segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O Despertar dos Mágicos (55). o nosso globo se manteve sem satélite durante cento e trinta e oito mil anos.


Entre essas esculturas figuram estilizações de um animal, o todoxon, cujos ossos foram descobertos nas ruínas de Tiahuanaco. Ora nós sabemos que o todoxon só pôde viver no terciário. Finalmente, nessas minas que teriam precedido em cem mil anos o final do terciário, enterrado no lodo ressequido, há um pórtico de dez toneladas cujas decorações foram estudadas pelo arqueólogo alemão Kiss, discípulo de Horbiger, entre 1928 e 1937.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

Tratar-se-ia de um calendário realizado segundo as observações dosastrônomos do terciário. Esse calendário exprime dados científicos rigorosos. É dividido em quatro partes separadas pelos solstícios e os equinócios que marcam as estações astronômicas. Cada uma dessas estações é por sua vez dividida em três secções, e nessas doze subdivisões a posição da Lua é visível para cada hora do dia. Além disso, os dois movimentos do satélite, o seu movimento aparente e o seu movimento real, tendo em consideração a rotação da Terra, estão indicados nesse fabuloso pórtico esculpido, de tal forma que somos levados a pensar que os realizadores e os utilizadores tinham uma cultura superior à nossa.
Tiahuanaco, a mais de quatro mil metros nos Andes, era portanto uma das cinco grandes cidades da civilização marítima do fim do terciário, construídas pelos gigantes condutores de homens. Os discípulos de Horbiger vêem nela os vestígios de um grande porto, com os seus cais enormes, de onde os atlantas, visto que se trata sem dúvida da Atlântida, partiam, a bordo de naus aperfeiçoadas, para dar a volta ao Mundo pela orla dos oceanos e tomar contacto com os outros quatro grandes centros: Nova Guiné, México, Abissínia, Tibete. Portanto essa civilização ter-se-ia estendido a todo o globo, o que explica as semelhanças entre as mais antigas tradições recenseadas da humanidade. No extremo grau da unificação, do refinamento dos conhecimentos e dos meios, os homens e os seus reis gigantes sabem que a espiral dessa terceira lua se estreita e que o satélite cairá finalmente, mas eles têm consciência das relações de todas as coisas no cosmos, das afinidades mágicas do ser com o Universo, e servem¬se sem dúvida de certos poderes, certas energias, individuais e sociais, técnicas e espirituais, para retardar o cataclismo e prolongar essa era atlantidiana, cuja recordação esfumada se manterá através dos milênios.
Quando a lua terciária cair, as águas baixarão bruscamente, mas as alterações precursoras já terão danificado essa civilização. Os oceanos tendo já baixado de nível, as cinco grandes cidades, entre as quais essa Atlântida dos Andes, desaparecerão, isoladas, asfixiadas pela queda das águas. Os vestígios são mais nítidos em
Tiahuanaco, mas os horbigerianos descobrem-nos noutros sítios. No México, os Tolteques deixaram textos sagrados que descrevem a história da Terra de acordo com a tese de Horbiger.
Na Nova Guiné, os indígenas malekula continuam, sem saberem muito bem o que fazem, a erigir imensas pedras esculpidas com mais de dez metros de altura, que representam o antepassado superior, e a sua tradição oral, que faz da Lua a criadora do gênero humano, anuncia a queda do satélite. Da Abissínia teriam vindo os gigantes mediterrâneos após o cataclismo, e a tradição faz desse altiplano o berço do povo judeu e a pátria da rainha do Sabá, detentora das antigas ciências. Por fim, sabe-se que o Tibete é um reservatório de antiqüíssimos conhecimentos baseados no psiquismo. Surgindo como que para confirmar a visão dos horbigerianos, em 1957 apareceu em Inglaterra e em França um curioso trabalho.
Essa obra, intitulada Le Troisième euil (o Terceiro Olho), é assinada por Lobsang Rampa. O autor afirma ser um lama que atingiu o último grau de iniciação. Podia dar-se o caso de ser um dos alemães enviados em missão especial ao Tibete pelos chefes nazistas 1. Descreve a sua descida, sob a orientação de três grandes metafísicos, a uma cripta de Lassa onde residiria o verdadeiro segredo do Tibete.
Vi três túmulos de pedra negra decorados com gravuras e inscrições curiosas. Não estavam fechados. Ao olhar para o interior perdi o fôlego.
- Olha, meu filho - disse-me o decano dos Abades.
Eles viviam como deuses no nosso país, na época em que ainda não havia montanhas. Percorriam as nossas terras quando os mares banhavam as nossas margens e outras estrelas brilhavam no nosso céu. Olha bem, pois só os iniciados os viram. Obedeci, e sentia-me a um tempo fascinado e aterrado. Três corpos nus, cobertos de ouro, estavam estendidos sob os meus olhos. Cada uma das suas feições era fielmente reproduzida pelo ouro. Mas eram imensos! A mulher media mais de três metros e o maior dos homens não menos de cinco. Tinham cabeças grandes, ligeiramente cônicas na parte superior, maxilar estreito, boca pequena e lábios finos. O nariz era longo e afilado, e os olhos direitos e profundamente encovados... Examinei a tampa de um dos túmulos. Um mapa dos céus, com estrelas muito estranhas, ali estava gravado.
Os jornais ingleses, na altura da publicação de O Terceiro Olho, interrogaram-se a respeito da personalidade dissimulada sob o nome de Lobsang Rampa, sem terem conseguido chegar a uma conclusão, devido aos serviços de informação oficiais nada dizerem. Ou se trata de um autêntico lama iniciado, dizendo-se o autor filho de um dos altos dignitários do antigo governo de Lassa, e portanto obrigado a disfarçar o nome, ou então de um dos alemães das missões tibetanas realizadas entre 1928 e o final do regime hitleriano. Neste caso, dá provas de estar de posse, ou de autênticas descobertas, ou de conceitos transmitidos, ou de teses horbigerianas e nacionais¬socialistas às quais dá uma ilustração fantástica. No entanto é preciso notar que não pôde ser dado pelos especialistas do Tibete qualquer desmentido categórico ao conjunto das suas revelações.
E escreve ainda, após essa descida à cripta:
Outrora, há milhares e milhares de anos, os dias eram mais curtos e mais quentes. Edificaram-se civilizações grandiosas e os homens eram mais sábios do que na nossa época. Do espaço exterior surgiu um planeta que embateu obliquamente na Terra. Os mares foram agitados por ventos e, sob o impulso de pressões de gravitações diversas, alagaram as terras. A água cobriu o Mundo, que foi sacudido por tremores de terra, e o Tibete deixou de ser um país quente, uma estação marítima.
Bellamy, arqueólogo horbigeriano, descobre em redor do lago Titicaca os vestígios das catástrofes que precederam a queda da lua terciária: cinzas vulcânicas, depósitos provenientes de inundações repentinas. É o momento em que o satélite vai estourar em anel e girar loucamente muito perto da Terra antes de cair. Em volta de Tiahuanaco há ruínas que evocam estâncias subitamente abandonadas, utensílios dispersos. A alta civilização atlantidiana sofre, durante alguns milhares de anos, os ataques dos elementos, e vai-se esterilizando.
Depois, há cento e cinqüenta mil anos, o grande cataclismo produz-se, a lua cai, a terra é atingida por um pavoroso bombardeamento. A atração cessa, a orla dos oceanos desce de repente, os mares retiram-se, baixam novamente. Os cumes que eram grandes estações marítimas acham-se isolados até ao infinito por pântanos. O ar rarifica-se, o calor desaparece. A Atlântida não morre submersa, mas, pelo contrário, abandonada pelas águas. Os navios são arrastados e destruídos, as máquinas extinguem-se ou explodem, os alimentos que vinham do exterior faltam, a morte absorve miríades de seres, os sábios e as ciências desapareceram, a organização social é destruída.
Se a civilização atlantidiana tinha atingido o mais alto grau possível de perfeição social e técnica, de hierarquia e unificação, pôde volatilizar-se num ápice, sem quase deixar vestígios. Imagine-se o que poderia ser a destruição da nossa própria civilização dentro de algumas centenas de anos, ou mesmo de alguns anos. Os instrumentos emissores de energia, assim como os instrumentos transmissores, simplificam-se cada vez mais e os difusores multiplicam-se. Dentro em breve cada um de nós possuirá difusores de energia nuclear, por exemplo, ou viverá nas proximidades desses difusores: fábricas ou máquinas, até ao dia em que bastará um acidente no manancial para que tudo se volatilize ao mesmo tempo sobre a imensa cadeia desses difusores: homens, cidades, nações. O que seria poupado seria justamente o que não tem contacto com essa alta civilização técnica. E as ciências-chaves, da mesma forma que as chaves do poder, desapareceriam de um golpe, devido justamente ao extremo grau das especializações.
São as mais perfeitas civilizações que desaparecem de um momento para o outro, sem nada transmitirem. Essa visão é irritante para o espírito, mas é muito provável que seja verdadeira. Desta forma pode supor-se que as centrais e as difusoras da energia psíquica, que estava talvez na base da civilização do terciário, explodem de uma só vez, enquanto descampados de lodo cercam esses cumes agora esfriados e onde a atmosfera se torna irrespirável. Mais simplesmente, a civilização marítima, com os seus Superiores, os seus navios, os seus contactos, desaparece no meio do cataclismo.
Resta aos sobreviventes descer em direção às planícies pantanosas que o mar acaba de deixar a descoberto, às turfeiras do novo continente, mal liberto ainda pela retirada das águas tumultuosas, e onde só dentro de milênios aparecerá uma vegetação utilizável. Os reis gigantes estão no fim do seu reinado; os homens tornaram-se outra vez selvagens, e mergulham com os seus últimos deuses em decadência nas profundas noites sem lua que o globo irá conhecer.
Os gigantes que, desde há milhões de anos, habitavam este Mundo, semelhantes aos deuses que povoarão mais tarde as nossas lendas, perderam a sua civilização. Os homens sobre os quais reinavam tornaram-se novamente uns brutos. Essa humanidade caída, atrás dos seus mestres já sem poder, dispersa-se em bandos pelos desertos de lodo. Essa queda dataria de há cento e cinqüenta mil anos, e Horbiger Calcula que o nosso globo se manteve sem satélite durante cento e trinta e oito mil anos. Durante esse enorme período renascem civilizações sob o comando dos últimos reis gigantes.
Estabelecem-se em planícies elevadas, entre o quadragésimo e o sexagésimo grau de latitude norte, ao passo que sobre os cinco altos cumes do terciário se mantém qualquer coisa da longínqua idade do ouro. Teriam existido portanto duas Atlântidas: a dos Andes, brilhando sobre o Mundo, com os seus quatro outros pontos. E a do Atlântico Norte, muito mais modesta, fundada muito tempo após a catástrofe pelos descendentes dos gigantes. Esta tese das duas Atlântidas permite integrar todas as tradições e antigas narrativas. É dessa segunda Atlântida que Platão fala.
Há doze mil anos, a Terra captou um quarto satélite: a nossa Lua atual. Uma nova catástrofe se produz. O nosso globo toma a sua forma levemente inchada nos trópicos. Os mares do Norte e do Sul retrocedem para o Equador e as eras glaciárias recomeçam ao Norte, sobre as planícies descarnadas pelas correntes de ar e de água da Lua iniciante. Então a segunda civilização atlantidiana, mais pequena que a primeira,desaparece numa noite, tragada pelas águas do Norte. É o Dilúvio de que fala a nossaBíblia. É a Queda de que se recordam os homens expulsos ao mesmo tempo do paraíso terrestre dos trópicos. Para os horbigerianos, os mitos do Gênesis e do Dilúvio são simultaneamente recordações e profecias, visto que os acontecimentos cósmicos se reproduzirão. E o texto do Apocalipse, que nunca foi explicado, seria uma fiel tradução das catástrofes celestes e terrestres observadas pelos homens no decorrer dos tempos, e conformes com a teoria horbigeriana. Neste novo período de lua alta, os gigantes vivos degeneram.
As mitologias estão cheias de lutas de gigantes entre si, de combates entre homens e gigantes. Aqueles que tinham sido reis e deuses, esmagados agora pelo peso do céu, esgotados, tornam-se monstros que é preciso expulsar. Caem tanto mais baixo quanto tinham subido mais alto. São os ogros das lendas. urano e Saturno devoram os filhos. David mata Golias. Vêem-se, como diz Vítor Hugo:... horríveis gigantes muito estúpidos vencidos por anões cheios de espírito.
É a morte dos deuses. Os hebreus, quando atingirem a Terra Prometida, descobrirão a cama de ferro monumental de um rei gigante desaparecido: E vede, o seu leito era de ferro, com nove côvados de comprimento e quatro de largura (Deuteronômio).
O astro de gelo que ilumina as nossas noites foi captado pela Terra e gira a volta dela. A nossa Lua nasceu há doze mil anos e de então para cá não cessamos de lhe render um culto vago, carregado de inconscientes recordações, de lhe prestar uma inquieta atenção de que não compreendemos muito bem o sentido. Não deixamos de sentir, ao contemplá-la, qualquer coisa que se agita no fundo da nossa memória, mais vasta que nós próprios. Os antigos desenhos chineses representam o dragão lunar ameaçando a Terra. Lê-se nos Números (XIII, 31): E, além, vimos os gigantes, os filhos de Anak que descendem dos gigantes, e sentíamo-nos diante deles como gafanhotos - e aos olhos deles nós éramos como gafanhotos. E Job (vI, 5) evoca a destruição dos gigantes e exclama: Os seres mortos estão debaixo de água, e os antigos habitantes da Terra. . . Um mundo está submerso, um mundo desapareceu, os antigos habitantes da Terra
sumiram-se, e nós iniciamos a nossa vida de homens isolados, de pequenos homens abandonados, na expectativa das mutações, dos prodígios e dos cataclismos futuros, numa nova noite dos tempos, sob esse novo satélite que vem até nós dos espaços onde se perpetua a luta entre o gelo e o fogo. Um pouco por toda a parte, os homens repetem como cegos os gestos das civilizações extintas, erguem sem já saber porquê monumentos gigantescos, repetindo, em degenerescência, os trabalhos dos mestres antigos: são os imensos megalíticos de Malekula, os menires célticos, as estátuas da ilha de Páscoa. Povoações a que hoje chamamos primitivas não passam, provavelmente, de restos degenerados de impérios desaparecidos, que repetem sem os compreender, e abastardando-os, atos outrora determinados por administrações racionais.

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