sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Hoje na História do Crime: Cinco anos da Morte de Susan Atkins





Em 24 de Setembro de 2009, Susan Atkins, que participou de um dos mais notórios crimes da história moderna, falecia de câncer no cérebro na Penitenciária para Mulheres da Califórnia, em Chowchilla, às 23h46.

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Condenada por oito assassinatos, Atkins serviu mais de 38 anos de sua sentença de prisão perpétua, tornando-se, na época, a mulher com mais tempo de prisão nos Estados Unidos. Hoje o posto é de sua amiga Patricia Krenwinkel.
Atkins, um membro da Família Manson, confessou o brutal assassinato da atriz Sharon Tate, que estava grávida de oito meses. Ela foi esfaqueada 16 vezes e enforcada. Na noite seguinte ao assassinato, Atkins acompanhou Charles Manson e seus seguidores até o bairro Los Feliz, e ficou do lado de fora enquanto seus parceiros assassinavam o casal LaBianca.
“Ela era a mais assustadora das garotas de Manson”, disse Stephen Kay, ex-promotor que atuou junto a Vincent Bugliosi no julgamento de Manson e seus seguidores. “Ela era muito violenta.”
Nascida em San Gabriel, Califórnia, em 7 de Maio de 1948, Susan Denise Atkins cresceu em San Jose, e era a filha do meio de três irmãos. Quando ela tinha 15 anos, sua mãe morreu de câncer. A morte da mãe desestabilizou completamente a família. Seu pai, que havia vendido a casa e todos os pertences da família para pagar o tratamento da mulher, faliu e virou alcoólatra. Os três irmãos passaram a ter dificuldades para se alimentar e Atkins abandonou a escola.
Tempos depois seu pai abandonou os filhos e Susan e um irmão mudaram-se para a casa dos avós em Los Banos. Susan voltou para o ensino médio e conseguiu um emprego como garçonete, mas pesou o fato dela ter que cuidar de seu irmão mais novo. Anos depois, ela descreveria essa fase de sua vida como “extremamente raivosa, vulnerável e sem rumo”. Ela saiu da casa dos avós e passou a perambular pela Califórnia.
A moça de cabelos escuros foi de carona em carona até Washington e Oregon. Neste último estado, foi presa com o namorado após roubar um posto de gasolina em um carro roubado. Ela passou três meses na prisão e foi libertada. Viajou até São Francisco onde trabalhou como dançarina de topless em um bar de North Beach.
“Sua dança atraiu a atenção do satanista Anton LaVey, que estava organizando um show de Sabbat exibindo ‘vampiras’ de topless. Ele contratou Susan, e aquele era o emprego dos sonhos dela, proporcionando a atenção que ela desejava, vindo de uma plateia barulhenta quando ela se contorcia no palco. Mas ela não durou muito na trupe de LaVey, estragando-se pelo uso excessivo de drogas e um caso grave de gonorreia.”, escreveu Jeff Guinn em Manson, a Biografia.
Em 1967, no famoso bairro de Haight-Ashbury, refúgio dos hippies e outros andarilhos de São Francisco, ela conheceu um aspirante a músico com uma queda para drogas alucinógenas e sexo livre: Charles Manson.
“De todos os seguidores que vieram até Charlie nos primórdios do seu ministério, nenhuma era mais excêntrica ou mais desesperada do que Susan Atkins, de vinte anos.”, diz Guinn.
De acordo com “Helter Skelter“, bestseller de Vincent Bugliosi em 1974, Atkins foi instantaneamente atraída por Manson, que usava de seus conhecimentos adquiridos na prisão para descobrir inseguranças em garotas como Susan e as seduzir. “Ele aproveitou para usar a técnica de Dale Carnegie que consistia em descobrir o que a outra pessoa desejava e demonstrar como ele poderia oferecer isso”. Susan era a presa perfeita para a lábia de serpente de Manson. Para Bugliosi, Susan disse que antes de conhecer o guru psicopata lhe “faltava alguma coisa”, mas, em seguida, “Eu me entreguei a ele, e em troca ele me deu de volta a mim mesmo. Ele me deu a fé em mim para ser capaz de entender que eu sou uma mulher.”
Em meados de 1969, a Família Manson fincou sua base de operações no Rancho Spahn, uma propriedade nas Montanhas de Santa Susana conhecida por ter sido um set de filmagens para filmes de faoreste. Eles usavam drogas, faziam sexo grupal, roubavam cartões de crédito e reviravam latões de lixo para comer.
Eles também praticavam o que Manson chamou de “espreitar sorrateiramente“, um comportamento que envolvia escolher aleatoriamente uma casa em algum lugar de Los Angeles, invadi-la quando os proprietários estivessem dormindo e mudar os móveis de lugar e comer a comida da geladeira. Para Bugliosi, isso foi um “ensaio geral para o assassinato”.
Na noite do dia 8 de Agosto, Manson instruiu Atkins e outros seguidores – Patricia Krenwinkel, Charles Watson e Linda Kasabian – a vestir roupas pretas e invadir uma residência em Benedict Canyon. O que eles fizeram depois já é parte da história do século 20.
A escritora Joan Didion escreveu que os anos 60 acabaram abruptamente naquela noite de 8 para 9 de Agosto de 1969. A década mais movimentada do século passado na América fechava de forma brutal, crivada por assassinatos, guerras e grupos revolucionários violentos. Talvez tivesse havido “muito sexo, drogas e rock’n’roll”, escreveu Didion.
Como não poderia deixar de ser, Susan Atkins mudou completamente durante os anos em que ficou presa. De uma mulher maquiavélica e realmente má, passou para uma pessoa doce e arrependida. Nada demais até aí tendo em vista que ela não tinha mais sua mente lavada diariamente por Manson.
Susan casou-se duas vezes na prisão. Em 1981 com Donald Laisure, um auto-proclamado milionário do Texas que havia se casado 35 vezes antes. O casamento acabou quando ele resolveu casar-se com uma trigésima sétima.
Em 1987, Susan casou-se com o advogado James W. Whitehouse, que a representou em suas últimas audiências de liberdade condicional e até hoje cuida de sua memória através de um site na Internet.
Durante sua estadia como parte da Família Manson, Susan engravidou de um menino que ela chamou de Ze Zo Ze Cee Zadfrack (ela disse que “parecia um bom nome”). Após a prisão da mãe por assassinato, Ze Zo teve seu nome trocado e dado para adoção. Ela nunca mais viu seu filho.
Em Abril de 2008, Atkins foi hospitalizada por mais de um mês. Ela foi diagnosticada com câncer no cérebro e teve uma de suas pernas amputada. Ela pediu por misericórdia, querendo passar seus últimos meses de vida fora da prisão. O governador da Califórnia na época, Arnold Schwarzenegger, se opôs a soltura de Susan, argumentando que ela não teve misericórdia de suas vítimas. “Eu não acredito em soltura por misericórdia. Eu acho que eles devem ficar lá, servir o seu tempo. Aqueles tipos de crimes foram tão inacreditáveis que eu não acredito em soltura por compaixão.”
Susan Atkins foi piorando com o passar dos meses até ficar completamente imóvel e com uma parte do rosto paralisado. Ela faleceu no dia 24 de Setembro de 2009, aos 61 anos.

Imagem: Na foto: Susan Atkins e Charles Manson durante julgamento dos assassinatos Tate-LaBianca. Data: 1970. Créditos: AP.

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