terça-feira, 8 de março de 2011

O Despertar dos Mágicos (28). Há um tempo para tudo. - Há mesmo um tempo para que os tempos se tornem a encontrar.


Além disso, a água formaria verdadeiros compostos químicos, hidratos, com gases inertes tais como o hélio e o árgon. Se se soubesse qual o constituinte da água responsável pela formação dos hidratos em contacto com um gás inerte, seria possível estimular o poder solvente da água e portanto obter um verdadeiro dissolvente universal.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

A revista russa Saber e Força, incontestavelmente séria escrevia no seu número 11, de 1957, que talvez um dia se obtivesse esse resultado bombardeando a água com radiações nucleares e que o dissolvente universal dos alquimistas seria uma realidade antes do final do século. E essa revista previa um certo número de aplicações, imaginava a abertura de túneis por meio de um jacto de água ativada.
O nosso alquimista, portanto, encontra-se agora de posse de um certo número de corpos simples desconhecidos na natureza e de alguns frascos de uma água alquímica susceptível de lhe prolongar consideravelmente a vida, através do rejuvenescimento dos tecidos.
Agora vai tentar combinar novamente os elementos simples que obteve. Mistura-os no seu almofariz e derrete-os a baixas temperaturas, na presença de catalisadores a respeito dos quais os textos são muito vagos. Quanto mais se avança no estudo das manipulações alquímicas, mais os textos são difíceis de compreender. Aquele trabalho irá ocupá-lo ainda durante alguns anos.
Afirmam que, desta forma, ele obteria substâncias absolutamente semelhantes aos metais conhecidos, e em especial aos metais bons condutores do calor e da eletricidade. Seriam estes o cobre alquímico, a prata alquímica, o ouro alquímico. Os testes clássicos e a espectroscopia não permitiriam verificar a novidade dessas substâncias, e no entanto elas possuiriam propriedades novas, diferentes das dos metais conhecidos, e muito surpreendentes.
Se as informações que temos são exaltas, o cobre alquímico, aparentemente semelhante ao cobre conhecido e no entanto muito diferente, teria uma resistência elétrica infinitamente fraca, comparável à dos supercondutores que o físico obtém nas proximidades do zero absoluto. Este cobre, se pudesse ser utilizado, revolucionaria a eletroquímica.
Outras substâncias, resultantes da manipulação alquímica, seriam mais surpreendentes ainda. Uma delas seria solúvel no vidro, a baixa temperatura e antes do momento da fusão deste.
Essa substância, ao tocar o vidro ligeiramente amolecido, dispersar-se-ia no interior, dando-lhe um colorido vermelho-rubi, com fluorescência lilás na escuridão. É ao pó obtido pela trituração desse vidro, modificado no almofariz de ágata, que os textos alquímicos chamam o pó de projeção ou pedra filosofal. Com isso, escreve Bernard, conde da Marche Trévisane, no seu tratado filosófico, se termina a elaboração dessa Pedra superior a todas as pedras preciosas, a qual é um tesouro infinito à glória de Deus que vive e reina eternamente.
São conhecidas as maravilhosas lendas ligadas a essa pedra pó de projeção que seria susceptível de assegurar transmutações de metais em quantidades consideráveis. Transformaria, inclusivamente, certos metais vis em ouro, prata ou platina, mas tratar¬se-ia então de um dos aspectos do seu poder. Seria uma espécie de reservatório de energia nuclear em suspensão, facilmente manejável.
Voltaremos em breve aos problemas que as manipulações do alquimista põem ao homem moderno esclarecido, mas detenhamo-nos exatamente onde se detêm os textos alquímicos. Eis a grande obra realizada. Produz-se no próprio alquimista uma transformação que esses textos evocam, mas que nós somos incapazes de descrever por não possuirmos a esse respeito mais do que umas poucas noções analógicas. Essa transformação seria como que a promessa, através de um ser privilegiado, daquilo que espera a humanidade inteira no termo do seu contacto inteligente com a Terra e os seus elementos: a sua fusão em Espírito, a sua concentração num ponto espiritual fixo e a sua união com outros centros de consciência através dos espaços cósmicos. Progressivamente, ou num súbito clarão, o alquimista, segundo a tradição, descobre o significado do seu longo trabalho. Os segredos da energia e da matéria são-lhe desvendados, e ao mesmo tempo tornam-se-lhe visíveis as infinitas perspectivas da vida. Ele possui a chave da mecânica do Universo. Ele próprio estabelece novas relações entre o seu espírito, dali em diante animado, e o espírito universal em eterno progresso de concentração. Serão certas radiações do pó de projeção responsáveis de uma transmutação do ser físico?
A manipulação do fogo e de certas substâncias permite, portanto, não só transmutar os elementos, como ainda transformar o próprio investigador. Este, sob a influência das forças emitidas pelo crisol (quer dizer, das radiações emitidas por núcleos a sofrerem modificações de estrutura), entra noutro estado. Nele se operam mutações. A sua vida prolonga-se, a sua inteligência e as suas percepções atingem um nível superior. A existência de tais seres, biológica e psiquicamente novos, é um dos alicerces datradição Rosa-Cruz. O alquimista passa a outro estado do ser. É elevado a outro grau da consciência. Tem a sensação de que só ele se encontra desperto e que todos os outros homens ainda dormem. Escapa ao vulgar humano e desaparece, como Mallory sobre o Everest, depois de ter tido o seu minuto de verdade.
A Pedra filosofal representa desta forma o primeiro degrau susceptível de auxiliar o homem a elevar-se em direção ao Absoluto 1. Para além começa o mistério. Aquém não há mistério, nem esoterismo, nem outras sombras exceto as que projetam os nossos desejos e sobretudo o nosso orgulho. Mas, como é mais fácil satisfazermo-nos de idéias e de palavras do que fazer qualquer coisa com as próprias mãos, com a nossa dor e a nossa fadiga, no silêncio e na solidão, é mais cômodo procurar um refúgio no pensamento chamado puro, do que batermo-nos corpo a corpo contra o peso e as trevas da matéria. A alquimia proíbe qualquer evasão deste gênero aos seus discípulos. Deixa-os frente a frente com o grande enigma. . . Apenas nos assegura que se lutarmos até ao fim para nos libertarmos da ignorância, a própria verdade lutará por nós e vencerá finalmente todas as coisas. Talvez comece então a VERDADEIRA metafísica.
Há um tempo para tudo. - Há mesmo um tempo para que os tempos se tornem a encontrar.
Os velhos textos alquímicos asseguram que as chaves da matéria se encontram em Saturno. Por uma estranha coincidência, tudo o que hoje se sabe a respeito de física nuclear apóia-se sobre uma definição do átomo saturnino. O átomo seria, segundo a definição de Nagasoka e Rutheford, uma massa central exercendo uma atração,rodeada por anéis de elétrons giratórios. É esta concepção saturnina do átomo que é admitida por todos os sábios do Mundo, não como uma verdade, mas como a mais eficaz hipótese de trabalho. É possível que se apresente para os físicos do futuro como uma ingenuidade. A teoria dos quanta e a mecânica ondulatória aplicam-se ao comportamento dos elétrons. Nenhuma teoria e nenhuma mecânica definem com exatidão as leis que regem o núcleo. Supõe-se que este é formado por prótons e nêutrons, e é tudo. Nada se sabe de preciso sobre as forças nucleares. Elas não são nem elétricas, nem magnéticas, nem da mesma natureza que a gravitação.
A última hipótese formulada alia essas forças a partículas intermediárias entre o nêutron e o próton, chamadas mésons. Isto só satisfaz até se encontrar qualquer outra coisa. Daqui a dois ou dez anos as hipóteses terão sem dúvida tomado outro rumo. No entanto, é preciso notar que estamos numa época em que os sábios não têm o direito nem o tempo de se dedicar à física nuclear. todos os esforços e todo o material disponível estão concentrados sobre a fabricação de explosivos e a produção de energia. A investigação fundamental é atirada para um segundo plano. O urgente é extrair o máximo daquilo que já se conhece. Poder importa mais do que saber. É deste apetite de poder que os alquimistas parecem ter sempre tido o cuidado de fugir.
Em que ponto estamos nós? O contacto com nêutrons torna todos os elementos radioativos. As explosões nucleares experimentais envenenam a atmosfera do planeta. Este envenenamento, que progride de forma geométrica, aumentará extraordinariamente o número de crianças nascidas mortas, dos cancros, das leucemias, destruirá as plantas, alterará os climas, produzirá monstros, escangalhará os nervos, sufocar-nos-á. Os governos, quer sejam totalitários ou democratas, não renunciarão. Não renunciarão por duas razões. A primeira é que a opinião popular não pode abranger a questão. A opinião popular não possui nível de consciência planetária suficiente para reagir. A segunda é que não há governos, mas sociedades anônimas com capital humano, encarregadas, não de fazerem a história, mas de exprimir os diversos aspectos da fatalidade histórica.
Ora se nós acreditamos na fatalidade histórica, acreditamos que ela não é senão uma das formas do destino espiritual da humanidade, e que esse destino é belo. Nós não pensamos que a humanidade venha a desaparecer, mesmo que tenha de sofrer mil agonias, mas que através das suas dores imensas e pavorosas encontrará - ou tornará a encontrar - a alegria de se sentir em marcha.
Irá a física nuclear, orientada na direção do poder, como diz Jean Rostand, destruir o capital genético da humanidade? Sim, talvez, durante alguns anos. Mas não podemos deixar de imaginar a ciência tornando-se capaz de desatar o nó górdio que acaba de dar.
Os métodos de transmutação atualmente conhecidos não permitem dominar a energia e a radioatividade. Trata-se de transmutações estreitamente limitadas, cujos efeitos nocivos são, pelo contrário, ilimitados. Se os alquimistas têm razão, há processos simples, econômicos e sem perigo de produzir transmutações maciças. Tais processos devem passar por uma dissolução da matéria e pela sua reconstrução num estadodiferente do estado inicial. Nenhuma conquista da física atual permite acreditar nisso.

Imagem: curiosidades-galeriacores.blogspot.com

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