quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

As aves assassinas


Falta de comida cria instinto assassino em aves
Portal Terra

SÃO PAULO - Um estudo realizado por biólogos escoceses descobriu que a fêmea do airo, ave marinha semelhante ao pinguim, está matando os filhotes das vizinhas, empurrando-os para fora dos precipícios nas costas rochosas onde fazem os ninhos, informa o site do jornal britânico The Guardian. Os especialistas acreditam que o instinto assassino é motivado pela escassez de peixes no Mar do Norte.

Para os biólogos, o súbito aumento do infanticídio em uma das grandes colônias da espécie, em Firth of Forth, na Ilha de Maio, é uma 'catástrofe' que pode levar o grupo inteiro à morte.

Segundo os pesquisadores do Centro de Ecologia e Hidrologia, perto de Edinburgo, o ato de desespero da espécie identifica uma ruptura sem precedentes no comportamento social das aves. Os airos estão entre os pássaros nativos mais difíceis da Grã-Bretanha por optarem por ninhos em penhascos e grandes costas rochosas para se proteger das gaivotas, que se alimentam dos seus ovos e filhotes. Cada fêmea põe somente um ovo por ano.

Os biólogos têm monitorado desde 1983 a colônia, composta por cerca de 20 mil aves, registrando um declínio anual no peso dos animais adultos, assim como no número de filhotes. Em 2005, a escassez de alimentos obrigou o macho e a fêmea a saírem para caçar, deixando os pequenos airos indefesos nos ninhos.

Do ano passado para cá, uma câmera de vídeo da pesquisadora Kate Ashbrook, da Universidade de Leeds, mostrou que os filhotes estavam sujeitos a ataques brutais dos outros indivíduos, sendo empurrados para a morte enquanto seus pais buscavam alimentos.

Indefesos

- Quando os jovens airos ficam sozinhos, o medo e a fome fazem com que eles busquem refúgio e comida com os outros adultos. É nessa hora que acabam sendo atacados - afirma a bióloga.

De acordo com Ashbrook, é muito raro o airo deixar sua cria sozinha, mas do ano passado para cá 60% dos filhotes enfrentaram a solidão. De 99 recém-nascidos, entre o final de maio e início de agosto, cerca de 60% morreram - quase 70% deles por ataques de adultos vizinhos.

O pesquisador Tim Birkhead, da Universidade de Sheffield, que estuda a espécie há 30 anos, considerou que nunca tinha se ouvido falar em um comportamento tão raro. Para ele, 'todos devem prestar atenção na catástrofe que o desespero por alimento poderá ocasionar'.


[08:36] - 18/09/2008
http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/09/18/e180914591.html

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