufang e Stevens, num trabalho intitulado Le Mystère des Rêvesz, citaram numerosos casos precisos, verificados, nos quais os sonhos tinham revelado acontecimentos futuros ou conduzido a importantes descobertas científicas.
O célebre atomista Niels Bohr, quando estudante, teve um sonho estranho. Viu-se sobre um sol de gás escaldante. Vários planetas passavam assobiando. Estavam ligados a esse sol por delgados filamentos e giravam em redor. De súbito, o gás solidificou-se, o sol e os planetas desfizeram-se. Niels Bohr acordou nessa altura e teve consciência de que acabava de descobrir o modelo do átomo, tão procurado. O sol era o centro fixo em volta do qual giravam os elétrons. Toda a física atômica moderna e suas aplicações saíram desse sonho.
O químico Auguste Kékulé conta: Uma noite de Verão adormeci na plataforma do autocarro em que regressava a casa. Vi nitidamente a maneira como, por todos os lados, os átomos se uniam aos pares que eram arrastados por grupos mais importantes, eles próprios atraídos por outros ainda mais potentes; e todos esses corpúsculos rodopiavam numa roda desenfreada.
J. W. Dunne sonhou, em 1901, que a cidade de Lowestoft, nas encostas do canal da Mancha, era bombardeado por uma esquadra estrangeira. Esse bombardeamento deu¬se em 1914, com todos os pormenores registrados em 1901 por Dunne.
Esse mesmo Dunne viu em sonhos os cabeçalhos dos jornais anunciando a erupção do Monte Yelé, na Martinica, alguns meses antes do acontecimento (1902).
Imagem: J.W. DUNNE. Se dice que, a veces, la poesía no se encuentra en la poesía, ...
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Mulher é decapitada por causa de acusação de bruxaria na Arábia Saudita


O que você vai ler surpreendentemente não é uma história da Idade Média, mas aconteceu no início desta semana. Uma mulher, chamada Amina bint Abdulhalim Nassar, foi acusada de fazer bruxaria e feitiçaria pelo Ministério do Interior saudita. E ela não teve perdão: foi condenada à morte e decapitada.
Amina, que afirmou ser curandeira e mística, foi presa depois que autoridades encontraram uma variedade de itens ocultos em sua posse, incluindo ervas, garrafas de vidro, um livro sobre bruxaria e um líquido desconhecido, supostamente usado para feitiçaria. De acordo com um porta-voz da polícia, a saudita também prometia falsas curas e milagres, cobrando quase 1,5 mil reais pelos serviços.
Muitos muçulmanos xiitas e cristãos fundamentalistas consideram a leitura das mãos uma prática de bruxaria e, portanto, ruim. Fazer previsões ou usar magias (ou fingir e afirmar que faz isso) é visto como a invocação de forças diabólicas.
Adivinhação, profecia e bruxaria são práticas condenadas pelos poderosos líderes religiosos da Arábia Saudita. Lá, a política e a religião estão tão estreitamente alinhadas que é quase impossível separar as duas coisas.
No ano passado, um libanês chamado Ali Sabat também foi acusado de bruxaria após por ter feito aconselhamentos psíquicos e previsões em um programa de televisão. Sabat foi preso na Arábia Saudita pela polícia religiosa e foi condenado à morte em abril de 2010, embora ainda não se saiba se a sentença foi executada.
Acusações de feitiçaria e bruxaria não são desconhecidas em todo o mundo, especialmente em campanhas políticas em que elas são usadas como uma tática difamatória. Colaboradores mais próximos do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, foram acusados no ano passado de usar feitiçaria.
Durante séculos, as acusações de (e leis contra) feitiçaria têm sido usadas como uma ferramenta de quem está no poder. O caso da saudita Amina é um lembrete de que a crença na magia ainda é levada muito a sério em muitas partes do mundo – e pode ter graves consequências. [LiveScience]
http://hypescience.com/mulher-e-decapitada-por-causa-de-acusacao-de-bruxaria-na-arabia-saudita/
Hypescience


domingo, 18 de dezembro de 2011

7 inventores que foram mortos por suas criações


A profissão de inventor nem sempre é elencada como uma das mais arriscadas do mundo, mas muitos cientistas já criaram coisas realmente perigosas. Algumas experiências, no entanto, foram longe demais: acabaram resultando na morte do inventor. Confira uma lista de sete cientistas que tiveram este inglório fim:
7 – O HOMEM VESTIDO DE PARAQUEDAS
As primeiras décadas de aviação, em que vários procedimentos ainda eram novos, custaram a vida de alguns aventureiros. Pensando nisso, o austríaco Franz Reichelt resolveu confeccionar uma roupa que servisse como paraquedas. Alfaiate de profissão, ele esperava que sua roupa pudesse abrir no ar em um curto período de tempo, digamos, uma queda de 60 metros da Torre Eiffel.
E foi essa façanha que ele tentou concretizar no dia 4 de fevereiro de 1912, aos 33 anos, quando chamou a cidade de Paris para testemunhar o sucesso de sua invenção. Em um primeiro momento, o alfaiate ponderou fazer o teste com um boneco, mas acabou decidindo saltar ele mesmo. Antes da façanha, que ficaria registrada em vídeo, ele hesitou, mas tomou coragem e se lançou ao ar. Pulou da torre, o paraquedas não abriu, e ele perdeu sua jovem vida.
6 – CRIADOR DO FOGUETE DE COMBUSTÍVEL LÍQUIDO
Um dos pioneiros da construção de foguetes, décadas antes da era espacial, foi o austríaco Max Valier. Os anos 1920 assistiram um “boom” na pesquisa e construção de foguetes de combustível líquido, novidade até então. Na Alemanha, em 1930, Valier teve a glória de fazer com sucesso o “test drive” de um foguete desse tipo.
Um mês depois, no entanto, veio a tragédia. Valier trabalhava em seu laboratório, em Berlim, quando um dos motores a combustível líquido que ele desenvolveu explodiu de repente. Um pedaço de metal voou direto em sua artéria pulmonar e ele morreu instantaneamente.
5 – O PAI DOS PLANADORES E DA ASA DELTA
O primeiro homem a ser fotografado no ar, através de um planador, foi o alemão Otto Lillenthal. Apelidado de “rei dos planadores”, este inventor da segunda metade do século XIX fez mais de dois mil voos bem sucedidos com os planadores que desenvolveu, e lançou as bases para a construção de aviões e da asa delta, décadas mais tarde.
Sua carreira terminaria de forma abrupta em 9 de agosto de 1896, quando os irmãos Wright (coinventores do avião junto a Santos Dumont) já estudavam seus projetos. Em um rotineiro voo de planador, Lillenthal acabou caindo de uma altura superior a 18 metros, quebrou a coluna e morreru no hospital, no dia seguinte. Antes de falecer, deixou um recado àqueles que pretendiam seguir seus passos: “sacrifícios precisam ser feitos”.
4 – OS TESTES COM A BOMBA ATÔMICA
Dois cientistas norte-americanos, condutores de testes com radioatividade em laboratório, perderam a vida logo após os bombardeios atômicos no Japão. O primeiro foi Harry Daghlian, um estadunidense que trabalhava em um laboratório em Los Alamos, no Novo México.
No dia 21 de agosto de 1945, menos de duas semanas depois dos ataques ao Japão, ele derrubou um bloco de tungstênio, acidentalmente, dentro do núcleo de uma bomba de plutônio, amplificando o risco de contaminação do conjunto. Em desespero, ele tentou tirar o bloco de tungstênio de dentro do núcleo, mas não conseguiu. Teve que quebrar o bloco de tungstênio em pedaços, para diminuir a nocividade, mas o mal já estava feito: ele morreria envenenado pela radiação apenas 25 dias depois.
No ano seguinte, uma tragédia semelhante aconteceu com um pesquisador canadense. No dia 21 de maio, o cientista Louis Slotin trabalhava no mesmo laboratório, e no exato mesmo núcleo de plutônio que havia vitimado Daghlian. Slotin deixou cair uma chave de fenda, por acidente, e desencadeou uma fissão nuclear que custaria sua vida. O tempo que o canadense levou para falecer foi ainda menor: apenas nove dias.
3 – O PIONEIRO DOS VOOS DE BALÃO
O dia 21 de novembro de 1783 reservou uma glória para o francês Jean-François Pilâtre de Rozier. Ao lado do companheiro, Marquis d’Arlandes, ele realizou o primeiro voo bem sucedido de balão, totalmente livre de cordas ou instrumentos de apoio. Em 15 de junho de 1785, ele se preparava para uma façanha inédita no balonismo: cruzar o Canal da Mancha, que separa a França da Inglaterra, a bordo da máquina que ele mesmo construiu.
O balão usado na ocasião funcionava através de hidrogênio, ao contrário do primeiro modelo. A viagem, feita com outro companheiro, estava correndo muito bem, até o momento em que uma forte corrente de vento acabou fazendo o balão desinflar. Os dois caíram de uma altura superior a 500 metros e perderam a vida na tentativa. A noiva de Rozier, deprimida, cometeu suicídio oito dias depois.
2 – SUBMARINO DE PROPULSÃO MANUAL
O mar também seria túmulo para um dos inventores mais destemidos do século XIX. O americano Horace Hunley, a quem se atribui a criação do primeiro submarino de propulsão manual da história, morreu por não conseguir solucionar um problema básico de seu veículo: voltar à tona.
Em um submarino de propulsão manual, é preciso que uma tripulação inteira fique dentro de uma cabine cheia de alavancas, fazendo movimentos contínuos. Na primeira tentativa de emplacar seu invento, Hunley e sua tripulação foram surpreendidos por uma descarga de água que passou sobre o submarino quando a escotilha estava aberta, e cinco pessoas morreram.
Mas o americano não desistiu. Em 15 de outubro de 1863, novamente ele se lançou ao mar, com uma equipe de oito pessoas. O submarino afundou, não conseguiu emergir novamente, e todos acabaram morrendo. Como homenagem a Hunley, o submarino foi resgatado e batizado em seu nome.
1 – O AVIÃO QUE TENTOU CRUZAR AS MONTANHAS
Nos primórdios da aviação, um inventor se deu mal por querer ser o pioneiro em uma façanha. Depois de construir e voar com sucesso em dois modelos de avião, o romeno Aurel Vlaciu queria se tornar o primeiro homem a voar sobre os Cárpatos, cordilheira localizada na Europa Central.
Em setembro de 1913, ele planejava a construção de um terceiro avião, mais seguro, para realizar a façanha. Mas chegaram ao seu ouvido os boatos de que outros dois inventores da Romênia estavam se preparando para tentar sobrevoar a cordilheira. Resolveu usar o segundo modelo, mais velho, e pagou o preço pela ousadia: o avião caiu e ele jamais alcançou seu intento. [EnvironmentalGraffiti]
http://hypescience.com/7-inventores-que-foram-mortos-por-suas-criacoes/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+feedburner%2Fxgpv+%28HypeScience%29
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Chuva de granizo deixa milhares de desalojados no RS



Pedras tinham tamanho de laranjas. Cidades foram cobertas por camadas de gelo
As chuvas de granizo que atingiram vários municípios do Rio Grande do Sul na madrugada desta quinta-feira (15) deixaram milhares de pessoas desalojadas. Nas cidades de São Jerônimo e de Fazenda Vilanova, 12.935 pessoas foram afetadas. Cerca de 8 mil estão desalojadas e dez, desabrigadas. Além disso, 2.704 construções foram danificadas.
Defesa Civil de São Jerônimo estima que entre 1,5 mil e 2 mil pessoas tenham sido afetadas. Pedras de gelo tinham tamanho de laranjas
Equipe da Defesa Civil do Estado esteve em São Jerônimo na noite desta quarta-feira e já disponibilizou sete rolos de lona para a cobertura das residências atingidas. Outros quatro rolos serão levados ainda na manhã de hoje.
Segundo a Defesa Civil, os estragos ainda serão avaliados. Ninguém ficou ferido no município e os moradores das casas mais atingidas deverão ser abrigados no ginásio municipal. A chuva de granizo caiu sobre vários bairros da cidade, sendo que a Vila Isabel teria sofrido os maiores danos.
De acordo com a prefeitura de Caxias, cidade gaúcha com mais de 400 mil habitantes, a chuva de granizo também trouxe prejuízos à população local. Neste momento estão sendo computados os estragos, principalmente na zona rural.
No Estado que é um dos grandes produtores de alimentos dos país, o granizo, além de causar danos na área urbana, deixando muitos desalojados, causa preocupação em relação à safra. De acordo com a Defesa Civil, o granizo pode ter destruído a cobertura de alguns armazéns de alimentos particulares, dentro de fazendas.
Chuva de granizo em Caxias do Sul. Cidade ficou com aspecto de regiões afetadas por nevascas
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rs/queda-de-granizo-danifica-cerca-de-mil-casas-no-rio-grande-do-su/n1597411650582.html

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Despertar dos Mágicos (65). O Superior não estará já em formação? Não estará já entre nós?


Pois é verdade, todos os meus amigos eram burgueses atrasados num mundo onde os homens, solicitados por imensos projetos à escala do cosmos, principiam a sentir-se obreiros da Terra. Fiquemos sobre a Terra!, diziam eles. Reagiam como os operários das fábricas de seda de Lião quando se descobriu a tecelagem: receavam perder o emprego. Na era que iniciamos, os meus amigos escritores sentem que as perspectivas sociais, morais, políticas e filosóficas da literatura humanista, ou do romance psicológico, em breve aparecerão como insignificantes.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

O grande efeito da literatura dita moderna é impedir-nos de ser realmente modernos. Bem se podem convencer de que escrevem para toda a gente. Sentem que está próximo o tempo em que o espírito das massas será atraído por grandes mitos, pelo projeto de formidáveis aventuras, e em que, continuando a escrever as suas pequenas histórias humanas, desiludirão as pessoas com acontecimentos falsos em vez de lhes contarem fantasias verdadeiras.
Nessa noite de 16 de Setembro de 1959, quando desci ao jardim e contemplei, com os meus olhos de homem maduro fatigados e ávidos, a Lua no céu profundo, portadora doravante do rasto humano, a minha emoção duplicou, pois pensava em outrora, todas as noites, no seu miserável jardinzinho dos arredores. E, como ele, achei-me a formular a mais vasta das perguntas: Homens deste mundo, seremos nós os únicos seres vivos? Meu pai fazia esta pergunta porque possuía uma grande alma, e também porque lera obras de um espiritualismo duvidoso, efabulações primárias. Eu formulava-a, lendo a Pravada e estrelas, de rosto erguido, uni-me a ele na mesma curiosidade que acompanha uma infinita dilatação do espírito.
Evoquei há pouco o aparecimento do mito dos discos voadores. É um fato social significativo. É evidente, porém, que não se pode dar crédito a essas astronaves de onde desembarcam homenzinhos que vão discutir com guarda-barreiras ou comerciantes de sandes. Marcianos, Saturninos ou Jupterianos são improváveis. Mas, resumindo o total dos conhecimentos reais sobre a questão o nosso amigo Charles-Nóel Martin escreve: A multiplicidade dos planetas habitáveis nas galáxias, e na nossa em particular, conduz a uma quase certeza de haver formas de vida excessivamente numerosas. Sobre todo o planeta de qualquer outro sol, mesmo as centenas de anos¬luz da Terra, se a massa e a atmosfera são idênticas, devem existir seres à nossa semelhança. Ora o cálculo demonstra que podem existir, apenas na nossa galáxia, dez a quinze milhões de planetas mais ou menos comparáveis à Terra. Harlow Shapley, no seu trabalho Homens e Estrelas, conta no Universo conhecido cem milhões de irmãs prováveis da nossa Terra. Tudo nos leva a crer que outros mundos são habitados, que outros seres povoam o Universo. No fim do ano de 1959 foram instalados laboratórios na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Sob a direção dos professores, Coccioni e Morrisson, pioneiros das grandes comunicações, ali se procuram os sinais que possivelmente nos dirigem outros seres vivos nos cosmos.
Mais do que a chegada de foguetões sobre os astros próximos, o contacto dos homens com outras inteligências, e talvez com outros psiquismos, poderia ser o acontecimento mais perturbante de toda a nossa história.
Se existem outras inteligências, algures, saberão elas da existência? Captarão e seguirão o eco longínquo das ondas de rádio e televisão que nós emitimos? Verão elas, com o auxílio de aparelhos, as perturbações produzidas sobre o nosso Sol pelos planetas gigantes Júpiter e Saturno? Enviarão elas engenhos em direção à nossa galáxia? O nosso sistema solar pôde ser atravessado inúmeras vezes por foguetões observadores sem que tivéssemos tido a menor percepção do fato. Já nem sequer conseguimos, na hora a que escrevo, detectar o nosso Lunik III, cujo aparelho emissor está avariado. Ignoramos aquilo que se passa nos nossos próprios domínios.
Teremos já sido visitados por seres habitantes do Algures? É muito provável que alguns planetas tenham recebido visitas. Porquê particularmente a Terra? Há bilhões de astros espalhados pelo campo dos anos-luz. Seremos nós os mais próximos? Todavia, é lícito imaginar que grandes estranhos podem ter vindo contemplar o nosso globo, talvez pousar nele, habitá-lo durante um tempo. A vida está presente sobre a Terra pelo menos há um bilhão de anos. O homem apareceu há mais de um milhão de anos, e as nossas recordações datam apenas de há quatro mil anos. Que sabemos nós? Talvez os monstros pré-históricos tenham erguido o seu longo pescoço à passagem de astronaves mas perdeu-se o rasto de tão fabuloso acontecimento...
O doutor Ralph Stair, do N.B.S. americano, ao analisar estranhas rochas hialianas na região do Líbano, as tectites, admite que estas poderiam ser provenientes de um planeta desaparecido, situado outrora entre Marte e Júpiter. Na composição das tectites descobriram-se isótopos radioativos de alumínio e berílio. Vários sábios dignos de crédito supõem que o satélite de Marte, Phobos, seria oco. Tratar-se-ia de um asteróide artificial colocado em órbita por Marte, por inteligências exteriores à Terra. Tal era a conclusão de um artigo da honesta revista Discovery, de Novembro de 1959. Tal é também a hipótese do professor soviético Chtlovski, especialista de radioastronomia.
Num retumbante estudo da Gazeta Literária, de Moscou, de Fevereiro de 1960, o professor Agrest, professor de ciências físico-matemáticas, declarava que as tectites, que só se poderiam ter formado em condições de temperatura muito elevada e de radiações nucleares potentes, talvez sejam vestígios da aterragem de projéteis-sondas vindos do cosmos. Há um milhão de anos teriam vindo visitantes. Para o professor Agrest (que não hesita, nesse estudo, em propor tão fabulosas hipóteses, mostrando desta forma que a ciência, no quadro de uma filosofia, podia e devia abrir-se tão amplamente quanto possível à imaginação criadora, às suposições audaciosas), a destruição de Sodoma e Gomorra teria resultado de uma explosão termonuclear provocada por viajantes do espaço, quer voluntariamente, quer devido a uma destruição necessária dos seus depósitos de energia antes da sua partida para o Cosmos.
Lê-se a seguinte descrição nos manuscritos do Mar Morto: Uma coluna de fumo e de poeira se elevou, semelhante a uma coluna de fumo que tivesse vindo do coração da Terra. Derramou uma chuva de enxofre e de fogo sobre Sodoma e Gomorra e destruiu a cidade, a planície inteira, todos os habitantes e a vegetação. E a mulher de Loth voltou-se e ficou transformada em estátua de sal. E Loth viveu em Isoar, depois instalou-se nas montanhas, porque tinha medo de continuar em Isoar.
As pessoas foram prevenidas para que abandonassem os locais da futura explosão, que não se demorassem nos sítios descobertos, que não contemplassem a explosão e se escondessem debaixo da terra... Os fugitivos que se voltaram ficaram cegos e morreram.
Nessa mesma região do anti-Líbano, um dos mais misteriosos monumentos é o terraço de Baalbeck. Trata-se de uma plataforma com blocos de pedra dos quais alguns medem mais de vinte metros de lado e pesam duas mil toneladas. Nunca foi possível explicar porquê, como, ou por quem essa plataforma foi construída. Para o professor Agrest não é improvável que nos achemos em presença dos vestígios de uma área de aterragem erigida pelos astronautas vindas dos Cosmos.
Finalmente, alguns relatórios da Academia das Ciências de Moscou a respeito da explosão de 30 de Junho de 1908, na Sibéria, sugerem a hipótese da desintegração de um navio interestelar em perigo.
Nesse dia 30 de Junho de 1908, às sete horas da manhã, um pilar de fogo surgiu por cima da taiga siberiana, elevando-se a 80 quilômetros de altitude. A floresta foi volatilizada num raio de 40 quilômetros, devido ao contacto de uma bola de fogo gigantesca com a terra. Durante várias semanas, por sobre a Rússia, a EuropaOcidental e a África do Norte flutuaram estranhas nuvens douradas que, durante a noite, refletiam a luz solar. Em Londres fotografam-se as pessoas a ler o seu jornal na rua à uma hora da madrugada. Ainda hoje, a vegetação não voltou a aparecer nessa região siberiana. As medidas tomadas em 1960 por uma comissão científica russa revelam que ali a taxa de radioatividade ultrapassa três vezes a taxa normal.
Se fomos visitados, ter-se-ão passeado entre nós os fabulosos exploradores? O bom senso reage: ter-nos-íamos apercebido. Nada é menos certo. A primeira regra de etnologia é não perturbar os animais que se observam. Zimanski, sábio alemão de Tubingen, aluno do genial Conrad Lorenz, estudou durante três anos os caracóis assimilando-lhes a linguagem e o comportamento psíquico de forma que os caracóis o tomavam realmente por um dos seus. Os nossos visitantes puderam agir da mesma maneira com os humanos. Esta idéia é revoltante: no entanto tem fundamento.
Terão vindo à Terra exploradores bem intencionados, antes da história humana conhecida? Uma lenda indiana fala dos Senhores de Dzyan, vindos do exterior para trazerem aos habitantes terrenos o fogo e o arco. Terá a própria vida nascido sobre a Terra ou teria sido depositada pelos Viajantes do Espaço? (A maior parte dos astrônomos e dos teólogos crêem que a vida da Terra principiou sobre a Terra. Mas o astrônomo de Cornell, Thomas Gold, pensa de forma diferente. Num relatório recebido em Los Angeles, no congresso dos sábios do espaço que se realizou em Janeiro de 1960, Gold sugeriu que a vida podia ter existido em qualquer outro sítio no Universo durante inúmeros bilhões de anos antes de criar raízes sobre a Terra. De que forma a vida atingiu a Terra e iniciou a sua longa ascensão em direção ao humano? Talvez tenha sido trazida pelos navios do espaço).
Teremos nós vindo de algures, interroga-se o biologista Loren Eiselev, teremos nós vindo de algures e estaremos a preparar-nos para regressar a casa com o auxílio dos nossos instrumentos? . . .
Uma palavra ainda a respeito do céu: a dinâmica estelar mostra que uma estrela não pode capturar outra. As estrelas duplas ou triplas, cuja existência se observa, deveriam portanto ter a mesma idade. Ora, a espectroscopia revela componentes de diversas idades em sistemas duplos ou triplos. Uma anã branca, velha de dez bilhões de anos,acompanha, por exemplo, uma gigante vermelha de três bilhões. É impossível, e no entanto é assim. Interrogamos a este respeito, Bergier e eu, uma quantidade de astrônomos e de físicos. Alguns, e não dos menores, não excluem a hipótese segundo a qual esses agrupamentos de estrelas anormais teriam sido formados por Vontades, por Inteligências. Vontades, Inteligências, que deslocariam estrelas e as reuniam artificialmente, fazendo assim saber ao Universo que a vida existe em tal região do céu para maior glória do espírito.
A vida existe sobre a Terra há cerca de um bilhão de anos. Gold fá-lo notar. Ela começou com formas de tamanho microscópico. Após um bilhão de anos, segundo a hipótese de Gold, o planeta semeado pode ter desenvolvido criaturas suficientemente inteligentes para viajarem mais além do espaço, visitando planetas férteis, mas virgens, semeando-os por sua vez com micróbios adaptáveis. De fato, essa contaminação é provavelmente o princípio normal da vida sobre qualquer planeta, incluindo a Terra. Viajantes do espaço -diz Gold - podem ter visitado a Terra há um bilhão de anos e, abandonadas as suas formas residuárias de vida, estas proliferaram de tal forma que os micróbios em breve terão outro agente (os humanos viajantes do espaço) capaz de os espalhar mais além sobre o campo de batalhas.
Que acontece nas outras galáxias que flutuam no espaço muito além dos limites da Via Láctea? O astrônomo Gold é um dos partidários da teoria do Universo em estado fixo. Quando começou então a vida? A teoria do Universo em estado fixo põe a hipótese de que o espaço não tem limites e que o tempo não tem princípio nem fim. Se a vida se propaga das antigas às novas galáxias, a sua história pode ser colocada no tempo eterno: é sem princípio nem fim.
Numa espantosa premonição da espiritualidade futura, Blanc de Saint-Bonnet escrevia: A religião ser-nos-á demonstrada através do absurdo. Já não será a doutrina desconhecida que ouviremos, já não será a consciência que não é ouvida que gritará. Os fatos falarão com a sua grande voz. A verdade deixará as altitudes da palavra, entrará no pão que comemos. A luz será fogo!
À idéia desmoralizante de que a inteligência humana talvez não seja a única a viver e agir no Universo veio juntar-se a idéia de que a nossa própria inteligência é capaz de explorar mundos diferentes do nosso, de lhes apreender as leis, de ir, por assim dizer, viajar e trabalhar do outro lado do espelho. Esta abertura fantástica foi realizada pelogênio matemático. É a falta de curiosidade e de conhecimento que nos fez julgar ser a experiência poética, depois de Rimbaud, o fato capital da revolução intelectual do mundo moderno. O fato capital é a explosão do gênio matemático, como aliás muito bem viu Valéry. O homem, daqui em diante, estará perante o seu próprio gênio matemático como perante um habitante do exterior.
As entidades matemáticas modernas vivem, desenvolvem-se, fecundam-se, em mundos inacessíveis, estranhos a toda a experiência humana. Em men Like Gods, H. C. Wells supõe que existem tantos universos como páginas num grande livro. Nós habitamos apenas uma dessas páginas. Mas o gênio matemático percorre a obra inteira: ele constitui a real e ilimitada potência de que dispõe o cérebro humano. Pois, viajando por outros universos, regressa dessas explorações carregado de utensílios eficazes para a transformação do mundo que habitamos. Ele possui a um tempo o ser e o criar. O matemático, por exemplo, estuda as teorias de espaços que exigem duas voltas completas para regressar à posição de partida. Ora é este trabalho, perfeitamente estranho a qualquer atividade na nossa esfera de existência, que permite descobrir as propriedades às quais obedecem as partículas elementares nos espaços microscópicos, e portanto fazer progredir a física nuclear que transforma a nossa civilização.
A intuição matemática, que abre o caminho para outros universos, altera concretamente o nosso. O gênio matemático, tão próximo do gênio da música pura, é ao mesmo tempo aquele cuja eficácia sobre a matéria é maior. É da algures absoluto que nasceu a arma absoluta. Enfim, elevando o pensamento matemático ao seu mais alto grau de abstração, o homem apercebe-se de que esse pensamento talvez não seja sua propriedade exclusiva. Descobre que os insetos, por exemplo, parecem ter consciência de propriedades do espaço, e que talvez exista um pensamento universal, que um canto do espírito superior se eleva talvez da totalidade do que é vivo...
Neste mundo, em que, para o homem, já nada é certo, nem ele próprio, nem o mundo tal como o definiam as leis e os fatos outrora admitidos, nasce a toda a velocidade uma mitologia. A cibernética fez surgir a idéia de que a inteligência humana é ultrapassada pela do cérebro eletrônico, e o homem vulgar sonha com o olho verde da máquina que pensa com a perturbação, o pavor do antigo egípcio ao pensar na Esfinge. O átomo reside no Olimpo, com o raio na mão. Mal tinham iniciado a construção da fábrica atômica francesa de Marcoule e logo as pessoas dos arredores julgaram ver os tomates estragar-se. A bomba perturba o tempo, faz-nos gerar monstros. Uma literatura chamada de ficção científica, mais abundante do que a literatura psicológica, compõe uma Odisséia no nosso século, com Marcianos e Homens Superiores, e aquele Ulisses metafísico que regressa a casa, depois de vencer o espaço e o tempo. À pergunta: Estaremos sós?, vem juntar-se a pergunta: Seremos os últimos? Deter-se-á a evolução no homem?
O Superior não estará já em formação? Não estará já entre nós?
E esse Superior, deveremos imaginá-lo como um indivíduo, ou como um ser coletivo, como a massa humana inteira em vias de fermentar e de coagular, arrastada toda para uma tomada de consciência da sua unidade e da sua ascensão? Na era das massas, o indivíduo morre, mas é a morte salvadora da tradição espiritual: morrer para nascer finalmente. Ele morre em consciência psicológica para nascer em consciência cósmica. Sente exercer-se sobre ele uma pressão formidável: morrer resistindo-lhe ou morrer obedecendo-lhe. Do lado da recusa, da resistência, está a morte total. Do lado da obediência está a morte-trampolim em direção à vida total, pois trata-se da transformação da multidão para a criação de um psiquismo unânime que regerá a consciência do Tempo, do Espaço e o apetite pela Descoberta.
Imagem: Assim, o homem superior não deixa seus pensamentos irem além da situação em ...
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domingo, 11 de dezembro de 2011

O Despertar dos Mágicos (64. O diamante risca o vidro. Mas o borazon, cristal sintético, risca o diamante.



Eles pretendiam modificar a vida e misturá-la com a morte de uma forma diferente. Preparavam a vinda do Supremo desconhecido. Tinham uma concepção mágica do mundo e do homem. A isso sacrificaram toda a juventude do seu país e ofereceram aos deuses um oceano de sangue humano.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

Tinham feito tudo para se porem de acordo com a vontade das Potências. Odiavam a moderna civilização ocidental, quer fosse burguesa ou operária, aqui o seu humanismo insípido e além o seu materialismo limitado. Tinham de vencer, pois eram portadores de uma chama que os seus inimigos, capitalistas ou marxistas, há muito tinham deixado extinguir-se dentro deles, repousando sonolentos sobre uma concepção do destino inexpressiva e limitada. Seriam os mestres durante um milênio, porque estavam do lado dos magos, dos grandes sacerdotes, dos demiurgos...
E ei-los vencidos, espezinhados, julgados, humilhados por pessoas ordinárias que mastigam chewing-gum ou bebem vodka; pessoas sem qualquer espécie de inspiração sagrada, de crenças limitadas e com objetivos sem grandeza. Pessoas do mundo da superfície, positivas, racionais, morais, homens simplesmente humanos. Milhões de homenzinhos de boa vontade punham em posição crítica a vontade dos cavaleiros das trevas resplandecentes. A Leste, esses papalvos mecanizados, a Oeste, esses puritanos de esqueleto mole tinham construído em quantidades superiores tanques, aviões, canhões.
E possuíam a bomba atômica, eles que não sabiam nada a respeito das grandes energias ocultas! E agora, como os caracóis depois da tempestade, saídos da chuva de ferro, juízes de óculos, professores de direito humanitário, de virtude horizontal, doutores em mediocridade barítonos do Exército de Salvação, carregadores da Cruz Vermelha, ingênuos porta-vozes dos amanhãs que cantam ' iam a Nuremberg dar lições de moral primária aos Senhores, aos monges combatentes que tinham assinado um pacto com as Potências, aos Sacrificadores que liam no espelho negro, aos aliados de Schamballah, aos herdeiros do Graal! E enviavam-nos para a forca acusando-os de criminosos e loucos enraivecidos!
O que não podiam compreender os acusados de Nuremberg e os seus chefes que se haviam suicidado, é que a civilização que acabava de triunfar era, também ela e com maior certeza, uma civilização espiritual, um formidável movimento que, de Chicago a Tachkent, arrasta a humanidade para um destino mais alto. Eles tinham posto emdúvida a Razão e substituíram-lhe a magia. É que de fato a Razão cartesiana não engloba o todo do homem, o todo do seu conhecimento. Tinham-na posto a dormir. Ora o sono da razão gera os monstros. O que se passava no partido adversário é que a razão, de forma nenhuma adormecida, mas pelo contrário exaltada ao máximo, alcançava por um caminho mais alto os mistérios do espírito, os segredos da energia, as harmonias universais.
À força de racionalidade exigente, o fantástico aparece e os monstros gerados pelo sono da razão não passam da sua negra caricatura. Mas os juízes de Nuremberg, mas os porta-vozes da civilização vitoriosa não sabiam que aquela guerra fora uma guerra espiritual. Não tinham uma visão suficientemente elevada do seu próprio mundo. Apenas acreditavam que o Bem vencera o Mal, sem ter visto a profundidade do mal vencido e a grandeza do bem triunfante. Os místicos guerreiros alemães e japoneses julgavam-se mais mágicos do que na realidade eram. Os civilizados que os tinham vencido não tomaram consciência do superior sentido mágico que o seu próprio mundo adquiria. Eles falavam da Razão, da Justiça, da Liberdade, do Respeito pela Vida, etc., num plano que já não era o dessa segunda metade do século XX na qual o conhecimento se transformou, onde a passagem para outro estado da consciência humana se tornou perceptível.
É verdade que os nazistas deviam ganhar, se o mundo moderno não passasse do que ainda é aos olhos da maior parte de nós: a herança pura e simples do século XIX, materialista e cientista, e do pensamento burguês que considera a Terra um local onde devemos desfrutar o maior prazer possível. Existem dois diabos. Aquele que transforma a ordem divina em desordem, e o que transforma a ordem noutra ordem não divina.
A Ordem Negra devia vencer uma civilização que ela supunha caída ao nível dos apetites apenas materiais, dissimulados sob uma moral hipócrita. Mas ela não era apenas isso. Um rosto novo surgia durante o martírio que os nazistas lhe infligiam, como o Rosto sobre o Santo Sudário. Do aumento da inteligência nas massas à física nuclear, da psicologia dos vértices da consciência aos foguetões interplanetários, uma alquimia se operava, esboçava-se a promessa de uma transmutação da humanidade, de uma ascensão do ser vivo.
Talvez isso não se constatasse de forma evidente, e alguns espíritos medianamente profundos lamentavam os tempos muito antigos da tradição espiritual, mantendo desta forma um certo pacto com o inimigo no mais ardente de si próprios, devido à sua revolta contra este mundo no qual só viam uma mecanicidade cada vez mais invasora. Mas, ao mesmo tempo, homens como Teilhard de Chardin, por exemplo, tinham os olhos mais abertos. Os olhos da inteligência superior e os olhos do amor descobrem a mesma coisa sobre planos diferentes.
O impulso dos povos a caminho da liberdade, o canto de confiança dos mártires continham em gérmen essa grande esperança arcangélica. Essa civilização, tão mal interpretada do exterior pelos místicos adeptos do passado como do interior pelos progressistas primários, devia ser salva. O diamante risca o vidro. Mas o borazon, cristal sintético, risca o diamante. A estrutura do diamante é mais ordenada que a do vidro. Os nazistas podiam vencer. Mas a inteligência alerta pode ter uma ação criadora, edificando figuras da ordem mais puras do que as que brilham nas trevas.
Quando me esbofeteiam não apresento a outra face e também não dou um murro: atiro um raio. Era necessário que essa batalha entre os Senhores das camadas inferiores e os homenzinhos da superfície, entre as Potências obscuras e a humanidade em progresso, terminasse em Hiroshima com o sinal evidente da Potência sem discussão.
TERCEIRA PARTE
O HOMEM, ESSE INFINITO - UMA NOVA INSTITUIÇÃO
O Fantástico no fogo e no sangue. -As barreiras da incredulidade. -O primeiro foguetão. - Burgueses e obreiros da Terra. - Os fatos falsos e a ficção verdadeira. Os mundos habitados. - Os visitantes vindos do exterior - As grandes comunicações. - os mitos modernos. Do realismo fantástico em psicologia. -Para uma exploração do fantástico interior - Exposição do método. Uma concepção diferente da liberdade.
Quando saí da cave, Juvisy, a cidade da minha infância tinha desaparecido. Uma espessa bruma amarelada recobria um mar de caliça de onde saíam apelos e gemidos. O mundo dos meus jogos, das minhas amizades, dos meus amores e a maior parte das testemunhas do início da minha vida jaziam sob esse vasto campo lunar. Um pouco mais tarde, quando os socorros se organizaram, os pássaros, enganados pelos projetores, regressaram e, supondo que era dia, começaram a cantar nas moitas cobertas de poeira.
Outra recordação: numa manhã de Verão, três dias antes da Libertação, encontrava-me eu, com dez camaradas, numa casa particular próximo do bosque de Bolonha. Vindos de diversos acampamentos de juventude bruscamente abandonados, o acaso reuniu¬nos naquela última escola de quadros onde continuavam a ensinar-nos, imperturbavelmente, enquanto o mundo se desmoronava no meio do estrondo das armas e dos grilhões, a arte de fabricar marionetes, de representar comédias e de cantar. Naquela manhã, de pé no hall de um falso gótico, sob a orientação de um romântico chefe de coro, cantávamos a três vozes uma canção folclórica: Dêem-me água, dêem-me água, água, água para os meus dois cântaros. . . O telefone interrompeu-nos.
Alguns minutos depois, o nosso professor de canto fazia-nos entrar para uma garagem. Outros rapazes, de pistola em punho, vigiavam as entradas. Entre os velhos automóveis e os barris de óleo jaziam alguns jovens, crivados de balas, acabados de matar à granada: era o grupo de resistentes torturados pelos alemães na Cascata do Bosque. Tinham conseguido reaver os corpos. Encomendaram-se caixões. Partiram estafetas para prevenir as famílias. Era necessário lavar os cadáveres, limpar as poças de sangue, abotoar os casacos e as calças abertas pelas granadas, cobrir de papel branco e deitar dentro das suas caixas aqueles assassinados cujos olhos, as bocas e as feridas gritavam de pavor, dar àqueles rostos, àqueles corpos, uma aparência de morte decente; e naquele odor de matadouro, de esponja ou escova na mão, nós dávamos água, água, água...
Pierre Mac Orlan, antes dessa guerra, viajava em busca do fantástico social que encontrava no pitoresco dos grandes portos: tabernas de Hamburgo sob a chuva, cais do Tamisa, fauna de Antuérpia. Requinte encantador! Mas já fora de uso.
O fantástico deixou de ser uma ocupação de artista para se tornar, no meio do fogo e do sangue, a experiência vivida pelo mundo civilizado. O marroquineiro da nossa rua apareceu uma manhã estendido à porta de casa, com uma estrela amarela sobre o coração. O filho da porteira recebia mensagens de Londres em estilo surrealista e usava invisíveis galões de capitão. Uma secreta guerra de partidos colocava subitamente sujeitos enforcados nas varandas da aldeia. Vários universos, violentamente diferentes, se sobrepunham; uma aragem do acaso nos fazia passar de um para outro.
Bergier conta-me No campo Mauthausen usávamos a menção N. N., noite e nevoeiro. Nenhum de nós pensava sobreviver. A 5 de Maio de 1945, quando o primeiro jeep americano galgou a colina, um deportado russo, responsável pela luta anti-religiosa na Ucrânia que estava deitado ao meu lado, ergueu-se sobre um cotovelo e exclamou: Deus seja louvado!
Todos os homens válidos foram repatriados em fortaleza voadora, e foi por isso que meencontrei, na madrugada de 19, no aeródromo de Heinz, na Áustria. O avião vinha da Birmânia.
É uma guerra mundial, não é verdade?, disse-me o radiotelegrafista. Transmitiu a meu pedido uma mensagem para o quartel-general aliado de Reims, depois mostrou-me o equipamento de radar. Havia toda a espécie de aparelhos cuja realização eu julgara impossível antes do ano 2000. Em Mauthausen, os médicos americanos tinham-me falado da penicilina. Em dois anos, as ciências tinham avançado um século. Tive uma idéia louca:
E a energia atômica? - Falam nisso, respondeu-me o radiotelegrafista. É bastante secreto, mas correm boatos. . .
Algumas horas depois encontrava-me no boulevar de Madeleine, com o meu fato de riscas. Seria Paris? Seria um sonho? Estava rodeado por pessoas, faziam-me perguntas. Refugiei-me no metropolitano e telefonei a meus pais: Esperem um momento já aí vou. Mas voltei a sair. Era mais importante que tudo. Em primeiro lugar precisava de encontrar o meu local favorito de antes da guerra: a livraria americanaBrentano's, na avenida da Ópera: Fiz uma entrada notável. Todos os jornais, todas as revistas, às braçadas... Sentado num banco das Tulherias, tentei reconciliar o universo presente com aquele que tinha conhecido. Mussolini fora pendurado num gancho. Hitler suicidara-se. Havia tropas alemãs na ilha de Oléron e nos portos do Atlântico. Então a guerra em França não terminara? As revistas técnicas eram perturbantes. A penicilina, que era o triunfo de sir Alexander Fleming, seria então uma coisa séria? Uma nova química surgira, a dos silicones, corpos intermédios entre o orgânico e o mineral.
O helicóptero, cuja impossibilidade fora demonstrada em 1940, era construído em série. A eletrônica acabava de fazer progressos fantásticos. A televisão em breve estaria tão difundida como o telefone. Desembarquei num mundo edificado pelos meus sonhos sobre o ano 2000. Vários textos eram-me incompreensíveis. Quem era esse marechal Tito? E essas Nações Unidas? E esse D. D. T.?
Bruscamente, comecei a compreender, em carne e espírito, que já não era nem prisioneiro, nem condenado à morte, e que tinha todo o tempo e toda a liberdade para compreender e para agir. Tinha, em primeiro lugar, toda aquela noite, se assim o desejasse... Devo ter ficado muito pálido. Uma mulher dirigiu-se-me e pretendeu levar-me a um médico. Fugi, corri para casa de meus pais, que encontrei lavados em lágrimas. Sobre a mesa da sala de jantar havia envelopes trazidos por ciclistas, telegramas militares e civis. Lião ia dar o meu nome a uma rua, era nomeado capitão, condecorado por diversos países, e uma expedição americana em busca de armas secretas na Alemanha pedia o meu auxílio. Por volta da meia-noite, meu pai obrigou¬me a ir para a cama. No momento de adormecer, a minha memória foi inexplicavelmente assaltada por duas palavras latinas: magna, mater.
No dia seguinte de manhã, ao acordar, encontrei-as de novo e compreendi-lhes o sentido. Na antiga Roma os candidatos ao culto secreto da magna mater tinham de passar através de um banho de sangue. Se sobreviviam, nasciam uma segunda vez.
Naquela guerra, todas as portas de comunicação entre todos os mundos se abriram. Uma formidável corrente de ar. Depois a bomba atômica projetou-nos na era atômica. No momento a seguir, os foguetões anunciavam-nos a era cósmica. Tudo se tornava possível. As barreiras da incredulidade, tão fortes no século XIX, acabavam de ser violentamente sacudidas pela guerra. Agora, desmoronavam-se por completo.
Em Março de 1954, o senhor Ch. Wilson, secretário americano do Ministério da Guerra, declarava: Os U.S.A., assim como a Rússia, possuem daqui para o futuro o poder de destruir o Mundo inteiro. A idéia do final dos tempos penetrava nas consciências. Separado do passado, receoso do futuro, o homem descobria o presente como um valor absoluto, essa pequena fronteira como uma eternidade recuperada. Viajantes do desespero, da solidão e do eterno partiam em jangadas pelos mares fora, Noés experimentais, pioneiros do próximo dilúvio, alimentando-se de plâncton e de peixes alados. Ao mesmo tempo afluíam em todos os países testemunhos sobre a aparição de discos voadores. O céu povoava-se de inteligências exteriores. Um modesto comerciante de sandes, chamado Adamsky, que tinha uma loja por baixo do grande telescópio do monte Palomar, na Califórnia, nomeia-se professor, declara que os venusianos o visitaram, conta as conversas trocadas num livro que obteve um dos maiores êxitos de venda do após-guerra e transforma-se no Rasputin da corte da Holanda. Num mundo igualmente visitado pelo trágico e pelo estranho, podemos perguntar a nós próprios como são feitas as pessoas que não têm fé e que também se não querem divertir.
Quando lhe falavam no fim do Mundo, Chesterton replicava: Porque me hei-de preocupar? O fim do Mundo já se deu várias vezes. Há um milhão de anos que os homens habitam a Terra, e sem dúvida sofreram mais de um apocalipse. A inteligência extinguiu-se e reacendeu-se diversas vezes. Um homem que se vê caminhar ao longe na noite, com uma lanterna na mão, é alternadamente sombra e fogo. Tudo nos incita a pensar que o fim do Mundo se deu mais uma vez e que fazemos agora uma nova aprendizagem da existência inteligente num mundo novo: o mundo das grandes massas humanas, da energia nuclear, do cérebro eletrônico e dos foguetões interplanetários. Talvez precisássemos de uma alma e de um espírito diferentes para esta Terra diferente.
A 16 de Setembro de 1959, às 22 h. e 2 m., todos os rádios de todos os países anunciaram que pela primeira vez um foguetão lançado da Terra acabava de pousar sobre a Lua. Eu escutava o Rádio Luxemburgo. O locutor deu a notícia e continuou para apresentar a emissão de variedades transmitida todos os domingos àquela hora e que se intitula Porta Aberta. . . Saí para o jardim para contemplar a Lua brilhante, o Mar de Serenidade sobre o qual repousavam desde há segundos os destroços do foguetão. O jardineiro também estava no jardim.
É tão belo como os Evangelhos, senhor.. . Ele concedia espontaneamente a verdadeira grandeza ao fato, colocava o acontecimento na sua dimensão. Sentia-me verdadeiramente próximo desse homem, de todos os homens simples que erguiam o rosto para o céu, naquele minuto, cheios de assombro, de uma imensa e confusa emoção. Feliz do homem que perde a cabeça, recuperá-la-á no céu! E ao mesmo tempo sentia-se extraordinariamente longe das pessoas do meu meio, de todos esses escritores, filósofos e artistas que se recusam a tais entusiasmos sob o pretexto de lucidez e de defesa do humanismo.
O meu amigo Jean Dutourd, por exemplo notável escritor apaixonado por Stendhal, dissera-me alguns dias antes: Continuemos sobre a Terra, não nos deixemos distrair com esses comboios elétricos para adultos. Outro amigo muito caro, Jean Giono, que eu fora visitar a Manosque, na Provença, contara-me que, ao passar por Colmar-les-Alpes, num domingo de manhã, vira o capitão do quartel e o padre a fazerem uma troca de amabilidades no átrio da igreja. Enquanto houver padres e capitães de quartéis que troquem amabilidades, haverá lugar neste mundo para a felicidade e estaremos melhor aqui do que na Lua. . .
Imagem: ... pois o olfato também abre as portas para a magia. autor desconhecido.
asmuitasfacesdeluka-luka.blogspot.com

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A maioria das pessoas mataria uma para salvar cinco


Você escolheria tirar a vida de alguém para salvar mais pessoas? Um novo estudo, com simulações 3D, descobriu que nove em cada dez pessoas diriam “sim”.
No experimento, os participantes usaram um sistema que os colocava em um plano 3D com pessoas digitais realísticas. Eles também usaram sensores nas pontas dos dedos, que monitoram a estimulação emocional.
No mundo virtual, as “cobaias” ficavam perto de uma mesa de comando de trilhos de trem. A ideia era que um vagão estava vindo, e os sujeitos deveriam escolher entre fazer nada, e deixar que o trem matasse cinco pessoas, ou puxar uma manivela e mudar a rota do trem para outro trilho, matando apenas uma.
Dos 147 participantes, 14 escolheram a primeira opção; desses, onze nem se mexeram, enquanto três puxaram a manivela, mas mudaram de ideia. Cerca de 90%, ou 133 pessoas, escolheram a segunda opção, matando apenas uma pessoa.
De acordo com os pesquisadores, o estudo sugere que geralmente violamos uma lei moral se isso significa minimizar os danos.
“O que descobrimos é que a lei ‘Não matarás’ pode ser ultrapassada se for por um bem maior”, comenta o pesquisador do estudo, Carlos David Navarrete, psicólogo da Universidade Estadual de Michigan.
Derivado de dilemas morais históricos, o novo experimento usa aspectos visuais e auditivos que tornam as consequências das decisões mais realísticas.
Aqueles que não puxaram a alavanca (e mataram cinco pessoas) foram mais afetados emocionalmente do que os que optaram pela outra opção. Apesar dos pesquisadores não saberem exatamente o porquê da maior atividade emocional, Navarrete sugere que seja causa da sensação de “congelamento” em situações de emergência.
“Penso que os humanos têm uma aversão a machucar os outros, podendo passar por cima de algo”, afirma Navarrete. “Pelo pensamento racional, podemos algumas vezes passar por cima da moral, ao pensar em quem podemos salvar, por exemplo. Mas para algumas pessoas, o aumento da ansiedade pode ser tanto que eles não fazem a escolha utilitarista, aquela para o bem maior”. [LiveScience]
http://hypescience.com/a-maioria-das-pessoas-mataria-uma-para-salvar-cinco/
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Despertar dos Mágicos (63. Poderia dizer-se que o século XIX foi um século racional e que o século XX é o dos cultos.


Foi Himmler o encarregado da organização da S.S., não como uma companhia policial, mas como uma verdadeira ordem religiosa, hierarquizada, dos irmãos leigos aos superiores.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

Nas altas esferas encontram-se os responsáveis conscientes de uma Ordem Negra, cuja existência aliás nunca foi oficialmente reconhecida pelo governo nacional-socialista. Mesmo no centro do partido falava-se daqueles que sabiam do círculo interior, mas nunca foi dada uma designação oficial. Parece certo que a doutrina, jamais completamente explicada, se baseava na crença absoluta em poderes que ultrapassam os poderes humanos vulgares. Nas religiões distingue-se a teologia, considerada uma ciência, da mística, intuitiva e incomunicável. Os trabalhos da sociedade Ahnenerbe, a que nos referiremos mais adiante, representam o aspecto teológico, a Ordem Negra o aspecto místico da religião dos Senhores de Tule.
O que é necessário compreender é que a partir do momento em que toda a obra de reunião e excitação do partido hitleriano muda de direção, ou antes, é mais severamente orientada no sentido da doutrina secreta (mais ou menos bem compreendida e aplicada, até aqui, pelo médium colocado nos postos de propaganda), já não estamos em presença de um movimento nacional e político. Na prática, os temas serão os mesmos, mas tratar-se-á apenas, da linguagem exotérica dirigida às multidões, de uma descrição dos objetivos imediatos, atrás dos quais há outros objetivos. Nada mais contou exceto a perseguição infatigável de um sonho pavoroso. Dali em diante, se Hitler tivesse tido à sua disposição um povo que pudesse, melhor do que o povo alemão, servir a exaltação do seu pensamento supremo, não teria hesitado em sacrificar o povo alemão. Não o seu pensamento supremo, mas o supremo pensamento de um grupo mágico agindo através dele. Brasillach reconhece que ele sacrificaria toda a felicidade humana, a sua e ainda por cima a do seu povo se o misterioso dever ao qual obedecia lho ordenasse.
Vou confiar-lhe um segredo, disse Hitler a Rauschning: estou a fundar uma ordem.Evoca os Burgs onde se realizará uma primeira iniciação. E acrescenta: É de lá que sairá a segunda categoria, a do homem medida e centro do mundo, do homem-deus. O homem-deus, a figura esplêndida do Ser, será como uma imagem do culto... Mas existem outras categorias de que me não é permitido falar.. .
Central de energia edificada em redor da central principal, a Ordem Negra isola do mundo todos os seus membros, seja qual for o grau iniciático a que pertençam. Bem entendido, escreve Poetel, não era mais do que um pequeno círculo de altos graduados e de grandes chefes S.S. que estavam ao corrente das teorias e das reivindicações essenciais. Os membros das diversas formações preparatórias só foram informados quando lhes foi imposto, antes de contraírem matrimônio, que pedissem autorização aos seus chefes, ou quando os colocaram sob uma jurisdição própria da Ordem, extremamente rigorosa aliás, mas cujo efeito era de os subtrair à competência da autoridade civil. Verificaram então que fora das leis da Ordem não tinham qualquer outro dever e que já não havia para eles existência privada.
Os monges combatentes, (Monge = grego monos = só), os S.S. com o emblema da caveira (que é preciso não confundir com outras organizações como a Waffen S.S., compostas por irmãos leigos ou por terciários da Ordem, ou ainda por mecânicas humanas construídas à semelhança do verdadeiro S.S como reproduções côncavas do modelo) receberão a primeira iniciação em Burgs. Mas primeiro terão passado pelo seminário, a Napola. Ao inaugurar uma dessas Napola, ou escolas preparatórias Himmler reduz a doutrina ao seu mais pequeno denominador comum: Crer, obedecer, combater e é tudo.
São escolas onde, como diz o Schwarze Korps de 26 de Novembro de 1942, se aprende a dar e a receber a morte.
Mais tarde, se disso são dignos, os cadetes recebidos nos Burgs compreenderão que receber a morte pode ser interpretado no sentido de matar o seu eu. Mas se não são dignos, é a morte física que receberão sobre os campos de batalha. A tragédia da grandeza é ter de pisar cadáveres. E que importa? Nem todos os homens têm existência verdadeira e há uma hierarquia da existência, do homem-fingido ao grande mago. Mal sai do nada o cadete volta para lá, depois de vislumbrar, para a sua salvação, o caminho que conduz à figura esplêndida do Ser... Era nos Burgs que se pronunciavam os votos, e que se entrava num destino sobre-humano irreversível. A Ordem Negra traduz em atos as ameaças do doutor Ley: Aquele a quem o partido retirar o direito à camisa negra - é preciso que cada um de nós o saiba -, não só perderá as suas funções como ainda será aniquilado, na sua pessoa, nas pessoas da sua família, de sua mulher e de seus filhos. Tais são as duras leis, as leis implacáveis da nossa Ordem.
Eis-nos fora do mundo. Já não se trata da Alemanha eterna ou do Estado nacional¬socialista, mas da preparação mágica, para a vinda do homem-deus, do homem-após¬o-homem que as Potências enviarão sobre a Terra, quando tivermos modificado o equilíbrio das forças espirituais. A cerimônia em que se recebia a runa S.S. devia assemelhar-se bastante ao que descreve Reinhold Schneider quando evoca os membros da Ordem Tectônica na grande sala do Remter de Marienburg, inclinando-se sob os votos que dali para o futuro fariam deles a Igreja Militante: Eles vinham de países de aspectos diversos, vinham de uma vida agitada. Entravam na austeridade limitada deste castelo e abandonavam os seus brasões pessoais cujas armas tinham sido usadas pelo menos por quatro antepassados. Agora, o seu brasão seria a cruz que impõe o combate mais grave deste mundo e assegura a vida eterna. Aquele que sabe não fala: não existe qualquer descrição da cerimônia iniciática nos Burgs, mas sabe-se que tal cerimônia se realizava. Chamavam-lhe a cerimônia da Atmosfera Densa, em alusão à atmosfera extraordinariamente tensa que reinava e não se dissipava senão depois de os votos terem sido pronunciados. Alguns ocultistas como Lewis Spence pretenderam ver nela uma missa negra na pura tradição satânica. Pelo contrário, Willi Frieschauer, no seu trabalho sobre Himmler interpreta a Atmosfera Densa como o momento de embrutecimento absoluto dos participantes. Entre estas duas teses há lugar para uma interpretação mais realista e portanto mais fantástica.
Destino irrevogável: foram concebidos planos para isolar o S.S. do mundo dos homens¬fingidos durante toda a sua vida. Projetaram a criação de cidades, de vilas de veteranos repartidas através do Mundo e que dependessem unicamente da administração e da autoridade da Ordem. Mas Himmler e os seus irmãos conceberam um sonho mais grandioso ainda. O mundo teria por modelo um Estado S.S. soberano. Na conferência da paz, diz Himmler, em Março de 1943, o mundo ficará a saber que a velha Borgonha
vai ressuscitar, esse país que outrora foi a terra das ciências e das artes e que a França relegou para a categoria de apêndice conservado em vinho fraco, O Estado soberano de Borgonha, com o seu exército, as suas leis, a sua moeda, os seus correios, será o Estado S.S. modelo. Compreenderá a Suíça francesa, a Picardia, a Champanha, o Franco-Condado, o Hainautl e o Luxemburgo. A língua oficial será o alemão, bem entendido. O Partido Nacional-Socialista não terá ali qualquer autoridade. Só a S.S. governará, e o mundo ficará ao mesmo tempo assombrado e maravilhado com esse Estado onde as concepções do mundo S.S. serão aplicadas.
O verdadeiro S.S. de formação iniciática situa-se, a seus próprios olhos, para além do bem e do mal. A organização de Himmler não conta com o auxílio fanático de sádicos que procuram a voluptuosidade do assassínio: conta com homens novos. Fora do círculo interior, que inclui os S.S. com o emblema da caveira, isto é, os chefes mais próximos da doutrina secreta, segundo a sua categoria, e cujo centro é Tule, o santuário, há o S.S. de tipo médio, que não passa de uma máquina sem alma, um autômato de serviço. É obtido com um fabrico Standard, a partir de qualidades negativas.
A sua produção não depende da doutrina, mas de simples métodos de preparação. Não se trata de suprimir a desigualdade entre os homens, mas pelo contrário de a ampliar e dela fazer uma lei protegida por barreiras intransponíveis, diz Hitler... Que aspecto terá a futura ordem social? Meus camaradas, vou dizer-lhes: haverá uma classe de senhores, haverá a multidão dos diversos membros do partido classificados hierarquicamente, haverá a grande massa dos anônimos, a coletividade dos servidores, dos perpetuamente menores e, mais abaixo ainda, a classe dos estrangeiros conquistados, os modernos escravos. E, acima de tudo isto, uma nova alta nobreza de que não posso falar. . . Mas estes planos devem ser ignorados pelos simples militantes.. .
O mundo é uma matéria a transformar para que dela emane uma certa energia, concentrada por magos, uma energia psíquica susceptível de atrair as Potências do Exterior, os Superiores Desconhecidos, os Mestres do Cosmos. A atividade da Ordem Negra não corresponde a nenhuma necessidade política ou militar: corresponde a uma necessidade mágica. Os campos de concentração provêm da magia de iniciação: são um ato simbólico, uma maquete. Todos os povos serão arrancados às suas raízes, transformados numa imensa população nômade, numa matéria bruta sobre a qual será lícito agir, da maneira que se quiser, e da qual brotará a flor: o homem em contacto com os deuses. É o modelo côncavo (como dizia Barbey d'Aurevilly: o inferno é o céu em côncavo) do planeta tornado o campo dos labores mágicos da Ordem Negra.
No ensinamento dos Burgs, uma parte da doutrina secreta é transmitida pela seguinte fórmula: Não existe senão o Cosmos, ou o Universo, ser vivo. todas as coisas, todos os seres incluindo o homem, não passam de formas diversas ampliando-se no decorrer das eras do universal vivo. Nós próprios não estaremos vivos enquanto não tomarmos consciência desse Ser que nos cerca, nos engloba e prepara através de nós outras formas. A criação não está terminada, o Espírito do Cosmos não encontrou o repouso, estejamos atentos às suas ordens, que nos serão transmitidas por deuses, a nós, magos bárbaros, padeiros da sangrenta e cega massa humana! Os fornos de Auschwitz: ritual.
O coronel S.S. Wolfram Sievers, que se limitara a uma defesa puramente racional, pediu, antes de entrar para a sala de enforcamento, que o deixassem celebrar, uma última vez o seu culto, murmurar misteriosas orações. Depois entregou o pescoço ao carrasco, Impassível.
Ele fora o administrador-geral da Ahnenerbe e como tal foi condenado à morte em Nuremberg. A sociedade de estudo para a herança dos antepassados, a Ahnenerbe, fora fundada a título privado pelo mestre espiritual de Sievers, Frederico Hielscher, místico amigo do explorador sueco Sven Hedin, o qual mantinha relações estreitas com Haushoffer. Sven Hedin, especialista do Extremo-Oriente, vivera muito tempo no Tibete e fora um intermediário importante na criação das doutrinas esotéricas nazistas. Frederico Hielscher nunca foi nazista e chegou mesmo a manter relações com o filósofo judeu Martin Buber.
Mas as suas teses profundas lembravam as posições mágicas dos grandes mestres do nacional-socialismo. Himmler, em 1935, dois anos depois da fundação, fez da Ahnenerbe uma organização oficial, ligada à Ordem Negra. Os objetivos declarados eram: Investigar a localização, o espírito, os atos, a herança da raça indo-germânica e comunicar ao povo, sob uma forma interessante, os resultados dessas investigações. A execução dessa missão deve fazer-se empregando métodos de precisão científica. Toda a organização racional alemã posta ao serviço do irracional. Em Janeiro de 1939, a Ahnenerbe estava pura e simplesmente incorporada à S.S. e os seus chefes integrados no estado-maior de Himmler. Nessa altura, ela dispunha de cinqüenta institutos dirigidos pelo professor Wurst, especialista dos antigos textos sagrados e que ensinara o sânscrito na Universidade de Munique.
Parece que a Alemanha gastou mais dinheiro com as investigações da Ahnenerbe do que a América com o fabrico da primeira bomba atômica. Essas investigações iam da atividade científica propriamente dita até ao estudo das práticas ocultas, da vivisseção praticada nos prisioneiros até à espionagem das sociedades secretas. Fizeram-se conferências com Skorzeny para organizar uma expedição cujo objetivo era roubar o Santo Graal, e Himmler criou uma secção especial, um serviço de informações encarregado dos domínios do sobrenatural.
A lista dos relatórios dispendiosamente estabelecidos pela Ahnenerbe confunde a imaginação: presença da confraria Rosa-Cruz, simbolismo da abolição da harpa no Ulster, significado oculto das torres góticas e dos chapéus altos de Eton, etc. Quando as tropas se preparam para evacuar Nápoles, Himmler multiplica as ordens para que não se esqueçam de levar a grande pedra tumular do último imperador Hohenstoffen. Em 1943, após a queda de Mussolini, o Reichsführer reúne numa vivenda dos arredores de Berlim os seis maiores ocultistas da Alemanha para descobrir o local onde o Duce está prisioneiro. As conferências de estado-maior principiam com uma sessão de concentração lógica. No Tibete, por ordem de Sievers, o doutor Scheffer estabelece múltiplos contactos com os lamas. Leva para Munique, para os estudos científicos, cavalos arianos e abelhas arianas cujo mel tem virtudes particulares.
Durante a guerra, Sievers organiza, nos campos de deportados, as horríveis experiências que desde então serviram de tema a vários livros negros. A Ahnenerbe enriqueceu-se com um instituto de investigações científicas de defesa nacional que dispunha de todas as possibilidades concedidas em Dachau.
O professor Hirt, que dirige esses institutos, arranja uma coleção de esqueletos tipicamente israelitas. Sievers encomenda ao exército invasor na Rússia uma coleção de crânios de comissários judeus. Quando, em Nuremberg, se evocam esses crimes, Sievers mantém-se alheio a qualquer sentimento humano normal, estranho a qualquer piedade. Está distante. Escuta outras vozes.
Hielscher representou sem dúvida um papel importante na elaboração da doutrina secreta. Fora dessa doutrina, a atitude de Sievers, tal como a dos outros grandes responsáveis, mantém-se incompreensível. Os termos monstruosidade moral, crueldade mental, loucura, nada explicam. A respeito do mestre espiritual de Sievers, quase nada se sabe. Mas Ernst Jünger refere-se-lhe no diário que manteve durante os seus anos de ocupação em Paris. O tradutor francês não reparou numa nota, a nossos olhos capital. É que de fato o sentido da mesma só se torna evidente dentro da explicação realista-fantástica do fenômeno nazista. a 14 de Outubro de 1943, Jünger escreve:
À noite, visita de Bogo. (Por prudência, Jünger dissimula as altas personalidades sob pseudônimos. Bogo é Hielscher, assim como Kniebolo é Hitler). Numa época tão pobre em forças originais, ele surge-me como uma das pessoas das minhas relações a respeito das quais mais refleti sem conseguir formar uma opinião. Supus outrora que ele entraria na história da nossa época como uma dessas personagens pouco conhecidas, mas de extraordinária subtileza de espírito. Agora penso que terá um papel mais importante. Muitos, se não a maior parte dos jovens intelectuais da geração que se tornou adulta após a grande guerra, sofreram a sua influência e muitas vezes passaram pela sua escola... Ele confirmou uma suspeita que há muito tempo alimento, a de que fundou uma igreja. Situa-se atualmente para lá da dogmática e já avançou muito na liturgia. Mostrou-me uma série de cantos e um ciclo de festas, o ano pagão, que engloba uma ordenança completa de deuses, de cores, animais, iguarias, pedras e plantas. Vi ali que a consagração da luz se celebra a 2 de Fevereiro. . .
E Jünger acrescenta, confirmando a nossa tese:
Pude constatar em Bogo uma modificação fundamental que me parece característica de todo o nosso escol: arremessa-se impetuosamente para os domínios metafísicos, com todo o entusiasmo de um pensamento formado pelo racionalismo. Isto já me tinha impressionado em Spengler e está entre os presságios favoráveis. Poderia dizer-se que o século XIX foi um século racional e que o século XX é o dos cultos. O próprio Kniebolo (Hitler) vive deles, daí a total incapacidade dos espíritos liberais em conceberem nem que seja uma pequena idéia do seu universo.
Hielscher, que não fora incomodado, depôs a favor de Sievers no processo de Nuremberg. Limitou-se, perante os juízes, a diversões políticas, expôs opiniões voluntariamente absurdas sobre as raças e as tribos ancestrais. Pediu licença para acompanhar Sievers ao patíbulo, e foi com ele que o condenado fez as orações particulares de um culto a que este nunca se referiu durante os interrogatórios. Depois voltou à sombra.
Imagem: Só Os Cultos Sobrevivem
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Planetas formados de diamantes en la Vía Láctea


Rosa M. Tristán | Madrid ELMUNDO.ES
Los diamantes, la piedra más preciada de este planeta, por lo que ha provocado sangrientas guerras, no es exclusiva de la Tierra. Investigadores de las Universidades de Manchester (Reino Unido) y de Ohio (EE. UU.) aseguran en un nuevo trabajo que en la Vía Láctea hay planetas de un tamaño mayor a nuestro -supertierras- que podrían estar compuestos hasta un 50% por diamantes.
El pasado mes de agosto, un equipo de CSIRO (Organización para la Investigación Industrial y Científica de la Mancomunidad de Australia) descubrió uno de estos astros diamante a 4.500 años de la Tierra, con sólo 60.000 kilómetros de diámetro, pero según este nuevo trabajo podrían ser muchos más de lo que se piensa. "Es difícil saber cuántos hay, pero pensamos que suponen un porcentaje de todos los planetas terrestres que existen", señala Wendy Panero a ELMUNDO.es, de la Universidad de Ohio.
Para llegar a esta conclusión, los científicos no miraron hacia el Cosmos, sino que realizaron un experimento en un laboratorio de la Universidad de Ohio, donde reconstruyeron las temperaturas y las presiones que hay bajo la corteza terrestre para determinar cómo se forman estas piedras preciosas y entender lo que pasa con el carbono que hay en otros planetas del Sistema Solar.
Ricos en carbono
Panero y su alumno Cayman Unterborn utilizaron las conclusiones de estos experimentos para construir modelos informáticos de cómo se forman los minerales en astros más ricos en carbono que el nuestro. "Es posible que planetas que tienen como 15 veces la masa de la Tierra tengan hasta un 50% compuesto por diamantes", asegura Unterborn, que presentó estos resultados en la reunión de la American Geophysical Union.
"Nuestras conclusiones sugieren que los planetas ricos en carbono pueden formar una corteza y un manto como ocurrió aquí, pero en su caso el núcleo sería como el acero y el manto tendría una composición muy similar a la de los diamantes", explica Panero. En la Tierra, sin embargo, el núcleo es sobre todo de hierro, mientras el manto es de silicatos minerales procedentes de los elementos que había en la nube de polvo que formó el Sistema Solar.
Estas 'joyas' cósmicas nunca podrían ser habitables. Su química es muy distinta de la que hace posible la vida. El interior se ha congelado con gran rapidez, no hay tectónica de placas, ni magnetismo, ni atmósfera. "Son planetas muy fríos y oscuros", asegura la geóloga.
Experimento de laboratorio
Panero y sus alumnos tomaron hierro, carbono y oxígeno y lo sometieron a una gran la presión y la temperatura que hay en el interior de la Tierra. Cuando observaban la muestra por el microscopio, el oxígeno se fusionó con el hierro, creando el óxido de hierro y los laterales de la muestra se convirtieron en diamantes.
Hasta ahora, ya se han descubierto más de 500 planetas fuera del Sistema Solar, pero se sabe muy poco aún sobre su composición interna. "Lo que hemos hecho es echar una mirada a los elementos volátiles, como el hidrógeno y el carbón, que interactúan dentro de la Tierra, porque cuando enlazan con oxígeno, usted consigue las atmósferas", argumenta Panero.
La investigación de Ohio sugiere que los planetas tipo Tierra, pero de diamante, se pueden formar en nuestra galaxia. Exactamente cuántos puede haber y su composición interna es algo que aún no se sabe.
Contacte con el autor del artículo vía Twitter. @Rosa M. Tristan

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Despertar dos Mágicos (61). Sobre a parede da casa Ipatieff, a czarina, antes da sua execução, teria desenhado uma cruz gamada, acompanhada de uma i


Segundo o nosso método, vamos agora apresentar informações e confirmações respeitantes a outros aspectos desprezados do socialismo mágico: a sociedade Tule, vértice da Ordem Negra, e a sociedade Ahnenerbe. Conseguimos reunir uma documentação bastante volumosa, cerca de um milhar de páginas.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

Mas essa documentação deveria ser mais uma vez verificada e copiosamente completada se quiséssemos realizar um trabalho claro, poderoso completo. De momento, isso está fora das nossas possibilidades: Para mais, não pretendemos tornar excessivamente pesado o presente volume, que só a título de exemplo do realismo fantástico se refere à história contemporânea. Eis portanto a seguir um breve resumo de algumas verificações esclarecedoras.
Num dia de Outono de 1923 morreu em Munique uma personagem singular, poeta, dramaturgo, jornalista, boêmio, que o nome de Dietrich Eckardt. Com os pulmões queimados pela perita, ele fizera, antes de entrar na agonia, a sua oração muito pessoal perante um meteorito negra da qual dizia: É a minha pedra de Kaaba, e que legou ao professor Oberth, um dos criadores da Astronáutica. Acabava de enviar um longo manuscrito ao seu amigo Haushoffer. Os seus assuntos estavam em ordem. Ele morria, mas a Sociedade Tule continuaria a viver e em breve transformaria o mundo e a vida sobre a Terra.
Em 1920, Dietrich Eckardt e outro membro da sociedade tule o arquiteto Alfred Rosenberg, travaram conhecimento com Hitler. Marcaram-lhe uma primeira entrevista na casa de Wagner, em Beirute. Durante três anos rodearão sem cessar o pequeno caporal da Reichswehr, dirigindo-lhe os pensamentos e os atos. Konrad Heiden escreve: Eckardt empreende a formação espiritual de Adolfo Hitler. Ensina-lhe a escrever e a falar. Os seus ensinamentos desenvolvem-se sobre dois planos: a doutrina secreta e a doutrina de propaganda. Narrou algumas das conversas que teve com Hitler em relação à segunda num curioso folheto intitulado O bolchevismo de Moisés a Lenine. Em junho de 1923, esse novo mestre, Eckardt, será um dos sete membros fundadores do partido nacional-socialista. Sete: número sagrado. No Outono, por altura da sua morte, diz: Sigam Hitler. Ele há-de dançar, mas a música foi escrita por mim. Nós concedemos-lhe os meios de comunicar com Eles... Não me lamentem: terei influenciado a história mais do que qualquer outro alemão. . .
A lenda de Tule remonta às origens do germanismo. Tratar-se-ia de uma ilha desaparecida, em qualquer parte no Extremo Norte. Na Groenlândia? No Lavrador? Como a Atlântida. Tule teria sido o centro mágico de uma civilização submersa. Para Eckardt e seus amigos, nem todos os segredos de Tule se teriam perdido. Seres intermediários entre o homem e as inteligências do Exterior disporiam, para os iniciados, de um reservatório de forças onde as podiam ir buscar para dar de novo à Alemanha o domínio do Mundo, para fazer da Alemanha a nação anunciadora da super-humanidade futura, das mutações da espécie humana.
Um dia agitar-se-ão legiões para destruir tudo o que constituiu obstáculo ao destino espiritual da Terra, e serão conduzidas por homens infalíveis, alimentados nas fontes da energia, guiados pelos Grandes Antigos. Tais são os mitos contidos na doutrina ariana de Eckardt e de Rosenberg, e que esses profetas de um socialismo mágico introduzem na alma mediúnica de Hitler. Mas a sociedade Tule talvez ainda não passe de uma bastante poderosa maquina nazista para misturar o sonho e a realidade. Depressa se transformará, sob outras influências e com outras personagens, num instrumento muito mais estranho: um instrumento capaz de alterar a própria natureza da realidade. Segundo parece, é com Karl Haushoffer que o grupo Tule vai adquirir o seu verdadeiro caráter de sociedade secreta de iniciados em contacto com o invisível, e se tornará o centro mágico do nazismo.
Hitler nasceu em Braunau-sobre-Inn, a 20 de Abril de 1889, às 17 e 30, no número 219 da Salzburger Vorstadt. Cidade fronteira austro-bávara, ponto de encontro de dois grandes estados alemães, foi mais tarde para o Führer uma cidade símbolo. A ela se liga uma singular tradição: é um viveiro de médiuns. É a cidade natal de Willy e Rudi Schneider, cujas experiências psíquicas fizeram sensação há perto de trinta anos. Hitler teve a mesma ama que Willy Schneider. Em 1940, Jean de Pange escrevia: Baunau é um centro de médiuns. Um dos mais conhecidos é Madame Stokhammes que, em 1920, desposou em Viena o príncipe Joaquim da Prússia. Era de Braunau que um espírita de Munique o barão Schrenk-Notzing, mandava vir os seus auxiliares, e um deles era justamente primo de Hitler. O ocultismo ensina que depois de terem conciliado forças ocultas, por meio de um pacto, os membros do grupo não podem evocar essas forças senão por intermédio de um mágico, o qual não poderá agir sem um médium. Tudo se passa como se Hitler tivesse sido o médium e Haushoffer o mágico.
Rauschning descreve assim o Führer: Somos obrigados a pensar nos médiuns. A maior parte do tempo são seres vulgares, insignificantes. Subitamente, como que lhes caem do céu poderes que os elevam acima da medida comum. Esses poderes são exteriores à sua personalidade real. São visitantes oriundos de outros planetas. O médium está possesso. Uma vez libertado, volta a cair na mediocridade. É sem dúvida desta forma que certas forças atravessam Hitler. Forças quase demoníacas das quais a personagem chamada Hitler não é mais do que a vestimenta momentânea. Essa reunião do banal e do extraordinário, eis a insuportável dualidade de que nos apercebemos logo que entramos em contacto com ele.
Este ser poderia ter sido inventado por Dostoievski. Tal é a impressão que provoca numa pessoa estranha a associação de uma confusão doentia e de um poder turvo. Strasser: Aquele que escuta Hitler vê surgir de súbito o Führer da glória humana... Aparece uma luz atrás de uma janela escura. Um senhor com um cômico bigode em vassoura transforma-se em arcanjo... Depois o arcanjo levanta vôo: apenas resta Hitler, que se volta a sentar, alagado em suor, com os olhos vítreos. Bouchez: Examinara-lhe os olhos, uns olhos que se tinham tornado mediúnicos... Por vezes, qualquer coisa se passava, semelhante a um fenômeno de ectoplasma: qualquer coisa parecia habitar o orador. Emanava um fluido. . . Depois voltava a ser pequeno, medíocre, até vulgar. Parecia fatigado, completamente exausto. François-Poncet (ex-embaixador na Alemanha) : Ele entrava numa espécie de transe mediúnico. O rosto refletia um encantamento extático.
Atrás do médium, sem dúvida não está apenas um homem, mas um grupo, um conjunto de energias, uma central mágica.
E o que nos parece fora de dúvida é que Hitler está animado por outra coisa além daquilo que exprime: por forças e doutrinas mal coordenadas mas infinitamente mais temíveis do que apenas a teoria nacional-socialista. Um pensamento muito maior do que o dele, que constantemente o excede, e do qual só dá ao povo, aos seus colaboradores, restos grosseiramente vulgarizados. Ressoador potente, Hitler sempre foi o tambor que se gabava de ser no processo de Munique, e sempre continuou a ser um tambor. No entanto, só reteve e utilizou aquilo que, ao acaso das circunstâncias, servia a sua ambição de conquista do poder, o seu sonho de domínio do Mundo, e o seu delírio: a seleção biológica do homem-deus.
Mas há outro sonho, outro delírio: modificar a vida sobre todo o planeta. Por vezes abre-se, ou antes, o pensamento interior excede-o, e filtra bruscamente por uma pequena abertura. Dizia a Rauschning: A nossa revolução é uma nova etapa, ou antes a etapa definitiva da evolução que conduz à supressão da história. . . Ou ainda: Não sabem nada de mim, os meus camaradas do partido não fazem a menor idéia dos sonhos que faço e do edifício grandioso do qual pelo menos os alicerces estarão edificados quando eu morrer. . . Há uma curva decisiva do mundo, eis-nos na charneira dos tempos... Haverá uma alteração do planeta que vós, os não iniciados, são incapazes de compreender. . . O que se está a passar é mais do que o aparecimento de uma nova religião. . .
Rudolf Hess fora o assistente de Haushoffer quando este professava na Universidade de Munique. Foi ele que estabeleceu o contacto entre Haushoffer e Hitler. (Fugiu de avião da Alemanha, para uma expedição delirante, depois de Haushoffer lhe ter dito que o vira voar, em sonhos, a caminho da Inglaterra. Nos raros momentos de lucidez que a sua inexplicável doença lhe permite, o prisioneiro Hess, último sobrevivente do grupo Tule, teria declarado formalmente que Haushoffer era o mágico, o mestre secreto.)
Após a revolta falhada, Hitler é encerrado na prisão de Landshurt. Levado por Hess, o general Karl Haushoffer visita quotidianamente Hitler, passa horas junto dele, desenvolve as suas teorias e delas extrai todos os argumentos favoráveis à conquista política. A sós com Hess, Hitler mistura para a propaganda externa as teses de Haushoffer e os projetos de Rosenberg, num conjunto imediatamente ditado para Mein Kampf.
Karl Haushoffer nasceu em 1869. Fez diversas estadias nas Índias e no Extremo-Oriente, foi enviado ao Japão e aí aprendeu a língua. Para ele a origem do povoalemão dera-se na Ásia Central e a permanência, a grandeza, a nobreza do mundo estavam asseguradas pela raça indo-germânica. No Japão, Haushoffer teria sido iniciado numa das mais importantes sociedades secretas budistas e ter-se-ia comprometido, em caso de malogro da sua missão, a executar o suicídio cerimonial.
Em 1914, Haushoffer, jovem general, faz-se notar por um extraordinário poder de predizer os acontecimentos: horas de ataque do inimigo, locais onde cairão as bombas, tempestades, alterações políticas em países de que nada se sabe. Terá Hitler possuído também esse dom de clarividência ou seria Haushoffer que lhe murmura-a as suas próprias inspirações? Hitler predisse com exatidão a data de entrada das suas tropas em Paris, a data da chegada a Bordéis dos primeiros arrombadores de bloqueio. Quando decide a ocupação da Renânia, todos os peritos da Europa, incluindo os alemães, estão persuadidos de que a França e a Inglaterra se oporão. Hitler prediz que não. Ele virá a anunciar a data da morte de Roosevelt.
Após a primeira grande guerra, Haushoffer retoma os seus estudos e parece dedicar-se exclusivamente à geografia política, funda a revista de Geopolítica e publica numerosos trabalhos. Muito curiosamente, esses trabalhos parecem baseados num realismo político acanhadamente materialista. Essa preocupação, em todos os membros do grupo, em empregar uma linguagem exotérica puramente materialista, em transportar para o exterior concepções pseudocientíficas baralha constantemente as cartas. O geopolítico sobrepõe-se a outra personagem, discípulo de Schopenhauer, inclinado para o budismo, admirador de Inácio de Loiola tentado pelo governo dos homens, espírito místico em busca de realidades ocultas, homem de grande cultura e de grande psiquismo. Parece muito provável que tenha sido Haushoffer a escolher a cruz gamada para emblema.
Na Europa, como na Ásia, a suástica foi sempre considerada um signo mágico. Viram nele o símbolo do Sol, fonte de vida e de fecundidade, ou do trovão, manifestação da cólera divina, que é necessário esconjurar. Ao contrário da cruz, do triângulo, do círculo ou do crescente, a suástica não é um símbolo elementar que possa ter sido inventado e reinventado em qualquer época da humanidade e em todos os pontos do globo comuma simbólica sucessivamente diferente. É o primeiro signo traçado com uma intenção precisa. O estudo das suas migrações põe o problema das primeiras eras, das origenscomuns nas diversas religiões, das relações pré-históricas entre a Europa, a Ásia e a América. O seu mais antigo rasto teria sido descoberto na Transilvânia e remontaria ao final da época da pedra polida.
Voltamos a encontrá-lo sobre centenas de fusos datando do século XIV antes de Cristo e nos vestígios de Tróia. Aparece na Índia no século IV antes de Cristo e na China no século v da nossa era. Vemo-lo um século mais tarde no Japão, no momento da introdução do budismo, que dela faz um emblema. Constatação capital: é completamente desconhecido ou só aparece a título acidental em toda a regiãosemítica, no Egito, na Caldeia, na Assíria, na Fenícia. É um símbolo exclusivamente ariano. Em 1891, Ernest Krauss chama a atenção do público germânico para este fato: Guido List, em 1908, descreve a suástica nas suas obras de divulgação como um símbolo de pureza do sangue e, ao mesmo tempo, como um signo de conhecimento esotérico, revelado pela decifração da epopéia rúnica de Edda. Na corte da Rússia, a cruz gamada é introduzida pela imperatriz Alexandra Feodorovna. Teria sido sob a influência dos teósofos? Ou antes sob a do médium Badmaiev, estranha personagem formada em Lassa e que em seguida estabeleceu numerosas ligações com o Tibete? Ora o Tibete é uma das regiões do Mundo onde a suástica - orientada quer para a direita, quer para a esquerda - é de uso corrente. Vem agora a propósito uma história bastante espantosa.
Sobre a parede da casa Ipatieff, a czarina, antes da sua execução, teria desenhado uma cruz gamada, acompanhada de uma inscrição. Teria sido tirada uma fotografia dessa inscrição, que depois se apressaram a apagar. Koutiepoff teria estado de posse de uma fotografia feita a 24 de Julho, ao passo que a fotografia oficial data de 14 de Agosto. Teria igualmente recebido em depósito o ícone descoberto sobre o corpo da czarina, no interior do qual se encontraria outra mensagem em que se aludia à sociedade secreta do Dragão Verde. Segundo o agente de informações, que viria a ser misteriosamente envenenado e que nos seus romances usava o pseudônimo de Teddy Legrand, Koutitepoff desaparecera sem deixar rasto; teria sido raptado e assassinado no iate de três mastros do barão Otto Bautenas, igualmente assassinado mais tarde. Teddy Legrand escreve: O grande barco branco chamava-se Asgard. Fora portanto batizado - teria sido fortuitamente?com um vocábulo com que as lendas islandesas designam o Reino do Rei de Tule. Segundo Trebich Lincoln (que na realidade afirmava ser o lama Djordni Den), a sociedade dos Verdes, parente da sociedade Tule, tinha as suas origens no Tibete. Em Berlim, um monge tibetano, a quem chamavam o homem das luvas verdes e que por três vezes anunciou na imprensa, com precisão, o número dos deputados hitlerianos enviados ao Reichstag, recebia regularmente Hitler. Era, segundo os iniciados, detentor das chaves que abrem o reino de Agartha.
Imagem: ... admirar o sol e esperar que a noite nos tragaa magia do desconhecido.
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