sábado, 18 de abril de 2009

O mistério do túmulo de Qin Shi Huangdi


Em nossos programas anteriores, você pode ter ouvido falar dos guerreiros em terracota. Aliás, os ouvintes brasileiros devem ter uma idéia mais concreta, pois os tesouros arqueológicos datados em mais de 2 mil anos acabam de ser expostos na Oca do Parque Ibirapuera em São Paulo.

As estátuas gozam de uma fama tão grande que quase ofuscam a tumba do primeiro imperador chinês. De fato, o conjunto arqueológico formado pelas três fossas que abriga o exército em terracota possui uma superfície com mais de 22 mil metros quadrados, mas representa apenas 1% de toda a área que abrange a Mausoléu e as tumbas com os guerreiros. Apesar de ser pesquisado desde 1962, o Mausoléu continua sendo um enigma para os arqueólogos. Basta lembrar que o conjunto já é misterioso o suficiente por pertencer a Qin Shi Huang - primeiro imperador feudal chinês, que unificou a China há dois milênios-, e que impressiona pelas dimensões de sua superfície total, que alcança 56 km2.

O imperador Qin Shi Huang foi o primeiro monarca feudal na história chinesa. Ele viveu entre os anos 259 e 210 a C e unificou a China em 221 a.C. Desde então, a China passou a ser um país unificado, com múltiplas etnias e todo o poder centralizado nas mãos de seus imperadores durante quase 2000 anos. Foi ele que mandou construir e interligar a Grande Muralha, um dos símbolos da China. Além disso, ele mandou construir seu gigantesco Mausoléu, pretendendo levar com ele toda a riqueza que possuía, além de seu exército, para a vida pós-morte. Por isso, o projeto é uma miniatura da antiga capital, contando com uma cidade exterior, uma cidade interior, e a própria câmara subterrânea. Cada parte tinha seus respectivos edifícios, tais como aqueles da capital. Lamentavelmente o tempo comprometeu tijolos e telhas e o que podemos observar na superfície do solo é apenas uma colina com 46 metros de altura.

Levando em consideração seu valor histórico e suas dimensões, sem uma minuciosa pesquisa prévia, a abertura ou a exploração da tumba pode danificar a arquitetura de maneira irreversível. Além disso, segundo os poucos registros históricos, o chão da câmara subterrânea é uma miniatura do mapa de época da China. No lugar dos rios e mares, por exemplo, foram colocadas grandes quantidades de mercúrio. A abertura da tumba pode causar o vazamento do vapor de mercúrio, altamente tóxico a saúde, se não forem adotadas adequadas medidas de segurança. Talvez seja por isso que até hoje o túmulo permanece intacto e aumente ainda mais o mistério deste Mausoléu. Será que o monarca está sepultado em baixo da colina? Qual seria a estrutura e o tamanho exato da câmara subterrânea? Houve infiltração de água no sub-solo ou não? Graças à alta tecnologia, algumas dúvidas já têm uma resposta.

Por intermédio das técnicas de sensoriamento remoto e de geofísica, uma pesquisa patrocinada pelo Ministério de Ciências da China confirmou que há realmente uma câmara na forma retangular na profundidade de 35 metros no subsolo da colina, que mede 170 x 14m. Para os arqueólogos chineses isto é uma novidade. Há registros que apontam que a própria câmara subterrânea - o suposto local que armazenaria os restos fúnebres do imperador-, ficava no fundo do monte e estaria interligado com a colina artificial por um túnel. Ou seja, para enganar os eventuais saqueadores, o imperador poderia mandar construir seu túmulo em outro lugar e, de fato, não existiria nada em baixo da colina artificial. O resultado da sondagem vetou a hipótese. “Não vejo o motivo de construir uma tumba desse tamanho só para enganar!”explicou o professor Liu Shiyi, engenheiro chefe do projeto, “Porém, não podemos comprovar ainda se há grande quantidade de tesouros como a história registra e se eles estão intactos.”

Além disso, foi detectado um muro com 30 metros de altura rodeando a câmara subterrânea. Segundo a pesquisa, o muro é composto por várias camadas de terra fina batida, cada camada com 5 a 6 cm de grossura. Assim o muro é tão forte e sólido que resistiu a vários terremotos de 8 graus na escala Ritcher ao longo da história e contribui para a conservação da câmara no subsolo. “Além disso, a existência de um muro assim é inédita nos ritos fúnebres chineses, o que dá, neste momento, um formato ímpar que merece mais estudos” afirmou o arqueólogo Duan Qingbo.

Será que o imperador realmente levou uma fortuna para o subsolo? Será que podemos achar ainda tais tesouros depois de 2 milênios? Para arqueólogos, ainda há muitos enigmas a serem resolvidos.

Outra curiosidade foi a composição e a distribuição de mercúrio na camada de cima da câmara subterrânea, sendo a densidade do elemento mais forte no sudeste e sudoeste, e mais fraca no nordeste e noroeste. Isso o que quer dizer?

Segundo os poucos registros históricos, o chão da câmara subterrânea é uma miniatura do mapa de época da China. No lugar dos rios e mares, por exemplo, foram colocadas grandes quantidades de mercúrio. Então, a disposição detectada do mercúrio corresponde exatamente à localização dos recursos hídricos e oceanográficos chineses: os principais rios nascem no sudoeste, percorrem o país no sentido oeste-leste e deságuam nos mares do sudeste. “O próprio imperador esteve no Golfo do Mar Bo e muito provavelmente ele o colocou no mapa de seu palácio subterrâneo. Se isto for confirmado, comprovará que os ancestrais da remota dinastia Qin já tinham conhecimento básico da geografia e topografia do país. Isso será uma outra novidade para os arqueólogos e historiadores” explicou o professor Liu Shiyi, engenheiro em chefe da pesquisa. Segundo ele, além de dar uma grande magnificência a obra, o mercúrio vaporiza-se e o gás protege o corpo e os objetos enterrados da deterioração e intoxica eventuais assaltantes.

Na realidade, as pesquisas sobre o mausoléu de Qin Shi Huang foram iniciadas em 1962.Mas, ao longo destes anos, não houve resultados substanciais. Desta vez, no entanto, um importante passo foi dado, porém o mausoléu continua envolto num imenso mistério, pois pertence a um monarca lendário que foi o primeiro imperador da China e data a uma época tão remota de 20 séculos atrás.

Em 1987, a UNESCO colocou o mausoléu na lista de Patrimônios Culturais da Humanidade e, no início deste ano, a província de Shaanxi decidiu construir o parque das ruínas do mausoléu, com um investimento de US$ 69 milhões. A obra deve ser concluída em 2005. Então, quando visitar as estátuas em terracota em Xi’an, não se esqueça de dar uma olhada também a este gigantesco mausoléu, local dos restos fúnebres do primeiro imperador chinês.

http://www.fmprc.gov.cn/ce/cgrj/pot/xxdt/t135342.htm

2 comentários:

  1. Mas porque ele teve a ideia de construir essa tumba?

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    1. porque eles acreditavam em vida após a morte dai quando ele resusitasse ja tinha dinheiro.

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