No último dia 5 de agosto, cientistas e leigos do
mundo todo acompanharam o pouso da sonda espacial Curiosity, da NASA, em Marte.
A arriscada operação foi um “milagre da engenharia”, nas palavras do cientista
John Grotzinger, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena (EUA).
Uma vez em solo marciano, a sonda pode finalmente
iniciar a primeira fase de sua missão: descobrir se o planeta vermelho tem (ou
já teve) os ingredientes necessários para o surgimento de vida.
O pouso foi feito na cratera Gale, em cujo centro
está localizado o Aeolins Mons (também conhecido como Monte Sharp), uma
montanha de 5 km de altitude para a qual a Curiosity irá se dirigir durante a
missão.
Solo de
história
Formada a partir do impacto de um meteorito ou
cometa, Gale aparentemente esteve cheia de água durante centenas de milhões de
anos – como indica sua geologia. Nesse caso, as camadas de solo do Monte Sharp
devem ajudar os cientistas a entender melhor o fenômeno.
A Curiosity posou a aproximadamente 6,5 km do Monte
e, embora haja grandes expectativas em relação a ele, não há pressa para sair
do local de pouso: ainda é preciso testar os equipamentos e, além disso, há
bastante material para ser analisado nas proximidades. “O que temos aqui é um
paraíso para geólogos”, diz Grotzinger.
Seca
misteriosa
Perto do local de pouso está o fim de um leque
anuvial – depósito de detritos formado quando uma corrente de água chega a uma
área plana, perde velocidade e se espalha. Isso significa que, nesse local,
pode haver partículas trazidas da parede mais próxima da cratera (a 28 km de
distância), o que facilitaria bastante a coleta de amostras.
Comparar as partículas do leque com as do Monte
Sharp pode nos ajudar a entender o que aconteceu com a água que inundava a
cratera: se o material do leque for mais recente, por exemplo, é um sinal de
que houve períodos de seca e de inundação, ao invés de uma única e definitiva
“seca total”.
Laboratório
sobre rodas
Para realizar uma análise detalhada das condições
de Marte, a sonda conta com uma série de equipamentos sofisticados: entre eles,
uma câmera de alta resolução, um laser para quebrar rochas e permitir um exame
detalhado de suas partículas, e um laboratório de química para avaliar que tipo
de material é encontrado no planeta.
Com esses e outros instrumentos, a Curiosity poderá
buscar partículas orgânicas e elementos químicos que tornariam possível o
surgimento de vida microscópica em Marte.
Outro mistério a ser investigado na missão é o da
atmosfera do planeta vermelho: observações feitas em órbita sugerem que lá
ocorrem emissões de gás metano, o que significa que Marte é geologicamente
ativo ou que há (ou havia) organismos produzindo o gás.
Sem perder tempo, a NASA já começou a divulgar
fotos de Marte tiradas pela Curiosity. Para conferir o material, clique aqui.[New Scientist]
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