sexta-feira, 30 de março de 2012

Estrondos, tremores e vibrações abalam a cidade de Clintonville, Wisconsin – EUA


Algo estranho está ocorrendo em Clintonville, no estado de Wisconsin – EUA, mas ninguém parece saber o que é. Sons, descritos como canos metálicos vibrando, metais se chocando, trovão e pequenas explosões têm ocorrido desde o domingo à noite (18/3) em somente uma parte da pequena cidade de 4.600 habitantes. As autoridades de Clintonville dizem estar procurando pelas respostas deste mistério. A polícia disse que por volta das 21h30min de domingo as pessoas começaram a relatar sons similares a explosões, provenientes do subsolo, os quais estavam chacoalhando suas casas. Policiais na área confirmaram os relatos. O fenômeno, até agora, parece afetar somente uma área de um raio de oito quarteirões da região noroeste da cidade. Lisa Kuss, a administradora da cidade, disse que inspecionaram os encanamentos subterrâneos de gas e água, mas nada fora do normal foi encontrado. Nenhum dano foi reportado e ninguém foi evacuado da área em questão. Kuss diz que o próximo passo será para as autoridades se reunirem e mapearem os relatos dos ruídos, para tentar encontrar um padrão, ou qualquer outro detalhe que possa indicar o que esteja acontecendo. Ela também diz que as autoridades tentarão contatar outras autoridades no estado para tentar encontrar uma explicação geológica para o incidente. Veja abaixo o vídeo em inglês da reportagem feita por um canal de televisão da região sobre o misterioso evento: http://foxnewsinsider.com/2012/03/22/what-are-the-loud-noises-or-booms-in-clintonville-wisconsin/ 
Imagem: Estrondos, tremores e vibrações abalam a cidade de Clintonville, ... fimdostempos.net 

terça-feira, 27 de março de 2012

O Despertar dos Mágicos (FIM) Quanto mais eu compreendo, mais amo, pois tudo o que se compreende está certo.


Não afirmaria como válida a mais tímida das hipóteses formuladas nesta obra. Cinco anos de reflexão e de trabalho com Jacques Bergier não me proporcionaram senão uma única coisa: a vontade de manter o meu espírito em estado de surpresa e de confiança perante todas as formas de vida e perante todos os vestígios de inteligência no que é vivo.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

Esses dois estados: surpresa e confiança, são inseparáveis. A vontade de os alcançar e de aí se manter sofre com o tempo uma transformação. Deixa de ser vontade, quer dizer, jugo, para se tornar amor, quer dizer, alegria e liberdade. Numa palavra, a minha única aquisição é que trago comigo, para todo o sempre, o amor pelo que está vivo, neste mundo e na infinidade dos mundos. Para honrar e exprimir esse amor poderoso, complexo, não nos limitamos, eu e Jacques Bergier, ao método científico, como o exigia a prudência. Mas o que é o amor prudente? Os nossos métodos foram os dos sábios, mas também os dos teólogos, dos poetas, dos feiticeiros, dos magos e das crianças. No fim de contas, conduzimo-nos como bárbaros, preferindo a invasão à evasão.
É que qualquer coisa nos dizia que de fato fazíamos parte das tropas estranhas, dos bandos fantomáticos conduzidos por trombetas de ultra-som, coortes transparentes e desordenadas que principiam a irromper sobre a nossa civilização. Nós estamos do lado dos invasores, do lado da vida que chega, do lado da mudança de era e de pensamento. Erro? Loucura? Uma vida de homem só se justifica pelo esforço, mesmo desafortunado, de melhor compreender. E melhor compreender é melhor aderir. Quanto mais eu compreendo, mais amo, pois tudo o que se compreende está certo.
Fim.
ÍNDICE
Prefácio
PRIMEIRA PARTE
I. Homenagem ao leitor apressado. - Uma demissão em 1875. - As aves agourentas. ¬Como o século XIX fechava as portas, -O fim das ciências e o recalcamento do fantástico. - Os desesperos de Poincaré. - Somos os nossos próprios avós. -Juventude! Juventude! .
II. A deleitação burguesa. Um drama da inteligência ou a tempestade do irrealismo. Perspectiva sobre outra realidade. - Para além da lógica e das filosofias literárias. - A noção do eterno presente. - Ciência sem consciência., e consciência sem ciência? - A esperança.
III. Reflexões apressadas sobre os atrasos da sociologia. Um diálogo de surdos. - Os planetários e os provincianos. Um cavaleiro que regressou para junto de nós. -Um
pouco de lirismo.
A CONSPIRAÇÃO EM PLENO DIA
I. A geração dos obreiros da Terra. - Sois um moderno atrasado ou um contemporâneo do futuro? - Um cartaz nas paredes de Paris em 1622. - Ver as coisas antigas com olhos novos. - A linguagem esotérica e a linguagem técnica. - Uma nova noção da sociedade secreta. - Um novo aspecto do espírito religioso
II. Os profetas do Apocalipse. - Uma Comissão do Desespero. - A metralhadora de Luís
XVI. - A Ciência não é uma Vaca Sagrada. - O Senhor Despotopoulos quer ocultar o progresso. - A lenda dos Nove Desconhecidos.
III. Ainda uma palavra sobre o realismo fantástico. - Ali existiram técnicas. - Houve a necessidade do segredo e volta a haver. - Nós viajamos no tempo. - Queremos ver, na sua continuidade, o oceano do espírito, - Novas reflexões sobre o engenheiro e o mágico. - O passado, o futuro. - O presente atrasa-se nos dois sentidos. - O ouro dos livros antigos. -Um olhar novo sobre o mundo antigo.
IV. O saber e o poder ocultam-se. - Uma visão da guerra revolucionária. - A técnica ressuscita as Guildas. - O regresso à idade dos Adeptos. - Um romancista falara verdade: existem Centrais de Energia. -Da monarquia à criptocracia. - A sociedade secreta, futura forma de governo. - A própria inteligência é uma sociedade secreta. -Batem à porta.
A ALQUIMIA COMO EXEMPLO
I. Um alquimista no Café Procope, em 1953. - Conversa a propósito de Gurdjieff. - Um homem que pretende saber que a pedra filosofal é uma realidade. - Bergier arrasta-me a toda velocidade para um estranho atalho. -Aquilo que veio liberta-me do imbecil desprezo pelo progresso. -O nosso pensa mento secreto a respeito da alquimia: nem revelação, nem tentativa. - Rápida meditação sobre a espiral e a esperança.
II. Cem mil livros que nunca são interrogados. - Pede-se uma expedição científica ao país da alquimia. - Os inventores. - O delírio pelo mercúrio. - Uma linguagem cifrada. - Terá existido outra civilização atômica? - Os pilares do museu de Bagdá. -Newton e os grandes iniciados. -Helvétius e Spinoza perante o ouro filosofal. - Alquimia e física moderna. - Uma bomba de hidrogênio sobre um fogão de cozinha. Materializar, hominizar, espiritualizar.
III. Onde se vê um pequeno judeu preferir o mel ao açúcar. Onde um alquimista, que poderia ser o misterioso Fulcanelli, fala do perigo atômico em 1937, descreve a pilha atômica e evoca as civilizações desaparecidas. - Onde Bergier corta um cofre-forte com um maçarico e anda com uma garrafa de urânio debaixo do braço. - Onde um maior americano anônimo procura um Fulcanelli definitivamente oculto. - Onde Oppenheimer canta um dueto com um sábio chinês de há mil anos atrás.

O alquimista moderno e o espírito de investigação. -Descrição do que faz um alquimista no sem laboratório. -A repetição indefinida da experiência. - O que espera ele? - A preparação das trevas. - O gás eletrônico. - A água dissolvente. - Será a pedra filosofal emergia em suspensão? - A transmutação do próprio alquimista. - Para além começa a verdadeira metafísica.
Há tempo para tudo. - Há mesmo um tempo para que os tempos se reencontrem.
AS CIVILIZAÇÕES DESAPARECIDAS
I. Onde os autores descrevem o extravagante e maravilhoso Senhor Fort. - O incêndio do sanatório das coincidências exageradas. - O Senhor Fort vítima do conhecimento universal. - Quarenta mil notas sobre as tempestades de pervincas, as chuvas de rãs e os aguaceiros de sangue. -O Livro dos Danados. -Um certo Professor Kreyssler. - Elogio e ilustração do intermediarismo. - O eremita do Bronx ou o Rabelais cósmico. -Onde os autores visitaram a catedral de Santo Algures. - Bom apetite, Senhor Fort!
II. Uma hipótese para a fogueira. - Onde o eclesiástico e o biologista fazem o papel de cômicos. - Pede-se um Copérnico da antropologia. - Muitos espaços brancos em todos os mapas. O Doutor Fortune não é curioso. -O mistério da platina derretida. - Barbantes que são livros - A árvore e o telefone. - Um relativismo Cultural. - E agora, uma boa historieta!
III. Os nove bilhões de nomes de Deus
Onde os autores, que não são nem muito crédulos, nem muito incrédulos, se interrogam a respeito da Grande Pirâmide. - E se existissem outras técnicas? - O exemplo hitleriano. - O império de Almançor. - Muitos fins do mundo. - A impossível ilha de Páscoa. - A tenda do Homem Branco. -As civilizações da América. - O mistério maia. - Da ponte de luz à estranha planície de Nazca. - Onde os autores não passam de pobres quebradores de pedras.
Memória mais antiga do que nós... - Onde os autores voltam a encontrar pássaros metálicos. -História de um curioso mapa do mundo. - Bombardeamentos atômicos e naus interplanetárias nos textos sagrados. -Outra idéia sobre as máquinas. - O culto pelo cargo. -Outra visão do esoterismo. - A sagração da inteligência. - Mais uma história, por favor.

VI. Um cântico para São Leibowitz
SEGUNDA PARTE
ALGUNS ANOS NO ALGURES ABSOLUTO
I. Todas as bolas no mesmo saco. - Os desesperos do historiador. - Procura-se inteligência mais sutil. - Dois amadores do insólito. - No fundo do Lago do diabo. - Um antifascismo oco. - Bergier e eu perante a imensidão do estranho. - Tróia também era uma tenda. - A história em atraso. Do visível banal ao invisível fantástico. - Apólogo do escaravelho de ouro. - Pode ouvir-se a ressaca do futuro. - Há apenas as frias mecânicas
II. Na Tribuna das Nações recusam o Diabo e a loucura. - Há no entanto uma luta dos deuses. - Os alemães e a Atlântida. - Um socialismo mágico. - Uma religião e uma ordem secretas. - Uma expedição às regiões ocultas, - O primeiro guia será poeta.
III. Onde se falará de P.J. Toulet, escritor menor. -Mas é de Arthur Machen que se trata. - Um grande gênio desconhecido. - Um Robinson Crusoé da alma. - História dos anjos de Mons. -Vida, aventuras e desgraças de Machen. - Como descobrimos uma
sociedade secreta inglesa. - Um prêmio Nobel com máscara preta. - A Golden Dawn, suas filiações, seus membros e seus chefes. - A razão por que vamos citar um texto de Machen. - Os acasos mostram zelo
O texto de Arthur Machen. - Os verdadeiros pecadores como os verdadeiro.: santos são ascetas. - O verdadeiro Mal assim como o verdadeiro Bem nada tem a ver como o mundo vulgar. - O que é pecado é conquistar o céu de assalto. O verdadeiro Mal torna¬se cada vez mais raro. - O materialismo inimigo do Bem e ainda mais do Mal. - Apesar de tudo existe hoje qualquer coisa. - Se estais realmente interessados.
A Terra oca, o mundo gelado, o homem novo. - Nós somos inimigos do espírito. Contra a natureza e contra Deus. -A sociedade do Vril. A raça que nos suplantará. Haushoffer e o Vril. - A idéia de mutação do homem. O Superior Desconhecido. -Mathers, chefe da Golden Dawn, encontra os Grandes Terrificantes. -Hitler diz que também os viu, - Uma alucinação ou uma presença real? - A porta aberta sobre outra coisa. - Uma profecia de René Guénon. - O primeiro inimigo dos nazistas: Steiner.

VI. Um ultimato aos cientistas. - O projeta Horbiger, Copérnico do século XX. - A teoria do mundo gelado. - História do sistema solar. - O fim do mundo. - A Terra e suas quatro luas. -Aparição dos gigantes. - As luas, os gigantes e os homens. -A civilização da Atlântida. -As cinco cidades de há 300.000 anos. - De Tiahuanaco às múmias tibetanas. - A segunda Atlântida. - O Dilúvio. - Degenerescência e cristandade. ¬Aproximamo-nos de outra era. - A lei do gelo e do jogo.
VII. Horbiger ainda tem um milhão de discípulos. - A expectativa do messias. - Hitler e o esoterismo em política. - A ciência nórdica e o pensamento mágico. -Uma civilização inteiramente diferente da nossa. - Gurdjieff, Horbiger, Hitler e o homem responsável do cosmo. - O ciclo do fogo. - Hitler fala. - O fundo do anti-semitismo nazista. - Marcianos em Nuremberg. - O antipacto. O verão do foguete. - Stalingrado ou a queda dos magos. A prece sobre o Elbruz. - O pequeno homem vencedor do super-homem. - É o homem pequeno que abre as porias do céu. -O crepúsculo dos Deuses. - A inundação do metropolitano de Berlim e o mito do Dilúvio. - Morte caricatural dos projetas. - O coro de Shelley.
VIII. A Terra é oca. - Vivemos no interior. - O Sol e a Lua estão no centro da Terra. - O radar a serviço dos magos. - Uma religião nascida na América. - O seu projeta alemão era aviador. - O anti-Einstein. - Um trabalho de louco. - A Terra oca, os satélites artificiais e os alérgicos à noção do infinito. - Uma arbitragem de Hitler. - Para além da coerência.
Levam-nos água ao nosso horrível moinho - O jornal dos Louros. -O Padre Lenz. - Uma circular da Gestapo. - A última prece de Dietrich Eckardt. - A lenda de Tule. - Um viveiro de médiuns. - Haushoffer, o mágico. - Os silêncios de Hess. - A suástica e os mistérios da casa Ipatiev. - Os sete homens que queriam modificar a vida. - Uma colônia tibetana. - As exterminações e o ritual. - Está mais escuro do que imaginais.
Himmler e o problema ao contrário. - A curva decisiva de 1934. - A Ordem Negra no poder. - Os monges guerreiros com cabeças de morte. - A iniciação nos Burgs. - A última prece de Sievers. - Os estranhos trabalhos da Ahnenerbe. - O grande-sacerdote Frederico Hielscher. - Um apontamento esquecido de Jünger. - O sentido de uma guerra e de uma vitória.

TERCEIRA PARTE
O HOMEM, ESSE INFINITO - UMA NOVA INSTITUINDO - I. O Fantástico no fogo e no sangue. - As barreiras da incredulidade. - O primeiro joguete. - Burgueses e operários da Terra. - Os fatos falsos e a ficção verdadeira, - Os mundos habitados. - Os visitantes vindos de algures. - As grandes comunicações. -Os mitos modernos. -Do realismo fantástico . em psicologia. - Para uma exploração do fantástico interior. - Exposição do método. - Uma concepção diferente da liberdade.
O FANTÁSTICO INTERIOR - II. Pioneiros: Balzac, Hugo, Flammarion. - Jules Romains e a mais vasta interrogação. - O fim do positivismo. - O que é a parapsicologia? - Fatos extraordinários e experiências autênticas. -O exemplo do Titanic. - Vidência. -Premonição e sonho. - Parapsicologia e psicanálise. - Nosso trabalho exclui o recurso urso ao ocultismo e às falsas ciências, - Em busca da maquinaria das profundezas.
A CAMINHO DA REVOLUÇÃO PSICOLÓGICA -III. O segundo sopro do espírito. -Pede-se um Einstein da psicologia. - A idéia religiosa renasce. - A nossa sociedade está moribunda. - Jaurès e a árvore ruidosa de moscas. - O pouco que vemos é devido ao pouco que somos.
UMA REDESCOBERTA DO ESPÍRITO MÁGICO - IV. O olho verde do Vaticano. - A outra inteligência. - Fábrica do Bosque Adormecido. - História da relavote. - É possível que a natureza faça um jogo duplo. - A manivela da supermáquina. - Novas catedrais, nova gíria. - A última porta. - A existência como instrumento. - Coisas novas e razoáveis sobre os símbolos. - Nem tudo está em tudo.
A NOÇÃO DO ESTADO DE VIGÍLIA - V. A maneira dos teólogos, dos cientistas, dos magos e das crianças - Cumprimentos a um especialista em suscitar obstáculos. - O conflito espiritualismo-materialismo, ou uma história de alergia. - A tenda do chá. - E se se tratasse de uma faculdade natural? - O pensamento como forma de caminhar e de sobrevoar. - Um suplemento aos direitos do homem. - Diva sobre o homem desperto. - Nós, honestos bárbaros.
TRÊS HISTÓRIAS PARA SERVIREM DE EXEMPLO - VI. História de tom grande matemático em estado selvagem. - História do mais espantoso clarividente. -História de um cientista de amanhã que vivia em 1750.
PARADOXOS E HIPÓTESES SOBRE O HOMEM DESPERTO - VII. Por que motivo as nossas três histórias desiludiram alguns leitores. - Não sabemos nada de sério sobre a levitação, a imortalidade etc. -No entanto o homem tem o dom dá ubiqüidade, ele vê a distância etc. -A que chamais uma máquina? - Como poderia ter nascido o primeiro homem desperto. - Sonho fabuloso mas racional sobre as civilizações desaparecidas. - Apólogo da pantera. - A escrita de Deus.
ALGUNS DOCUMENTOS SOBRE O ESTADO DE VIGÍLIA - VIII. Uma antologia a fazer. - As opiniões de Gurdjieff. -A minha passagem pela escola de vigília. - Uma história de Raymond Abellio. - Considerações de René Alleau sobre o estado de consciência superior. - Um texto admirável de Gustav Meyrinck, gênio ignorado.
O PONTO PARA ALÉM DO INFINITO - IX. Do Surrealismo ao Realismo Fantástico. - O Ponto Supremo. - Desconfiar das imagens. - A loucura de Georg Cantor. - O iogue e o matemático. -Uma aspiração fundamental do espírito humano. - Um excerto de uma
genial novela de Jorge Luís Borges.
DIVAGAÇÕES SOBRE OS MUTANTES - X. O garoto astrônomo. - Uma subida de temperatura na inteligência. Teoria das mutações. - O mito dos Grandes Superiores. -Os Mutantes entre nós. - Do Horla a Leonardo Euler. - Uma sociedade invisível dos Mutantes. - Nascimento do ser coletivo. - O amor pelo vivo.
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obviousmag.org

O Despertar dos Mágicos (79). Leonardo Euler (1707-1783) é geralmente considerado um dos maiores matemáticos de todos os tempos


Da mesma forma que a ilha ou a galáxia dos seres superiores corresponde ao velho sonho das Ilhas Bem-Aventuradas, os poderes paranormais correspondem ao arquétipo dos deuses gregos. Mas, se nos colocarmos no plano do real, apercebemo-nos de que todos esses poderes seriam perfeitamente inúteis para seres que vivessem numa civilização moderna. De que serve a telepatia quando se tem a rádio? De que serve a levitação, quando há o avião? Se o homem transformado existe, o que estamos tentados a acreditar, ele dispõe de um poder muito superior a tudo o que a imaginação pode sonhar. De um poder que o homem vulgar não explora: ele dispõe da inteligência.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

As nossas ações são irracionais e a inteligência não desempenha senão um papel ínfimo nas nossas decisões. Pode imaginar-se o Ultra-Humano, novo escalão da vida sobre o planeta como um ser racional, e já não apenas um ser que raciocina, um ser dotado de uma inteligência objetiva permanente, que toma decisões apenas depois de examinar lúcida e completamente a massa de informações em seu poder. Um ser cujo sistema nervoso fosse uma fortaleza capaz de resistir a qualquer assalto das impulsões negativas. Um ser de cérebro frio e rápido, equipado com uma memória total, infalível. Se o homem transformado existe, provavelmente ele é esse ser que fisicamente parece um humano, mas que dele difere radicalmente pelo simples fato de que ele controla a sua inteligência e a emprega sem um segundo de descanso. Esta visão parece simples. No entanto ela é mais fantástica que tudo o que a literatura de ficção científica nos sugere. Os biologistas principiam a distinguir as modificações químicas que seriam necessárias à criação dessa nova espécie.
As experiências sobre os tranqüilizantes, sobre o ácido lisérgico e seus derivados mostraram que bastaria uma dose muito pequena de certos compostos orgânicos ainda desconhecidos para nos proteger contra a permeabilidade excessiva do nosso sistema nervoso e assim nos permitir exercer em todas as ocasiões uma inteligência objetiva. Tal como existem homens transformados fenil-cetônicos cuja química está menos adaptada à vida do que a nossa, também é admissível pensar que existem homens transformados cuja química está mais adaptada do que a nossa à vida neste mundo em transformação. São esses superiores, cujas glândulas segregariam espontaneamente tranqüilizantes e substâncias susceptíveis de desenvolver a atividade cerebral, que seriam os anunciadores da espécie destinada a substituir o homem. O seu local de residência não seria uma ilha misteriosa ou um planeta proibido. A vida foi capaz de criar seres adaptados aos abismos submarinos ou à atmosfera rarificada dos cumes mais altos.
É igualmente capaz de criar o ser ultra-humano para o qual a habitação ideal é Metrópolis, a terra fumegante de fábricas, a terra trepidante de negócios, a terra vibrante de cem novas radiações. . . A vida nunca está perfeitamente adaptada, mas tende para a adaptação perfeita. Porque se relaxaria essa tensão desde que o homem foi criado? Porque não prepararia ela melhor que o homem, através do homem? E esse homem segundo o homem talvez já tenha nascido. A vida, disse o doutor Loren Eiseley, é uma grande ribeira sonhadora que desliza através de todas as aberturas, modificando-se e adaptando-se à medida que avança 1. A sua aparente estabilidade é uma ilusão engendrada pela própria brevidade dos nossos dias. Nós não vemos o ponteiro das horas dar a volta ao mostrador: da mesma forma não vemos uma forma de vida fundir-se noutra.
Este livro tem como objetivo expor fatos e sugerir hipóteses, de forma alguma promover cultos. Nós não pretendemos conhecer seres superiores. No entanto, se admitimos a idéia de que o ser superior perfeito está perfeitamente camuflado, admitiremos a idéia de que a natureza falhe no seu esforço de criação ascensional e ponha em circulação seres superiores imperfeitos que são, estes, visíveis.
Nesse ser transformado imperfeito, as qualidades mentais excepcionais misturam-se com os defeitos físicos. Tal é o caso, por exemplo, de numerosos computadores prodígios. O melhor especialista na matéria, o professor Robert Tocquet, declara a este respeito: Vários computadores foram a princípio considerados como crianças atrasadas. O computador prodígio belga Oscar Verhaeghe, aos dezessete anos, exprimia-se como um bebê de dois anos. Para mais, já dissemos que Zerah Colburn apresentava um sinal de degenerescência: um dedo suplementar em cada membro. Outro computador prodígio, Prolongeau, nascera sem braços nem pernas. Mondeux era histérico... Oscar Verhaeghe, nascido a 16 de Abril em Bousval, na Bélgica, numa família de modestos funcionários, pertence ao grupo de computadores cuja inteligência está muito abaixo da média. As elevações às diversas potências de números formados pelos mesmos números é uma das suas especialidades. Assim, 888,888,888,888,888 é elevado ao quadrado em 40 segundos e 9,999,999 é elevado à quinta potência em 60 segundos, incluindo o resultado 35 números. . .
Degenerados ou seres superiores falhados? Eis aqui talvez um caso de homem transformado completo: o de Leonardo Euler, o qual estava em relações com Roger Boscovitch', cuja história contamos num capítulo anterior.
Leonardo Euler (1707-1783) é geralmente considerado um dos maiores matemáticos de todos os tempos. Mas esta classificação é pequena demais para demonstrar as qualidades supra-humanas do seu espírito. Ele folheava as obras mais complexas em alguns instantes e era capaz de recitar completamente todos os livros que lhe tinham passado pelas mãos desde que aprendera a ler. Conhecia a fundo a física, a química, a zoologia, a botânica a geologia, a medicina, a história, as literaturas grega e latina. Em todas essas disciplinas, nenhum homem do seu tempo o igualou.
Possuía o poder de se isolar totalmente, quando lhe apetecesse, do mundo exterior, e de prosseguir um raciocínio acontecesse o que acontecesse. Perdeu a vista em 1766, o que não o afetou. Um dos seus alunos contou que durante uma discussão sobre cálculos que atingiam a décima sétima decimal, um desacordo se produziu no momento de estabelecer a décima quinta. Então Euler refez, com os olhos fechados, o cálculo numa fração de segundo. Via relações, ligações, que escapavam ao resto da humanidade culta e inteligente. Foi assim que descobriu idéias matemáticas novas e revolucionárias nos poemas de Virgílio. Era um homem simples e modesto e todos os seus contemporâneos estão de acordo sobre o fato de que a sua principal preocupação era a de passar desapercebido. Euler e Boscovitch viviam numa época em que os sábios eram respeitados, em que não corriam o risco de ser presos por idéias políticas ou obrigados pelo governo a fabricar armas. Se tivessem vivido no nosso século, talvez se tivessem organizado de forma a disfarçarem-se por completo. Talvez existam atualmente alguns Euler e Boscovitch. Talvez passem a nosso lado disfarçados de professores de aldeia ou de agentes de seguros, homens transformados inteligentes e racionais, munidos de uma memória absoluta e de uma inteligência constantemente lúcida.
Formarão esses homens transformados uma sociedade invisível? Nenhum ser humano vive só. Ele só se pode realizar no seio de uma sociedade. A sociedade humana que conhecemos demonstrou mais do que suficientemente que é hostil à inteligência objetiva e à imaginação livre: Giordano Bruno queimado, Einstein exilado, Oppenheimer vigiado. Se existem seres superiores que correspondem à nossa descrição, tudo leva a pensar que eles trabalham e comunicam entre si no interior de uma sociedade sobreposta à nossa, e que sem dúvida se estende pelo Mundo inteiro. Que eles comuniquem servindo-se de meios psíquicos superiores, como a telepatia, parece-nos uma hipótese infantil.
Mais perto do real, e portanto mais fantástica, nos parece a hipótese segundo a qual eles se serviriam de comunicações humanas normais para fazer circular mensagens e informações para seu serviço exclusivo. A teoria geral da informação e a semântica mostram bastante bem que é possível redigir textos com duplo, triplo ou quádruplo sentido. Existem textos chineses com sete significações encerradas umas nas outras.Um herói do romance de Van Vog, À la Poursuite des Slans, descobre a existência de outros seres superiores ao ler o jornal e ao decifrar artigos aparentemente inofensivos. Tal rede de comunicação dentro da nossa literatura, da nossa imprensa, etc., é concebível.
O New York Herald Tribune publicava a 15 de Março de 1958 um estudo do seu correspondente em Londres sobre uma série de mensagens enigmáticas publicadas nos pequenos anúncios do Times. Essas mensagens tinham chamado a atenção dos especialistas da criptografia e das diversas polícias, pois era manifesto que tinham um segundo sentido. Mas esse sentido escapara a todos os esforços de decifração. Existem sem dúvida meios de comunicação menos decifráveis ainda. Tal romance de terceira ordem, tal obra técnica, tal livro de filosofia aparentemente sem valor, talvez transmitam secretamente complexos estudos, mensagens dirigidas a inteligências superiores, tão diferentes da nossa como esta é da de um grande macaco.
Louis de Broglie escreve: Nunca devemos esquecer quanto os nossos conhecimentos continuam limitados e de que imprevistas evoluções são susceptíveis. Se a civilização humana subsiste, a física poderá dentro de alguns séculos ser tão diferente da nossa como esta é da física de Aristóteles. Talvez as concepções ampliadas que então atingiremos nos permitam englobar numa mesma síntese, onde cada um encontrará o seu lugar, o conjunto dos fenômenos físicos e biológicos. Se o pensamento humano, eventualmente tornado mais potente por qualquer mutação biológica, viesse um dia a elevar-se até lá, aperceber-se-ia, com uma clareza que nós nem sequer suspeitamos, da unidade dos fenômenos que distinguimos com o auxílio dos adjetivos físico-químicos biológicos ou mesmo psíquicos. E se esta mutação já se tivesse produzido? Um dos maiores biologistas franceses, Morand, inventor dos tranqüilizantes, admite que os homens transformados apareceram ao longo da história e da humanidade 2: Os homens transformados foram, entre outros, Maomé, Confúcio, Jesus Cristo. . . Talvez existam muitos outros.
Não é de forma nenhuma inverossímil que, na época evolutiva em que nos encontramos, seres superiores considerem inútil apresentar-se como exemplos ou pregar qualquer nova forma de religião. Há mais que fazer, presentemente, do que dirigir-se ao indivíduo. Não é improvável que eles considerem necessária e benéfica a subida da nossa humanidade a caminho da coletividade. Finalmente não é improvável que eles considerem desejável o nosso sofrimento de parto, e mesmo feliz qualquer grande catástrofe susceptível de apressar a tomada de consciência da tragédia espiritual que constitui na sua totalidade o fenômeno humano. Para agir, para que se precise ò desvio que talvez nos arraste a todos para qualquer forma de ultra-humano que eles já possuem, talvez lhes seja necessário continuar escondidos, manter secreta a coexistência, enquanto se elabora, a despeito das aparências e talvez até graças à sua presença, a alma nova para um mundo novo que nós chamamos, quanto a nós, com toda a força do nosso amor.
Eis-nos nas fronteiras do imaginário. Precisamos de parar. Apenas pretendemos sugerir o maior número possível de hipóteses não completamente insensatas. Entre elas, muitas serão, provavelmente, de desprezar. Mas se algumas abrirem à investigação portas até aqui dissimuladas, não teremos trabalhado em vão; não nos teremos exposto inutilmente ao ridículo. O segredo da vida pode ser encontrado. Se me fosse dada a ocasião. não a deixaria escapar por receio da chacota'.
Toda a reflexão sobre os seres superiores conduz a uma meditação sobre a evolução, sobre os destinos da vida e do homem. O que é o tempo, à escala cósmica onde é necessário situar a história terrestre? Se assim posso dizer, não estará o futuro latente por toda a eternidade? Na aparição dos seres superiores tudo se passa, talvez, como se a sociedade humana fosse por vezes atingida por uma ressaca do futuro, visitada pelas testemunhas do conhecimento ainda por vir. Os seres superiores não serão a memória do futuro, de que o grande cérebro da humanidade é talvez dotado?
Outra coisa: a idéia de mutação favorável é evidentemente ligada à idéia de progresso. Esta hipótese de uma mutação pode ser levada para o plano científico mais positivo. É perfeitamente certo que as regiões mais recentemente adquiridas pela evolução, e as menos especializadas, quer dizer, as zonas silenciosas da matéria cerebral, são as últimas a amadurecer. Alguns neurologistas pensam com razão que há ali outras possibilidades que o futuro da espécie nos revelará.
O indivíduo poderia vir a gozar de outras possibilidades. Uma individualização superior. E, no entanto, o futuro das sociedades bem nos parece orientado em direção a uma coletivização cada vez maior. Será contraditório? Não cremos. A nossos olhos, a existência não é contradição, mas complementaridade e síntese transcendental.
Numa carta ao seu amigo Laborit, o biologista Morand escreveu: O homem tornado perfeitamente lógico, tendo abandonado toda a paixão assim como toda a ilusão, transformar-se-á numa célula do continuum vital que constitui uma sociedade chegada ao mais alto termo da sua evolução: é evidente que ainda lá não chegamos, mas não creio que possa haver evolução sem isso. Então, e só então, emergirá essa consciência universal do ser coletivo, em direção à qual nos encaminhamos.
Perante esta visão, altamente provável, sabemos muito bem que os partidários do velho humanismo que forjou a nossa civilização se desesperam. Imaginam o homem daqui em diante sem finalidade, entrando na sua fase de declínio. Tornado perfeitamente lógico, tendo abandonado toda a paixão assim como toda a ilusão. . . Mas como o homem transformado em centro de inteligência radiante poderia estar a caminho do declínio? Com certeza, o Eu psicológico, aquilo a que chamamos a personalidade, estaria em vias de desaparecer. Mas não cremos que essa personalidade seja a últimariqueza do homem. Neste ponto, creio que somos religiosos. É o signo da nossa época, o fato de todas as observações ativas se rematarem numa visão da transcendência. Não, a personalidade não é a última riqueza do homem.
Ela não passa de um dos instrumentos que lhe são dados para passar ao estado de vigília. Feita a obra, o instrumento desaparece. Se tivéssemos espelhos capazes de nos mostrar essa personalidade à qual damos tanta importância, não lhe suportaríamos a vista, tantos são os monstros e as larvas que por lá formigam. Só o homem realmente desperto ali se poderia debruçar sem se arriscar a morrer de pavor, pois então o espelho não refletiria mais nada, seria puro. Este é o verdadeiro rosto que, no espelho da verdade, não é refletido. Neste sentido, nós ainda não temos rosto.
E os deuses não nos falarão frente a frente senão quando nós próprios tivermos um rosto. Aludindo à diferença entre o Eu psicológico, móvel e limitado (moi em francês) e o Eu racional, ativo e desembaraçado (je em francês), Rimbaud já dizia: Je est un autre (Eu é um outro). É o Eu imóvel, transparente e puro, cujo entendimento e infinito: todas as tradições incitam o homem a abandonar tudo para lá chegar. Poder-se-ia dar o caso de que estivéssemos numa época em que o próximo futuro fale a mesma linguagem que o mais longínquo passado. Fora destas considerações sobre as possibilidades outras do espírito, o pensamento, mesmo o mais generoso, só distingue contradições entre consciência individual e consciência universal, vida pessoal e vida coletiva. Mas um pensamento que vê contradições no que está vivo é um pensamento doente. A consciência individual realmente desperta entra no universal. A vida pessoal, concebida e utilizada toda como instrumento de vigília, funde-se sem perigo na vida coletiva.
Finalmente, não se afirma aqui que a constituição deste ser coletivo seja o termo máximo da evolução. O espírito da Terra a alma do que está vivo não acabaram de emergir. Os pessimistas, perante os grandes acontecimentos visíveis que produz essa secreta emergência, dizem que é pelo menos necessário tentar salvar o homem. Mas esse homem não é para salvar, ele é para mudar.
O homem da psicologia clássica e das filosofias correntes está ultrapassado, condenado à inadaptação. Quer haja mutação ou não, é outro homem que convém entrever para ajustar o fenômeno humano ao destino em marcha. Então, não é uma questão nem de pessimismo, nem de otimismo: é uma questão de amor. No tempo em que eu pensava possuir a verdade na minha alma e no meu corpo, em que imaginava ter em breve a solução para tudo, na escola do filósofo Gurdjieff há uma palavra que nunca ouvi pronunciar: a palavra amor. Não disponho hoje de qualquer certeza absoluta.
Imagem: Leonhard Euler
web.me.com

O Despertar dos Mágicos (78). o. . . Horla. . . ouvi. . . o Horla. . . é ele. . . o Horla... ele chegou!


-Formidável. É verdade, formidável.
O tom indiferente da minha voz espantou-me. Ansioso, Carlos Argentino insistia:
- Viste tudo bem, a cores?

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

Nesse instante idealizei a minha vingança. Benevolente, manifestamente apiedado, nervoso, evasivo, agradeci a Carlos Argentino Daneri a hospitalidade que me dera na sua cave, e aconselhei-o a aproveitar a demolição da sua casa para se afastar da perniciosa capital que não perdoa a ninguém, acredita, a ninguém! Recusei-me, com energia suave, a discutir o Aleph; abracei-o, ao despedir-me, e repeti-lhe que o campo e a serenidade eram dois grandes médicos.
Na rua, na escadaria da Constitución, no metropolitano, todos os rostos me pareciam familiares. Receei que não houvesse mais nada no Mundo capaz de me surpreender; receei nunca mais me libertar do sentimento do já visto. Felizmente, após algumas noites de insônia, o esquecimento apoderou-se novamente de mim.
DIVAGAÇÕES SOBRE OS MUTANTES
O garoto astrônomo. - Uma subida de temperatura na inteligência. - Teoria das mutações. - O mito dos Grandes Superiores. -Os Transformados entre nós. Do Horla a Leonardo Euler. - Uma sociedade invisível dos Transformados. -Nascimento do ser coletivo. O amor pelo vivo.
Durante o Inverno de 1956, o doutor J. Ford Thomson, psiquiatra do Serviço de Educação de Wolverhampton, recebeu no seu gabinete um garoto de sete anos que inquietava muito os pais e o seu mestre.
Evidentemente que ele não tinha à sua disposição as obras especializadas - escreve o doutor Thomson. - E se acaso as tivesse, ser-lhe-ia possível lê-las? No entanto, sabia as respostas exatas de problemas de astronomia extremamente complexos.
Impressionado com o exame daquele caso, o doutor resolveu Fazer um inquérito sobre o nível de inteligência dos alunos e empreendeu fazer testes a cinco mil crianças através de toda a Inglaterra, com o auxílio do Conselho de Investigações Médicas Britânicas, dos físicos de Harwell e de numerosos professores de universidades. Após dezoito meses de trabalhos pareceu-lhe evidente que se estava a dar uma brusca subida de temperatura na inteligência.

Nas últimas 90 crianças de sete a nove anos que interrogamos, 26 tinham um coeficiente intelectual de 140, o que equivale ao gênio, ou quase. Creio, prossegue o doutor Thomson, que o estrôncio 90, produto radioativo que penetra no corpo, pode ser
o responsável. Este produto não existia antes da primeira explosão atômica.

Dois sábios americanos, C. Brooke Worth e Robert K. Enders, num importante trabalho intitulado The Nature of Living things, julgam poder demonstrar que o agrupamento de genes está atualmente alterado e que, sob o efeito de influências ainda misteriosas, uma nova raça de homens está a surgir, dotada de poderes intelectuais superiores. Trata-se, evidentemente, de uma tese discutível. No entanto, o especialista Lewis Terman, depois de ter estudado durante trinta anos as crianças prodígios, chega às seguintes conclusões:
A maior parte das crianças prodígios perdiam as suas qualidades ao atingir a idade adulta. Parece, agora, que se tornam adultos superiores, de uma inteligência sem medida comum com os humanos de tipo corrente. Tem trinta vezes mais atividade que um homem normal bem dotado. O seu índice de êxito está multiplicado por vinte e cinco. A sua saúde é perfeita, assim como o equilíbrio sentimental e sexual. Finalmente, escapam às doenças psicossomáticas, inclusivamente o cancro. Será certo?
O que é certo é que assistimos a uma aceleração progressiva, no Mundo inteiro, das faculdades mentais, correspondendo aliás à das faculdades físicas. O fenômeno é tão evidente que outro sábio americano, o doutor Sydney Pressey, da Universidade de Ohio, acaba de estabelecer um plano para a instrução das crianças precoces, susceptível, segundo ele, de fornecer trezentas mil grandes inteligências por ano.
Estaremos nós a assistir à apariçãode seres que se nos assemelham exteriormente e que, no entanto, são diferentes? É este formidável problema que vamos estudar. O que é certo é que assistimos ao nascimento de um mito: o do homem transformado'. O nascimento deste mito, na nossa civilização técnica e científica, não pode deixar de ter o seu significado e o seu valor dinâmico. Antes de abordar este assunto, convém notar que a subida de temperatura da inteligência, constatada entre as crianças, conduz à idéia simples, prática, racional, de uma melhoria progressiva da espécie humana por meio da técnica.
A técnica desportiva moderna demonstrou que o homem possui recursos físicos ainda longe de estarem esgotados. As experiências em curso sobre o comportamento do corpo humano nos foguetões interplanetários provaram uma resistência insuspeitada. Os sobreviventes dos campos de concentração puderam medir a extraordinária possibilidade de defesa da vida e descobrir consideráveis recursos na interação entre o psiquismo e o físico.
Finalmente, no que se refere à inteligência, a recente descoberta das técnicas mentais e dos produtos químicos susceptíveis de ativar a memória, de reduzir a zero o esforço de memorização, abre perspectivas extraordinárias. Os princípios da ciência não são de forma nenhuma inacessíveis a um espírito normal. Se se alivia o cérebro do aluno e do estudante do enorme esforço de memória que é obrigado a fazer, tornar-se-á perfeitamente possível ensinar a estrutura do núcleo e a tabela periódica dos elementos aos alunos da quarta classe e fazer compreender a relatividade e os quanta a um estudante do 7º ano. Por outro lado, quando os princípios da ciência estiverem divulgados de forma maciça em todos os países, quando houver cinqüenta ou cem vezes mais investigadores, a multiplicação das idéias novas, a sua fecundação natural, as suas aproximações multiplicadas produzirão o mesmo efeito que um aumento do número de gênios.
Um efeito até melhor, pois o gênio é muitas vezes instável e anti-social. Aliás é provável que uma ciência nova, a teoria geral da informação, permita dentro em breve precisar quantitativamente a idéia que nós aqui expomos de forma qualitativa. Dividindo equitativamente entre os homens os conhecimentos de que a humanidade já dispõe, e encorajando-os às permutas de maneira a produzir novas combinações, aumentar-se-á o potencial intelectual da sociedade humana tão rapidamente e seguramente como multiplicando o número dos gênios.
Esta visão deve ser mantida paralelamente à visão mais fantástica do homem transformado.
O nosso amigo Charles-Noel Martin, numa retumbante comunicação, revelou os efeitos acumulativos das explosões atômicas. As radiações espalhadas no decurso das experiências desenvolvem os seus efeitos em proporção geométrica. A espécie humana arriscar-se-ia portanto a ser vítima de mutações desfavoráveis. Para mais, há cinqüenta anos que o rádio é utilizado em toda a parte do Mundo sem um controlo sério. Os raios X e certos produtos químicos radioativos são explorados em inúmeras indústrias. Em que proporção e de que forma essa irradiação atinge o homem moderno? Ignoramos tudo do sistema das mutações. Não se poderiam produzir igualmente mutações favoráveis? Tomando a palavra durante uma conferência atômica de Genebra, sir Ernest Rock Carling, patologista ligado ao Home Office, declarou: Pode
igualmente esperar-se que, numa limitada proporção de casos, essas mutações produzam um efeito favorável e dêem uma criança de gênio. Sob o risco de chocar a venerável assistência, afirmo que a mutação que nos dará um Aristóteles, um Leonardo da Vinci, um Newton, um Pasteur ou um Einstein compensará largamente os noventa e nove outros que tiverem resultado bastante menos brilhantes.
Primeiro uma palavra sobre a teoria das mutações.
No final do século, A. Weisman e Hugo de Vriés renovaram a idéia que até ali se fazia da evolução. Estava na moda o átomo cuja realidade começava a manifestar-se na física. Eles descobriram o átomo de hereditariedade e localizaram-no nos cromossomos. A nova ciência de genética assim criada trouxe à luz os trabalhos efetuados na segunda metade do século XIX pelo monge checo Gregor Mendel. Parece ser hoje indiscutível que a hereditariedade é alterada pelos genes. Estes são fortemente protegidos contra o meio exterior. No entanto, parece que as radiações atômicas, os raios cósmicos e certos venenos violentos como a colquicina podem atingi-los ou duplicar o número dos cromossomos.
Observou-se que a frequência das mutações é proporcionada à intensidade da radioatividade. Ora a radioatividade é hoje trinta e cinco vezes superior ao que era no princípio do século. Foram apresentados exemplos precisos de seleção produzindo-se nas bactérias por mutação genética sob a ação dos antibióticos, por Luria e Debruck em 1943, e por Demerec em 1945. Nesses trabalhos vemos operar-se a mutação¬seleção tal como Darwin a imaginara. Mitchourine e Lissenko, os adversários da tese de Lamarck sobre a hereditariedade dos caracteres adquiridos, parecem portanto ter razão. Mas poder-se-á generalizar, e supor que o caso das bactérias se repete nas plantas, nos animais, no homem? O caso já não parece duvidoso. Existirão mutações genéticas controláveis na espécie humana? Sim. Um dos casos indiscutíveis é o seguinte: Este caso é extraído dos arquivos do hospital especial inglês para doenças infantis, em Londres.
O doutor Louis Wolf, diretor desse hospital, pensa que nascem em Inglaterra trinta crianças com mutação fenil-cetónica por ano. Estas crianças possuem genes que não produzem no sangue certos fermentos em ação no sangue normal, e são portanto incapazes de dissociar a fenil-alamina. Essa incapacidade torna a criança vulnerável à epilepsia e ao eczema, provoca uma coloração cinzenta dos cabelos e torna o adulto vulnerável às doenças mentais. Uma certa raça fenil-cetónica, à margem da raça humana normal, está portanto viva entre nós... Trata-se aqui de uma mutação desfavorável: mas poder-se-á recusar todo o crédito à possibilidade de uma mutação favorável? Alguns seres transformados poderiam ter no sangue produtos susceptíveis de melhorar o seu equilíbrio físico e de aumentar bastante acima do nosso o seu coeficiente de inteligência.
Eles poderiam transportar nas suas veias tranqüilizantes naturais, colocando-os ao abrigo dos choques psíquicos da vida social e dos complexos de angústia. Formariam portanto uma raça diferente da raça humana, superior a ela. Os psiquiatras e os médicos descobrem as deficiências. De que forma descobrir aquilo que vai melhor que bem?
Na ordem das mutações é necessário distinguir vários aspectos. A mutação celular que não atinge os genes, que não afeta a descendência, é nossa conhecida sob a sua forma desfavorável: o cancro, a leucemia são mutações celulares. Em que medida não se poderiam produzir mutações celulares favoráveis, generalizadas em todo o organismo? Os místicos falam da aparição de uma carne nova, de uma transfiguração.
A mutação genética desfavorável (o caso dos fenil-cetónicos) principia também a ser nossa conhecida. Em que medida é que não se poderia produzir uma mutação favorável? Também aqui seria ainda necessário distinguir dois aspectos do fenômeno, ou antes, duas interpretações:
1º -Essa mutação, essa aparição de outra raça poderia ser devida ao acaso. A radioatividade, entre outras causas, poderia produzir uma modificação dos genes de certos indivíduos. A proteína do gene, ligeiramente atingida, não forneceria mais, por exemplo, certos ácidos que provocam em nós a angústia. Ver-se-ia aparecer outra raça: a raça do homem tranqüilo, do homem que não receia nada, que não sente nada de negativo.
Que vai à guerra tranquilamente, que mata sem inquietação, que goza sem complexos, uma espécie de autômato sem qualquer espécie de mais testemunha que criador, mas testemunha hiperlúcida das aventuras extremas da inteligência moderna, o escritor André Breton, pai do Surrealismo, não hesitava em escrever em 1942: Talvez o homem não seja o centro, o ponto de mira do Universo. Podemos sonhar que existem acima dele, na escala animal, seres cujo comportamento lhe é tão estranho como o dele pode ser ao efêmero ou à baleia. Nada se opõe necessariamente a que certos seres escapem de forma perfeita ao seu sistema de referências sensorial, graças a um disfarce de qualquer natureza que se queira imaginar, mas de que a teoria da forma e o estudo dos animais miméticos estabelecem por si só a possibilidade.
Não é de duvidar que o maior campo especulativo se oferece a esta idéia, embora ela tenda a atribuir ao homem as mesmas modestas condições de interpretação do seu próprio universo que a criança atribui a uma formiga em cima da qual acaba, com um pontapé, de derruir o formigueiro. Considerando as perturbações do tipo ciclone, de que o homem é impotente em ser outra coisa senão a vítima ou a testemunha ou as do tipo guerra, a respeito das quais noções claramente insuficientes têm sido defendidas, não seria impossível, no decorrer de um vasto trabalho ao qual jamais deveria deixar de presidir a indução mais ousada, tentar definir até as tornar verossímeis a estrutura e a complexão de tais seres hipotéticos, que se manifestam obscuramente em nós no medo e no sentimento do acaso.
Creio dever observar que não me afasto muito do testemunho de Novalis: Nós vivemos, na realidade, num animal do qual somos os parasitas. A constituição desse animal determina a nossa, e vice-versa, e não posso deixar de concordar com o pensamento de William James: Quem sabe se, na natureza, nós não ocupamos um lugar tão pequeno junto de seres insuspeitados, como os nossos gatos e os nossos cães ao viverem ao nosso lado nas nossas casas? Os próprios sábios não contra dizem todos esta opinião: Circulam talvez em redor de nós seres concebidos sobre o mesmo plano que nos, mas diferentes, homens, por exemplo, cujas albuminas seriam direitas. Assim fala Émile Duclaux, antigo diretor do Instituto Pasteur.
O homem novo vive entre nós! Ele está aqui! Isto basta-lhe? Vou dizer-lhe um segredo: eu vi o homem novo. É intrépido e cruel! Tive medo diante dele!, berra Hitler estremecendo. Outro espírito, possesso de terror, atacado pela loucura: Maupassant, lívido e a transpirar, escreve de forma precipitada um dos textos mais inquietantes da literatura francesa: Le Horla. Agora, eu sei, eu adivinho. O reino do homem terminou.
Chegou Aquele que o terror dos povos ingênuos receava. Aquele que exorcizavam os padres inquietos, que os feiticeiros evocavam nas noites sombrias, sem o ver ainda, a quem os pressentimentos dos mestres passageiros do Mundo emprestaram todas as formas monstruosas ou graciosas dos gnomos, dos espíritos, dos gênios, das fadas, dos duendes. Após as grosseiras concepções dos primitivos pavores, os homens mais perspicazes pressentiram-no com maior clareza. Mesmer adivinhara-o, e os médicos descobriram, há já dez anos, a natureza do seu poder antes que ele próprio o tenha exercido. Jogaram com a arma do Senhor novo o domínio de misterioso poder sobre a alma humana, tornada escrava. Chamaram a isso magnetismo, hipnotismo, sugestão... que sei eu? Vi-os divertir-se como crianças imprudentes com esse horrível poder! Desgraçados de nós! Desgraçado do homem! Ele chegou, o . . . o. . . Como se chama ele?. . . o. . . parece-me que ele grita o seu nome, e eu não o ouço... sim... ele grita-o... escuto... não posso. . . repete . . . o. . . Horla. . . ouvi. . . o Horla. . . é ele. . . o Horla... ele chegou!
Na sua interpretação balbuciante dessa visão cheia de deslumbramento e horror, Maupassant, homem da sua época, atribui ao superior poderes hipnóticos. A literatura moderna de ficção científica, mais próxima dos trabalhos de Rhine, de Soal, de Mac Connel que dos de Charcot, atribui-lhe poderes para-psicológicos: a telepatia, a ação a distância sobre os objetos. Alguns autores vão mais longe ainda e mostram-nos o Superior esvoaçando no espaço ou atravessando as paredes: aqui há apenas fantasia, agradável aspiração dos arquétipos dos contos de fadas.
Imagem: Guy de Maupassant (1850-1893) me tirou o sono na infancia... principalmente ...
navarandacomlanynha.blogspot.com

segunda-feira, 26 de março de 2012

O Despertar dos Mágicos (77). e à intuição dos poetas como William Blake (todo o Universo contido num grão de areia).



Borges, na sua novela, utilizou os trabalhos dos Cabalistas; dos Alquimistas e as lendas muçulmanas. Outras lendas, igualmente antigas como a humanidade, evocam esse Ponto Supremo, esse Sítio Privilegiado. Mas a época em que vivemos tem de particular isto: o esforço da inteligência pura, aplicada à investigação afastada de toda a mística e de toda a metafísica, foi dar a concepções matemáticas que nos permitem racionalizar e compreender a idéia de transfinito.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

Os mais importantes, e os mais singulares trabalhos, são devidos ao genial Georg Cantor, que viria a morrer louco. Esses trabalhos são ainda discutidos pelos matemáticos, entre os quais alguns pretendem que as idéias de Cantor são logicamente indefensáveis. Ao que os partidários do Transfinito replicam: Do Paraíso aberto por Cantor ninguém nos expulsará!
Eis como se pode resumir, grosseiramente, o pensamento de Cantor. Imaginemos dois pontos sobre esta folha de papel: A e B, distantes de 1 cm. Tracemos o segmento da direita que une A a B. Quantos pontos há sobre esse segmento? Cantor demonstra que há mais do que um número infinito. Para preencher completamente o segmento é necessário um número de pontos maior que o infinito: o número aleph.
Esse número aleph é igual a todas as suas partes. Se se dividir o segmento em dez partes iguais, haverá tantos pontos numa das partes como em todo o segmento. Se construiremos, a partir do segmento, um quadrado, haverá tantos pontos sobre o segmento como na superfície do quadrado. Se se construir um cubo, haverá tantos pontos no segmento como em todo o volume do cubo. Se construiremos, a partir do cubo, um sólido de quatro dimensões um tessaract, haverá tantos pontos no segmento como no volume de quatro dimensões do tessaract. E continua assim até ao infinito.
Nesta matemática do transfinito, que estuda os aleph, a parte é igual ao todo. É perfeitamente demencial, se nos colocarmos no ponto de vista da razão clássica, e no entanto é demonstrável. Também é demonstrável o fato de que, se se multiplicar um aleph por qualquer número, chega-se sempre ao aleph. E eis as altas matemáticas contemporâneas a juntarem-se à Tábua de Esmeralda de Hermes Trismegisto (o que está em cima é igual ao que está em baixo) e à intuição dos poetas como William Blake (todo o Universo contido num grão de areia).
Só existe um único processo de passar para além do aleph, é elevá-lo a uma potência aleph (sabe-se que A potência B significa A multiplicado por A, B vezes e, da mesma forma, aleph à potência aleph é outro aleph).
Se se chamar ao primeiro aleph zero, o segundo é aleph um, o terceiro aleph dois, etc. Aleph zero, já o dissemos, é o número de pontos contido num segmento de direita ou num volume. Demonstra-se que o aleph um é o número de todas as curvas racionais possíveis contidas no espaço. Quanto ao aleph dois, ele corresponde a um número que seria maior do que tudo o que se pode conceber no Universo. Não existem no Universo objetos em número suficientemente grande para que ao contá-los se chegue a um aleph dois. E os aleph estendem-se até ao infinito.
O espírito humano consegue portanto ultrapassar o Universo construir conceitos que oUniverso jamais poderá preencher. É um atributo tradicional de Deus, mas jamais se imaginara que o espírito pudesse apoderar-se desse atributo. Foi provavelmente a contemplação dos aleph para além de dois que tornou Cantor louco.
Os matemáticos modernos, mais resistentes ou menos sensíveis ao delírio metafísico, manipulam conceitos dessa ordem, e deles chegam a deduzir certas aplicações. Algumas dessas aplicações são de natureza a desconcertar o bom-senso. Por exemplo, o famoso paradoxo de Banach e Tarski. (Matemáticos polacos contemporâneos. Banach foi assassinado pelos alemães em Auschwitz. Tarski ainda é vivo e traduz atualmente para francês o seu monumental tratado de lógica matemática).
Segundo esse paradoxo, é possível tomar uma esfera de dimensões normais, as de uma maçã ou de uma bola de tênis, por exemplo, cortá-la em fatias e reunir em seguida essas fatias de forma a ter uma esfera mais pequena que um átomo ou maior que o sol.
Não se pode executar fisicamente a operação, porque o corte deve fazer-se segundo superfícies especiais que não têm plano tangente e que a técnica não pode realizar efetivamente. Mas a maior parte dos especialistas acham que esta inconcebível operação e teoricamente admissível, pois embora as superfícies pertençam ao universo manejável, os cálculos relativos a elas revelam justos e eficazes no universo da física nuclear. Os nêutrons deslocam-se nas pilhas descrevendo curvas que não têm tangente.
Os trabalhos de Banach e Tarski chegam a conclusões que se aproximam, de forma alucinante, dos poderes que se atribuem os iniciados hindus da técnica Samadhi: eles declaram que lhes é possível dilatar-se até à dimensão da Via Láctea ou contrair-se até a dimensão da mais pequena partícula possível. Mais perto de nós, Shakespeare faz Hamlet gritar: Ó Deus, eu desejaria estar contido todo numa casca de avelã e no entanto brilhar sobre os espaços infinitos!
É impossível, segundo nos parece, não ficar impressionado pela semelhança entre esses longínquos ecos do pensamento mágico e a lógica matemática moderna. Um antropólogo participante de um colóquio de parapsicologia em Royaumont, em 1956, declarava: Os sidis yogicos são extraordinários, pois entre eles figura a faculdade de se tornar tão pequeno como um átomo, ou tão grande como um sol ou um universo! Entre essas pretensões extraordinárias encontramos fatos positivos, que temos a presunção de supor autênticos, e fatos como estes, que nos parecem incríveis e para além de qualquer lógica. Mas é preciso acreditar que esse antropólogo ignorava simultaneamente o grito de Hamlet e as formas inesperadas que acabam de enriquecer a lógica mais pura e mais moderna: a lógica matemática.
Qual a significação profunda dessas correspondências? Como sempre neste livro, limitamo-nos a formular hipóteses. A mais romanesca e excitante, mas a menos integrante, seria admitir que as técnicas Samadhi são reais, que o iniciado consegue efetivamente tornar-se tão pequeno como um átomo e tão grande como um sol, e que essas técnicas derivam de conhecimentos provenientes de antigas civilizações que dominavam perfeitamente as matemáticas do transfinito. Para nós, trata-se de uma das aspirações fundamentais do espírito humano, que encontra a sua expressão tanto no yoga samadhi como nas matemáticas de vanguarda de Banach e Tarski.
Se os matemáticos revolucionários têm razão, se os paradoxos do transfinito têm bases, abrem-se extraordinárias perspectivas diante do espírito humano. Pode conceber-se que existam no espaço pontos aleph como o descrito na novela de Borges. Nesses pontos, todo o contínuo espaço-tempo se acha representado e o espetáculo estende-se do interior do núcleo atômico a galáxia mais longínqua.
Pode-se ir mais longe ainda: pode-se imaginar que após manipulações que implicariam ao mesmo tempo a matéria, a energia e o espírito, qualquer ponto do espaço possa tornar-se um ponto transfinito. Se tal hipótese corresponde a uma realidade físico-psico¬matemática, temos a explicação da Grande Obra dos Alquimistas e do êxtase supremo de certas religiões. A idéia de um ponto transfinito de onde todo o Universo seria perceptível é prodigiosamente abstrata. Mas as equações fundamentais da relatividade não o são menos, de onde derivam no entanto o cinema falado, a televisão e a bomba atômica. Aliás o espírito humano faz constantes progressos em direção a níveis de abstração cada vez mais elevados. Paul Langevin já fazia notar que o eletricista de bairro maneja perfeitamente a noção tão abstrata e delicada de potencial e até criou para ela um termo de calão.
Pode-se ainda imaginar que, num futuro mais ou menos longínquo, tendo o espírito humano dominado essas matemáticas do transfinito, poderá, auxiliado por determinados instrumentos, construir no espaço aleph pontos transfinitos de onde o infinitamente pequeno e o infinitamente grande lhe aparecerão na sua totalidade e máxima verdade. Desta forma, a tradicional busca do absoluto teria enfim alcançado oseu objetivo. É tentador pensar que a experiência já resultou parcialmente. Nós evocamos, na primeira parte desta obra, a manipulação alquímica durante a qual o adepto oxida a superfície de um banho fundido de metais.
Quando a película de óxido se quebra, a tradição afirma que aparece sobre um fundo opaco a imagem da nossa galáxia com os seus dois satélites, as nuvens de Magalhães. Lenda ou realidade? Tratar-se-ia, em todo o caso, da evocação de primeiro instrumento transfinito capaz de tomar contacto e o Universo por outros processos além dos fornecidos pelos instrumentos conhecidos. Talvez seja com uma aparelhagem dessa espécie que os Maias, que ignoravam o telescópio, descobriram Urano e Netuno. Mas não nos deixemos despistar pelo imaginário. Contentemo-nos em notar essa aspiração fundamental do espírito, desprezada pela psicologia clássica, e notar também, a esse respeito, as relações entre antigas tradições e uma das grandes correntes matemáticas modernas.
Eis a seguir o excerto da novela de Borges: Áleph.
Rua Garay, a criada pediu-me o favor de esperar. O senhor estava, como de costume, na cave, a revelar fotografias. Perto da jarra sem flores, sobre o piano, inútil, sorria (mais intemporal que anacrônico) o grande retrato de Beatriz, de colorido desajeitado. Como ninguém me podia ver, num movimento de ternura desesperada, aproximei-me do retrato e disse-lhe:
Beatriz, Beatriz Elena, Beatriz Elena Viterbo, querida Beatriz, perdida para sempre, sou eu, eu, Borges.
Carlos entrou pouco depois. Falou asperamente: percebi que era incapaz de pensar noutra coisa sem ser a perda do Aleph.
- Um copito de pseudo-conhaque - ordenou - e descerás à cave. Sabes que o decúbito dorsal é indispensável. A obscuridade, a imobilidade, uma certa adaptação visual são¬no igualmente. Deitas-te no chão, sobre o ladrilho, e fixas o olhar sobre o décimo-nono degrau da escada indicada. Eu saio, fecho o alçapão e ficas sozinho. Se algum rato te incomodar, mata-o, não te importes. Após alguns minutos vês o Aleph. O microcosmo dos alquimistas e dos cabalistas, o nosso concreto e proverbial amigo, o multum in
parvo!
Ao chegar à sala de jantar, acrescentou:
-É evidente que se o não vês, a tua incapacidade não invalida o meu testemunho... Desce; muito em breve poderás empreender um diálogo com todas as imagens de Beatriz.
Desci rapidamente, fatigado daquelas palavras ocas. A cave, pouco mais larga do que a escada, assemelhava-se muito a um poço. Com o olhar procurei em vão a mala de que Carlos Argentino me falara. Alguns caixotes com garrafas e alguns sacos de tela grosseira amontoavam-se a um dos cantos. Carlos pegou num saco, dobrou-o e colocou-o num determinado lugar.
- O travesseiro é modesto - explicou -, mas se o alteio um só milímetro não verás nem uma migalha e sentir-te-ás confuso e envergonhado. Estende a tua carcaça no chão e conta dezenove degraus.
Acedi às suas ridículas exigências; por fim, foi-se embora. Fechou cuidadosamente o alçapão; a obscuridade, apesar de uma fenda na parede que pouco depois distingui, pareceu-me total a princípio. De súbito, compreendi o perigo; deixara-me sepultar por um louco, depois de beber veneno. As fanfarronadas de Carlos deixavam transparecer o terror dissimulado de que o prodígio não se realizasse: Carlos, a fim de defender o seu delírio, a fim de não saber que era louco, devia matar-me. Senti um mal-estar confuso que tentei atribuir à rigidez e não ao efeito de um narcótico. Fechei os olhos, depois abri-os. Vi então o Aleph.
Chego agora ao centro inexprimível da minha história; principia aqui o meu desespero de escritor. Toda a linguagem é um alfabeto de símbolos, cujo uso pressupõe um passado dividido pelos interlocutores; como transmitir aos outros o Aleph infinito que a minha memória receosa mal contém? Os místicos, em semelhante caso, esbanjam os símbolos: para significar a divindade, um Persa fala de um pássaro que de certa maneira, é todos os pássaros; Alanus de Insulis, de uma esfera cujo centro está em toda a parte e a circunferência em parte alguma; Ezequiel, de um anjo com quatro rostos, virado simultaneamente para oriente e ocidente, norte e sul. (Não é sem motivo que recordo estas analogias inconcebíveis; têm uma certa relação com o Aleph.) Talvez os deuses não me recusassem a descoberta de uma imagem semelhante, mas esta narrativa ficaria então misturada com literatura, falseada. De resto, o problema central e insolúvel: não se poderia enumerar, mesmo parcialmente, um conjunto infinito. Nesse instante gigantesco vi milhões de ações deleitosas ou atrozes, nenhuma me espantou tanto como o fato de que todas ocupavam o mesmo ponto, sem sobreposição e sem transparência. Aquilo que os meus olhos viram foi simultâneo: o que descreverei, sucessivo, porque a linguagem o é. Quero no entanto relatar algumas coisas de tantas que vi. Por baixo do degrau, para a direita, vi uma pequena esfera com um brilho quase intolerável. A princípio supus que girava sobre si própria; depois compreendi que esse movimento era uma ilusão produzida pelos espetáculos vertiginosos que ela continha.
O diâmetro do Aleph devia ser de dois ou três centímetros, mas o espaço cósmico estava dentro, sem redução. Cada coisa (o vidro do espelho, por exemplo) era uma infinidade de coisas, pois eu via-a nitidamente de todos os pontos do Universo. Vi o mar populoso, vi a madrugada e a noite, vi as multidões da América, vi uma teia de aranha prateada no centro de uma pirâmide negra, vi um labirinto quebrado (era Londres), vi olhos intermináveis fixos em mim, imediatos, como num espelho, vi todos os espelhos do planeta e nenhum refletia a minha imagem, vi num pátio traseiro da Rua Soler o mesmo ladrilho que vi há trinta anos numa casa de Fray Bentos, vi cachos, neve, tabaco, minas de metal, vapor de água, vi desertos convexos sob o Equador, e cada um dos seus grãos de areia, vi em Inverness uma mulher que não esquecerei, vi a cabeleira violenta, o corpo altivo, vi um cancro no seio, vi um círculo de terra seca sobre um passeio, no lugar onde estivera uma árvore, vi numa casa de campo de Adrogué um exemplar da primeira tradução inglesa de Plínio, a de Philémon Holland, vi ao mesmo tempo cada letra de cada página (em criança, assombrava-me sempre o fato de as letras de um livro fechado não se misturarem, até se perderem, durante a noite), vi a noite e o dia contemporâneo da noite, vi um pôr do Sol em Queretaro que parecia refletir a cor de uma rosa de Bengala, vi o meu quarto de dormir sem ninguém, vi num gabinete de Alkmaar um globo terrestre entre dois espelhos que o multiplicavam sem fim, vi cavalos com crina esvoaçante sobre uma praia do mar Cáspio, de madrugada, vi a delicada ossatura de uma mão, vi os sobreviventes de uma batalha a enviarem postais, vi numa montra de Mirzapur um baralho de cartas espanholas, vi sombras oblíquas de fetos no solo de uma serra, vi tigres, pistões, bisontes, vi vagas e exércitos, vi todas as formigas da Terra, vi um astrolábio persa, vi numa gaveta de escritório (e a letra fez-me estremecer) cartas obscenas, incríveis, precisas, que Beatriz dirigira a Carlos Argentino, vi um monumento adorado no cemitério da Chacarita, vi a relíquia atroz do que fora deliciosamente Beatriz Viterbo, vi a circulação do meu sangue obscuro, vi a engrenagem do amor e as alterações da morte, vi o Aleph, de todos os pontos, vi no Aleph a Terra e na Terra de novo o Aleph e no Aleph a Terra, vi o meu rosto e as minhas vísceras, vi o teu rosto, e senti vertigens, e chorei, porque os meus olhos tinham visto esse objeto secreto e conjetural, cujo nome os homens empregam indevidamente, mas que nenhum homem viu: o inconcebível Universo.
Senti uma veneração infinita, um desgosto infinito.
- Deves estar apavorado de tanto te imiscuíres no que te não diz respeito - disse uma voz detestada e jovial. - Por mais que te rompas a cabeça, nem em cem anos me pagarias esta revelação. Que formidável observatório, Borges, não achas?!
Os pés de Carlos Argentino ocupavam o degrau mais alto da escada. Na brusca escuridão consegui erguer-me e balbuciar:
Imagem: William Blake - O Matrimônio do Céu e do Inferno Clique para ampliar
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domingo, 25 de março de 2012

Grande massa de água profunda e fria está desaparecendo misteriosamente


A água mais fria que flui ao redor da Antártica, no Oceano Antártico, está desaparecendo misteriosamente a um ritmo elevado ao longo das últimas décadas.
Esta massa de água é chamada Água Antártica de Fundo, e é formada em alguns locais distintos onde a água do mar é esfriada pelo ar e mais salgada pela formação de gelo (que deixa o sal na água descongelada).
A água fria e salgada é mais densa que a água em torno dela, fazendo-a descer ao fundo do mar onde se espalha para o norte, enchendo a maior parte do oceano profundo em todo o mundo conforme lentamente se mistura com águas mais quentes acima dela.
Correntes do oceano profundo do mundo todo desempenham um papel fundamental no transporte de calor e carbono ao redor do planeta, o que ajuda a regular o clima da Terra.
Estudos anteriores indicaram que esta água profunda tornou-se mais quente e menos salgada ao longo das últimas décadas.
Agora, um novo estudo revelou que significativamente menos água desse tipo se formou durante este tempo também.
Oceanógrafos analisaram dados de temperatura coletados entre 1980 e 2011 a intervalos de 10 anos por um programa internacional de pesquisas oceanográficas no Oceano Antártico.
Eles descobriram que Água Antártica de Fundo foi desaparecendo a uma taxa média de cerca de 8 milhões de toneladas por segundo ao longo das últimas décadas.
O que está causando a redução e o que ela significa são coisas que os pesquisadores ainda não sabem. “Não temos certeza se a taxa de redução é parte de uma tendência de longo prazo ou de um ciclo”, disse o coautor do estudo, o oceanógrafo Gregory C. Johnson.
Alterações na temperatura, teor de sal, oxigênio dissolvido e dióxido de carbono dissolvido dessa massa de água proeminente tem implicações importantes para o clima da Terra, incluindo as contribuições para o aumento do nível do mar e taxa de absorção de calor da Terra.
“Precisamos continuar a medir a profundidade dos oceanos, incluindo as águas profundas do oceano, para avaliar o papel e a importância que essas mudanças desempenham no clima da Terra”, disse Johnson.[OurAmazingPlanet]
http://hypescience.com/grande-massa-de-agua-profunda-e-fria-esta-desaparecendo-misteriosamente/
Hypescience


domingo, 11 de março de 2012

Explosão de luz misteriosa em cidade dos EUA


A sete dias de se assinalar os 15 anos do avistamento das "Luzes de Phoenix", que os mais desconfiados teimam em atribuir a extraterrestres, novo fenómeno luminoso é registado na cidade americana

Anabela Natário (www.expresso.pt)

A repórter Andrea Robinson, do canal norte-americano FOX10, estava a fazer o ponto da asituação do trânsito em Phoenix, nos Estados Unidos, quando as câmaras registaram uma inesperada explosão de luz. Eram 4h45 (hora local, 12h30 em Lisboa), de quarta-feira, e ainda hoje o mistério permanece.

Questionadas pelos jornalistas da FOX local, a APS, a maior fornecedora de energia elétrica no Estado do Arizona, com sede em Phoenix, e a Salt River Project, empresa estatal que serve a área metropolitana da cidade, afirmaram não ter detetado quaisquer problemas na zona nem terem explicação para o facto.

Também as autoridades de Phoenix, a maior cidade do Arizona, com perto de milhão e meio de habitantes, não conseguiram descobrir o que provocou a explosão. Ao jornal "The Arizona Republic", Charlotte Dewey, do Serviço Meteorológico dos EUA local, afirmou que não havia registo de qualquer atividade meteorológica que pudesse explicar a bola de luz.

"É um mistério também para nós. Nem sequer consigo dar um palpite", disse ao mesmo jornal Doug Nintzel, porta-voz do Departamento de Transporte Arizona.

Os "sites" americanos dedicados aos fenómenos extraterrestres, lembram que no dia 13 de março faz 15 anos que foram avistadas as famosas "Luzes de Phoenix" as quais, na altura, foram atribuídas a OVNIS (Objetos Voadores Não Identificados), mas, mais tarde, a Força Aérea veio dizer que a "explosão" fora provocada por sinalizadores militares lançados por aviões que terminavam um exercício militar.

http://aeiou.expresso.pt/explosao-de-luz-misteriosa-em-cidade-dos-eua=f710851