Houve uma época em que a ideia de encontrar vida
fora da Terra era motivo de chacota por parte de quem se considerava
“racional”. Com o passar dos anos, novos estudos e tecnologias fizeram com que
“vida extraterrestre” soasse cada vez menos estranho, mesmo para os mais
céticos.
Em artigo publicado no blog Bad Astronomy, o
astrônomo Phil Plait escreve que não se trata de perguntar “se vamos encontrar
vida [no espaço]“, mas sim “qual
método vai encontrá-la primeiro?”. Ele lista e explica três métodos atualmente
usados por cientistas nessa busca.
Água e
vida
Até o momento, o único planeta que sabemos que tem
vida é a Terra. Nesse caso, uma das alternativas mais lógicas seria procurar um
planeta com condições similares (água líquida, oxigênio na atmosfera, nutrientes,
etc).
À primeira vista, Marte não parece se encaixar na
proposta – seco, árido e, até onde se pode ver, inóspito. Contudo, observações
anteriores mostraram que há gelo nos pólos e em latitudes menores – pode não
ser água líquida, mas já é um começo. Além disso, há evidências (embora ainda
inconclusivas) de que há água debaixo da superfície do planeta.
A sonda Curiosity deve analisar amostras de rochas
e trazer informações valiosas sobre as condições ambientais de Marte. Plait
lembra que, mesmo se não for encontrada água, é possível que haja indícios de
que Marte tinha oceanos há bilhões de anos. “Se for esse o caso, podemos até
encontrar fósseis nas rochas marcianas. Novamente, não há evidências
conclusivas ainda, mas nós literalmente mal arranhamos a superfície lá”,
destaca.
Além de Marte, há outros astros em nosso sistema
solar que podem abrigar o precioso líquido. “Há água líquida no interior da lua
de Saturno Enceladus, onde gêiseres irrompem de cânions profundos em seu polo
sul”, lembra o astrônomo. Ele também cita Europa, uma lua de Júpiter, que tem
indícios de um oceano sob sua superfície. Se expandirmos os critérios, é
possível até considerar a lua Titã de Saturno uma candidata, com seus lagos de
metano e etano – a química para a vida seria diferente, mas não impossível.
Plait acredita, contudo, que esses outros casos devem demandar mais algumas
décadas de estudo.
“Fone
casa”
O segundo método listado por Plait não envolve
expedições ou lançamentos de sondas: trata-se de enviar (e buscar) mensagens
via ondas de rádio.
Há um grupo de astrônomos chamado SETI (sigla em
inglês para “Busca por Inteligência Extraterrestre”) que parte do pressuposto
de que há aliens lá fora que querem entrar em contato conosco. Para criar um
canal com essas supostas criaturas, eles enviam sinais de rádio e procuram
possíveis transmissões extraterrestres. “[Ondas de rádio] São o meio perfeito:
baratas, fáceis de fazer, fáceis de codificar com mensagens, atravessam a
galáxia sem impedimentos e se movem à velocidade da luz”, aponta Plait.
Ainda não obtiveram resposta, mas é cedo para
desistir das buscas: conforme nossas tecnologias se tornam mais precisas, fica
cada vez mais fácil buscar sinais. Nesse ritmo, disse o astrônomo Seth Shostak,
do SETI, devemos ter algum tipo de resposta em 25 anos. Plait não tem dúvida de
que o esforço vale a pena, mas é um pouco cético quanto aos resultados, pois
considera “um grande salto” a ideia de que há vida inteligente fora da Terra e
de que ela estaria disposta a entrar em contato conosco.
Novos
Mundos
Por muito tempo, só conhecíamos 9 planetas (a lista
até mesmo diminuiu há alguns anos, quando Plutão foi “rebaixado”). Em 1995,
porém, foi encontrado outro “exemplar”, que orbitava um sol parecido com o
nosso e que, apesar das diferenças (é mais massivo do que Júpiter, e tão
próximo de sua estrela que atinge 1.000° C), não deixa de ser um planeta.
Desde então, cientistas da NASA e de outras
entidades encontraram quase 800 outros planetas, e o número só cresce. Quantos
teriam condições propícias à vida? Não se sabe, mas levando em conta a
quantidade, não é de todo improvável que existam planetas habitáveis de algum
modo similares à Terra.
Além disso, lembra Plait, durante bilhões de anos
nosso planeta foi habitado por organismos unicelulares. Isso significa que
planetas parecidos com a Terra podem ser habitados por… leveduras. Mas ainda
conta. É vida.
Sopro de
vida
Por fim, o astrônomo fala de outro possível
indicativo de vida: a presença de oxigênio atmosférico. Embora a busca pareça
simples à primeira vista, vale ressaltar que muitos planetas são “escuros” e,
quando orbitam muito próximo a suas estrelas, acabam ficando “ofuscados”.
Contudo, há técnicas para analisar a luz que passa
pelo planeta e encontrar sinais de oxigênio. Para poderem ser usadas, ainda
precisam de aperfeiçoamento, e equipamentos precisos o suficiente ainda estão
em construção – é o caso do Telescópio Espacial James Webb, que deverá ser
lançado em 2018.
Para Plait, usar essas técnicas em um grande número
de planetas “novos” é um dos métodos mais promissores na busca por vida no
espaço.
“Então quando vamos encontrar vida no espaço? Se
está lá, minha esperaça é: muito em breve”, diz.[Bad Astronomy]
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