segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Assassinato ritual de uma albina de seis anos no Burundi


A superstição provoca brutais agressões aos 'pele branca'

LALI CAMBRA – Cidade do Cabo – 19/11/2008

Uma menina de seis anos decapitada e desmembrada ante seus pais, no Burundi; duas mães atacadas com machetes porque se negaram a entregarem os seus filhos, desta vez na Tanzânia. E também neste país, um detido por tentar vender a sua esposa a dois homens de negócios congoleses por 2.000 euros. Todas as agressões produziram-se numa semana e todas pelo mesmo motivo: o comércio de albinos. Albinos eram Cizany, a menina do Burundi, os filhos das mulheres atacadas e também a esposa à venda.

Burundi Capital: Bujumbura. Governo: República. População: 8,691,005 (est. 2008)

Cresce o comércio de membros humanos para cerimónias de tipo mágico.

A crença no norte da Tanzânia segundo a qual ingerir uma poção confeccionada com partes de corpos de albinos, propicia encontrar ouro ou fazer-se rico, estende-se, já cruzou o Burundi e teme-se que chegue a outros países africanos. Pese o esforço do Governo tanzaniano e do seu presidente, Jakaya Kikwete, que iniciou uma campanha de perseguição aos bruxos, mais de 30 albinos, entre eles um bebé de sete meses, foram assassinados.

No Burundi, na fronteira com a Tanzânia, uns 50 tiveram que refugiar-se num centro provincial habilitado pelas autoridades para eles em Outubro. Cizany, a última vítima e seus pais, contavam-se entre eles, mas no domingo decidiram regressar a casa. Acabavam de chegar, quando homens armados com fuzis entraram no domicílio, ataram os pais e mataram a menina. Cortaram-lhe a cabeça e as pernas, que levaram com eles. Segundo o presidente da associação de albinos do Burundi à BBC, Kasim Kazungu, ataques similares não se haviam registado nunca até Outubro, quando chegaram noticias do lucrativo que é o comércio com membros albinos no país vizinho.

"Tenho medo", reconhece Samuel Mluge, presidente da associação dos albinos da Tanzânia (TAS, em inglês). "É um problema que está nas nossas mãos e, pese aos esforços do Governo, estende-se e deve ser atacado pelas autoridades da União Africana". Só em Outubro detiveram-se meia centena de bruxos e pessoas envolvidas nos ataques a albinos, que se somam a mais duma centena de detenções desde Abril, quando o presidente Kikwete condenou esta prática e designou uma parlamentaria com albinismo para defender os direitos desta comunidade marginada. "Mas há que actuar com mais contundência", diz Theodory Mwalongo, da ONG Acção em Descapacitação e Desenvolvimento. E explica que as associações temem que no comércio de partes humanas participem polícias corruptos e homens de negócios com grande poder (que buscariam o muti ou magia negra para manter ou acrescentar a sua riqueza).

O albinismo, que em muitas partes da África é considerado como uma maldição, é uma condição genética muito mais estendida no continente que, por exemplo, na Europa. Na Tanzânia há mais de 170.000 albinos.

Traduzido espanhol: in EL MUNDO

Visite-me também em: Universal, Universidade, Medicina, Universe

Sem comentários:

Enviar um comentário