O pânico finalmente terminou. Após 10
meses de matança a polícia tirou das ruas de Goiânia o serial killer de
mulheres que assustou a população e foi notícia internacional. Para a
surpresa de todos, Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, confessou o
assassinato de 39 pessoas, sendo 16 de mulheres mortas esse ano. A
polícia acredita que esse número possa ser maior e, se
confirmado, podemos estar diante do maior serial killer da história do
Brasil.
http://oaprendizverde.com.br
Goiás parece ter um chamariz
mórbido para produzir serial killers notórios. No começo dos anos
2000, José Vicente Matias, o “Corumbá”, estampou capas de jornais mundo
afora ao assassinar e comer partes dos corpos de seis mulheres. De uma, deixou
a cabeça cair e rolar por uma rua enquanto descartava o corpo. Em 2010,
foi a vez do psicopata sexual Adimar de Jesus Silva assustar o país ao matar
seis adolescentes em Luziânia. “Um delinquente sexual”, disse um
psicólogo. Agora, Tiago Henrique é a bola da vez.
O terror na cidade de Goiânia
veio pelo whatsapp. Um áudio compartilhado pelo aplicativo em Abril
tornou-se viral entre os moradores da cidade. Nele, um homem dizia que havia um
serial killer na cidade matando mulheres a esmo. De fato, desde Janeiro de
2014, mulheres vinham sendo mortas em Goiânia. Todas da mesma maneira: um
motoqueiro com um capacete preto se aproximava e disparava. Elas eram jovens e
bonitas. O boato e o medo criado a partir deste áudio foi tamanho que
autoridades tiveram que vir a público desmentir a possível ação de um serial
killer. De fato, e mesmo com mortes semelhantes, é difícil e até imprudente uma
fonte oficial vir a público e confirmar tal ocorrência. A polícia trabalha com
certezas e não achismos. Mas nesse caso, quem compartilhou este áudio estava
certo.
O áudio começou a circular pelos
celulares após o assassinato de Ana Maria Victor Duarte. O assassinato da
jovem, que estava prestes a se casar, teve grande repercussão na mídia goiana.
Ana Maria era assessora parlamentar, filha de promotor de justiça e foi
morta num bairro nobre da capital. Sua morte foi o estopim para que outros
assassinatos de jovens mulheres ocorridos em bairros afastados fossem notados.
Bárbara, Wanessa, Juliana, Janaina,
Taynara, Isadora… uma assombrosa lista da morte começou a se formar.
Mulheres estavam sendo mortas por um motoqueiro misterioso, um fantasma da
morte que chegava e atirava, da mesma forma que David Berkowitz fez a 37 anos
atrás em Nova Iorque. Quando Ana Lídia Gomes, 14, foi morta num ponto de
ônibus no dia 2 de Agosto, o tempo fechou.
O caso explodiu na mídia nacional e
internacional e o governador do estado de Goiás pediu a cabeça do suposto
serial killer ao Secretário de Segurança Pública.
Psicopata
A maioria dos serial killers se encaixam
na descrição de um psicopata; eles tem uma consciência distorcida, possuem uma
capacidade muito limitada para emoção e empatia, e são – muitas vezes –
extremamente narcisistas. Sem sentimentos para com o próximo, eles não serão
assombrados por aquilo que fizeram, o que significa que eles não sentem a
enorme quantidade de angústia ou dor que outros assassinos comuns – como os
envolvidos em crimes passionais – sentem. Eles estão numa posição de não sentir
ou perceber a dor e o sofrimento que causam. Tudo gira em torno de satisfazer a
si mesmo, não importando as consequências.
Psicopatas podem ser alheios a uma gama
de emoções, mas se uma coisa parece certa é que eles sentem prazer e
frustração. Muitos psicopatas são propensos a fazer escolhas que buscam
maximizar o prazer e minimizar a frustração, e ao contrário da maioria das
pessoas, eles costumam ter um pobre controle do impulso, recorrendo muitas
vezes ao álcool e drogas. Em outras palavras, psicopatas anseiam por estímulos.
Ao ser preso, Tiago teria dito que se
sentia angustiado e cometia os crimes para aliviar o sofrimento. Parece claro
que estamos diante de um psicopata frustrado que buscava no assassinato a
adrenalina necessária para o alívio e vingança. Nesse sentido, podemos
compará-lo a Pedrinho Matador. Quem não se lembra da entrevista de Pedrinho a
Marcelo Rezende dizendo que enquanto não matasse alguém ele não conseguia tirar “o peso das costas”? O assassinato dava alívio
a Pedrinho e Tiago. Ambos, em seus mundos particulares, sentiam um tipo de
angústia que era momentaneamente ceifada quando matavam alguém. Os dois também
buscavam vingança. Pedrinho queria vingar as mulheres e crianças vítimas de
estupradores e assassinos, já Tiago não está claro que tipo de frustração o
levou a querer descontar toda sua raiva. Isso agora é um trabalho para os
psiquiatras que irão traçar o seu perfil psicológico. Mentes doentias podem se
sentir isoladas e diferentes do resto do mundo. “Matava
por raiva, raiva de tudo e de todos“, disse um dos delegados da
força-tarefa, Deusny Aparecido. Elliot Rodger também tinha raiva de
tudo e de todos, principalmente de mulheres loiras e homens supostamente
inferiores a ele. Como Tiago, o americano canalizou suas frustrações no
assassinato. Matar pessoas foi uma forma de puni-las por suas próprias
desilusões.
Numa reportagem da TV Anhanguera de
Goiás, uma vizinha de Tiago disse que nos últimos meses ele começou a beber
bastante. Como dito acima, psicopatas comumente se voltam para as drogas e
álcool. Psicopatas serial killers beberrões são comuns. Normalmente eles enchem
a cara para lidar com suas fantasias homicidas, e isso acaba sendo uma mistura
que só faz piorar as coisas. Jeffrey Dahmer começou a beber aos 14
anos para espantar os pensamentos de tortura e morte que simplesmente explodiam
em sua mente. Após seus primeiros assassinatos, ele confessou que enchia a
cara porque achava que o álcool o ajudaria a lidar com o que havia feito. Ele
estava tão bêbado quando foi preso que não se lembrava como chegou na
delegacia. Carroll Cole foi outro serial killer
beberrão que enchia a cara numa tentativa de lidar com suas fantasias macabras.
Ted Bundy e John Wayne Gacy são dois outros
notórios serial killers conhecidos pelo vício em álcool.
“Começou matando homens, depois, mendigos e, agora, mulheres…
Acredito que ele seja um serial killer. No começo, ele matava aleatoriamente,
mas depois ele passou a adotar um padrão”. [João Carlos
Gorski, Delegado-geral da Polícia Civil de Goiás].
Concordo com o delegado da polícia civil
de Goiás. Tiago é sim um serial killer. Não necessariamente estes assassinos
matam sempre o mesmo perfil de vítimas. Uma porcentagem considerável de serial
killers costumam assassinar grupos diferentes. Um caso famoso é o do
norte-americano Henry Lee Lucas. No caso de Tiago, no final ele realmente
estabeleceu um padrão: assassinar mulheres jovens. Por que ele tinha problemas
com mulheres é uma questão em aberto.
De início, pensei que Tiago poderia ser
um serial killer missionário. É um pensamento meio que automático quando
sabemos que mendigos, prostitutas ou travestis foram as vítimas de algum serial
killer. Isso porque a maioria desses psicopatas acreditam que matar tais
pessoas é prestar um serviço a sociedade removendo o lixo das ruas,
tirando de circulação pessoas supostamente indesejadas e indignas de viver. Mas
pelas notícias veiculadas, parece que não. Tiago começou a matar travestis e
moradores de ruas porque eles seriam alvos fáceis. O professor de
criminologia Harold Schechter diz em seu livro Serial Killers – Anatomia do Mal,
que “prostitutas, garotos de programa,
adolescentes fugidos de casa, mendigos, drogados e outros párias sociais – o
que os criminologistas chamam de alvos de ocasião: pessoas que são
especialmente vulneráveis a assassinatos em série porque podem ser facilmente
emboscadas e subjugadas; e, além disso, são tão marginalizadas que ninguém,
incluindo membros da polícia e da imprensa, presta muita atenção quando desaparecem.”
Seria muita pretensão tentar
explicar porque Tiago parou de matar homossexuais e mendigos e passou a
matar jovens mulheres. De fato parece que ele possui algum problema com o
sexo oposto, e a adrenalina recebida ao caçar uma presa “da sociedade”
pode propiciar a satisfação que psicopatas assassinos como ele precisam. Apesar
de todas suas vítimas serem jovens bonitas, ele as caçava de forma aleatória,
percorrendo as ruas de Goiânia até topar com alguma que preenchesse seus
requisitos. Como todo e qualquer serial killer, Tiago era um assassino
oportunista.
O pânico finalmente terminou. Após 10
meses de matança a polícia tirou das ruas de Goiânia o serial killer de
mulheres que assustou a população e foi notícia internacional. Para a
surpresa de todos, Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, confessou o
assassinato de 39 pessoas, sendo 16 de mulheres mortas esse ano. A
polícia acredita que esse número possa ser maior e, se
confirmado, podemos estar diante do maior serial killer da história do
Brasil.
http://oaprendizverde.com.br
Goiás parece ter um chamariz
mórbido para produzir serial killers notórios. No começo dos anos
2000, José Vicente Matias, o “Corumbá”, estampou capas de jornais mundo
afora ao assassinar e comer partes dos corpos de seis mulheres. De uma, deixou
a cabeça cair e rolar por uma rua enquanto descartava o corpo. Em 2010,
foi a vez do psicopata sexual Adimar de Jesus Silva assustar o país ao matar
seis adolescentes em Luziânia. “Um delinquente sexual”, disse um
psicólogo. Agora, Tiago Henrique é a bola da vez.
O terror na cidade de Goiânia
veio pelo whatsapp. Um áudio compartilhado pelo aplicativo em Abril
tornou-se viral entre os moradores da cidade. Nele, um homem dizia que havia um
serial killer na cidade matando mulheres a esmo. De fato, desde Janeiro de
2014, mulheres vinham sendo mortas em Goiânia. Todas da mesma maneira: um
motoqueiro com um capacete preto se aproximava e disparava. Elas eram jovens e
bonitas. O boato e o medo criado a partir deste áudio foi tamanho que
autoridades tiveram que vir a público desmentir a possível ação de um serial
killer. De fato, e mesmo com mortes semelhantes, é difícil e até imprudente uma
fonte oficial vir a público e confirmar tal ocorrência. A polícia trabalha com
certezas e não achismos. Mas nesse caso, quem compartilhou este áudio estava
certo.
O áudio começou a circular pelos
celulares após o assassinato de Ana Maria Victor Duarte. O assassinato da
jovem, que estava prestes a se casar, teve grande repercussão na mídia goiana.
Ana Maria era assessora parlamentar, filha de promotor de justiça e foi
morta num bairro nobre da capital. Sua morte foi o estopim para que outros
assassinatos de jovens mulheres ocorridos em bairros afastados fossem notados.
Bárbara, Wanessa, Juliana, Janaina,
Taynara, Isadora… uma assombrosa lista da morte começou a se formar.
Mulheres estavam sendo mortas por um motoqueiro misterioso, um fantasma da
morte que chegava e atirava, da mesma forma que David Berkowitz fez a 37 anos
atrás em Nova Iorque. Quando Ana Lídia Gomes, 14, foi morta num ponto de
ônibus no dia 2 de Agosto, o tempo fechou.
O caso explodiu na mídia nacional e
internacional e o governador do estado de Goiás pediu a cabeça do suposto
serial killer ao Secretário de Segurança Pública.
Psicopata
A maioria dos serial killers se encaixam
na descrição de um psicopata; eles tem uma consciência distorcida, possuem uma
capacidade muito limitada para emoção e empatia, e são – muitas vezes –
extremamente narcisistas. Sem sentimentos para com o próximo, eles não serão
assombrados por aquilo que fizeram, o que significa que eles não sentem a
enorme quantidade de angústia ou dor que outros assassinos comuns – como os
envolvidos em crimes passionais – sentem. Eles estão numa posição de não sentir
ou perceber a dor e o sofrimento que causam. Tudo gira em torno de satisfazer a
si mesmo, não importando as consequências.
Psicopatas podem ser alheios a uma gama
de emoções, mas se uma coisa parece certa é que eles sentem prazer e
frustração. Muitos psicopatas são propensos a fazer escolhas que buscam
maximizar o prazer e minimizar a frustração, e ao contrário da maioria das
pessoas, eles costumam ter um pobre controle do impulso, recorrendo muitas
vezes ao álcool e drogas. Em outras palavras, psicopatas anseiam por estímulos.
Ao ser preso, Tiago teria dito que se
sentia angustiado e cometia os crimes para aliviar o sofrimento. Parece claro
que estamos diante de um psicopata frustrado que buscava no assassinato a
adrenalina necessária para o alívio e vingança. Nesse sentido, podemos
compará-lo a Pedrinho Matador. Quem não se lembra da entrevista de Pedrinho a
Marcelo Rezende dizendo que enquanto não matasse alguém ele não conseguia tirar “o peso das costas”? O assassinato dava alívio
a Pedrinho e Tiago. Ambos, em seus mundos particulares, sentiam um tipo de
angústia que era momentaneamente ceifada quando matavam alguém. Os dois também
buscavam vingança. Pedrinho queria vingar as mulheres e crianças vítimas de
estupradores e assassinos, já Tiago não está claro que tipo de frustração o
levou a querer descontar toda sua raiva. Isso agora é um trabalho para os
psiquiatras que irão traçar o seu perfil psicológico. Mentes doentias podem se
sentir isoladas e diferentes do resto do mundo. “Matava
por raiva, raiva de tudo e de todos“, disse um dos delegados da
força-tarefa, Deusny Aparecido. Elliot Rodger também tinha raiva de
tudo e de todos, principalmente de mulheres loiras e homens supostamente
inferiores a ele. Como Tiago, o americano canalizou suas frustrações no
assassinato. Matar pessoas foi uma forma de puni-las por suas próprias
desilusões.
Numa reportagem da TV Anhanguera de
Goiás, uma vizinha de Tiago disse que nos últimos meses ele começou a beber
bastante. Como dito acima, psicopatas comumente se voltam para as drogas e
álcool. Psicopatas serial killers beberrões são comuns. Normalmente eles enchem
a cara para lidar com suas fantasias homicidas, e isso acaba sendo uma mistura
que só faz piorar as coisas. Jeffrey Dahmer começou a beber aos 14
anos para espantar os pensamentos de tortura e morte que simplesmente explodiam
em sua mente. Após seus primeiros assassinatos, ele confessou que enchia a
cara porque achava que o álcool o ajudaria a lidar com o que havia feito. Ele
estava tão bêbado quando foi preso que não se lembrava como chegou na
delegacia. Carroll Cole foi outro serial killer
beberrão que enchia a cara numa tentativa de lidar com suas fantasias macabras.
Ted Bundy e John Wayne Gacy são dois outros
notórios serial killers conhecidos pelo vício em álcool.
“Começou matando homens, depois, mendigos e, agora, mulheres…
Acredito que ele seja um serial killer. No começo, ele matava aleatoriamente,
mas depois ele passou a adotar um padrão”. [João Carlos
Gorski, Delegado-geral da Polícia Civil de Goiás].
Concordo com o delegado da polícia civil
de Goiás. Tiago é sim um serial killer. Não necessariamente estes assassinos
matam sempre o mesmo perfil de vítimas. Uma porcentagem considerável de serial
killers costumam assassinar grupos diferentes. Um caso famoso é o do
norte-americano Henry Lee Lucas. No caso de Tiago, no final ele realmente
estabeleceu um padrão: assassinar mulheres jovens. Por que ele tinha problemas
com mulheres é uma questão em aberto.
De início, pensei que Tiago poderia ser
um serial killer missionário. É um pensamento meio que automático quando
sabemos que mendigos, prostitutas ou travestis foram as vítimas de algum serial
killer. Isso porque a maioria desses psicopatas acreditam que matar tais
pessoas é prestar um serviço a sociedade removendo o lixo das ruas,
tirando de circulação pessoas supostamente indesejadas e indignas de viver. Mas
pelas notícias veiculadas, parece que não. Tiago começou a matar travestis e
moradores de ruas porque eles seriam alvos fáceis. O professor de
criminologia Harold Schechter diz em seu livro Serial Killers – Anatomia do Mal,
que “prostitutas, garotos de programa,
adolescentes fugidos de casa, mendigos, drogados e outros párias sociais – o
que os criminologistas chamam de alvos de ocasião: pessoas que são
especialmente vulneráveis a assassinatos em série porque podem ser facilmente
emboscadas e subjugadas; e, além disso, são tão marginalizadas que ninguém,
incluindo membros da polícia e da imprensa, presta muita atenção quando desaparecem.”
Seria muita pretensão tentar
explicar porque Tiago parou de matar homossexuais e mendigos e passou a
matar jovens mulheres. De fato parece que ele possui algum problema com o
sexo oposto, e a adrenalina recebida ao caçar uma presa “da sociedade”
pode propiciar a satisfação que psicopatas assassinos como ele precisam. Apesar
de todas suas vítimas serem jovens bonitas, ele as caçava de forma aleatória,
percorrendo as ruas de Goiânia até topar com alguma que preenchesse seus
requisitos. Como todo e qualquer serial killer, Tiago era um assassino
oportunista.