segunda-feira, 28 de março de 2011

O Despertar dos Mágicos (36). Os primeiros missionários que desembarcaram em Páscoa tiveram o cuidado de fazer desaparecer todos os vestígios da civil


Para além destas diferenças radicais em matéria de técnica, diferenças filosóficas ainda mais espantosas... Tinham posto de lado a relatividade e abandonado em parte a teoria dos quantas.

Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL

A sua cosmogonia teria deixado estupefatos os astrofísicos aliados: era a tese do gelo eterno, segundo a qual planetas e estrelas seriam blocos de gelo flutuando no espaço z. Se tais abismos se puderam formar em doze anos, no nosso mundo moderno, a despeito dos intercâmbios e comunicações, que pensar das civilizações tal como se puderam desenvolver no passado? Em que medida é que os nossos arqueólogos são qualificados para avaliar o estado das ciências, das técnicas, da filosofia, do conhecimento entre os Maias ou dos Khmers?
Não cairemos na armadilha das lendas: Lemúria ou Atlântida, Platão, no Critias, ao cantar as maravilhas da cidade desaparecida, e, antes dele, Homero, na Odisséia, ao evocar a fabulosa Scheriá, descrevem talvez Tartesso, a Tarshih bíblica de Jonas e objetivo da sua viagem. Na embocadura do Guadalquivir, Tartesso é a mais rica cidade mineira do Mundo e exprime a quinta-essência de uma civilização. Floresceu há não se sabe quantos séculos, depositária de uma sabedoria e de segredos. Por volta do ano 500 antes de Cristo sumiu-se completamente, não se sabe como nem porquê. Pode ser que Numinor, misterioso centro celta do século v antes de Cristo, não seja uma lenda, mas nada sabemos.
As civilizações de cuja existência passada estamos certos, e que desapareceram, são na verdade tão estranhas como a Lemúria. A civilização árabe de Córdova e de Granada inventa a ciência moderna, descobre a investigação experimental e as suas aplicações práticas, estuda a química e até a propulsão a reação. Alguns manuscritos árabes do século XII apresentam esquemas de foguetões de bombardeamento. Se o império de Almançor estivesse tão avançado em biologia como nas outras técnicas, se a peste não se tivesse aliado aos espanhóis para o destruir, a revolução industrial talvez se tivesse dado no século XV e XVI na Andaluzia, e então o século XX seria uma era de aventureiros interplanetários árabes prontos a colonizar a Lua, Marte e Vênus.
O império de Hitler, o de Almançor desmoronaram-se no meio do fogo e do sangue. Uma bela manhã de Junho de 1940, o céu de Paris escureceu, o ar ficou carregado de vapores de gasolina, e sob aquela imensa nuvem que ensombrou os rostos alterados pelo espanto, o pavor, a vergonha, uma civilização vacila, milhares de seres fogem ao acaso pelas estradas metralhadas. Quem viveu esses momentos, e presenciou também o crepúsculo dos deuses do III Reich, pode imaginar o fim de Córdova e de Granada, e milhares de outros fins do mundo, no decorrer dos milenários. Fim do mundo para os Incas, fim do mundo para os Tolteques, fim do mundo para os Maias. Toda a história da Humanidade: um fim sem fim...
A ilha de Páscoa, a 3000 quilômetros ao largo da costa do Chile, é tão grande como Jersey. Quando o primeiro navegador europeu, um holandês, ali acostou, em 1722, julgou-a habitada por gigantes. Sobre aquela pequena superfície vulcânica da Polinésia erguem-se 593 imensas estátuas. Algumas têm mais de vinte metros de altura e pesam cinqüenta toneladas. Quando foram erigidas? Como? Porquê? Julga-se poder distinguir, por meio do estudo desses misteriosos monumentos, três categorias de civilizações, cuja mais perfeita seria a mais antiga. Como no Egito, os enormes blocos de tufo, de basalto, de lava são ajustados com prodigiosa habilidade. Mas a ilha é acidentada, e as poucas árvores enfezadas não podem servir de cilindros: como foram as pedras transportadas? E poder-se-á invocar uma mão-de-obra colossal? No século XIX, os pascoanos eram duzentos: três vezes menos numerosos que as suas estátuas. Jamais puderam ser mais de três ou quatro mil sobre essa ilha de terreno fértil e sem animais. Então?
Como em África, como na América do Sul, os primeiros missionários que desembarcaram em Páscoa tiveram o cuidado de fazer desaparecer todos os vestígios da civilização extinta. Na base das estátuas havia tabuinhas de madeira, cobertas de hieróglifos: foram queimadas ou enviadas para a biblioteca do Vaticano, onde repousam inúmeros segredos. Tratar-se-ia de destruir os vestígios de antigas superstições, ou de apagar os testemunhos de outro saber, A recordação da passagem pela Terra de outros seres? De visitantes vindos de algures?
Os primeiros europeus que exploraram Páscoa descobriram entre os pascoanos homens brancos e barbudos. De onde provinham? Descendentes de que raça várias vezes milenária, degenerada, hoje totalmente submersa? Pedaços de lendas falavam de uma raça de mestres, de docentes, vinda dos confins dos séculos, caída do céu.
O nosso amigo, o explorador e filósofo peruano Daniel Ruzo, parte em 1952 para estudar a planura desértica de Marcahuasi, a 3800 metros de altitude, a oeste da cordilheira dos Andes. Essa planura sem vida, que só pode ser atingida a cavalo numa mula, mede três quilômetros quadrados. Ruzo descobre animais e rostos humanos esculpidos na rocha, e somente visíveis no solstício de Verão, por meio do jogo das luzes e das sombras. Ali encontra estátuas de animais da época secundária, como o estegossauro; leões, tartarugas, camelos, desconhecidos na América do Sul. Uma colina esculpida representa uma cabeça de velho.
O negativo da fotografia revela um jovem radiante. Visível no decorrer de que rito de iniciação? Datar a carbono 14 ainda não foi possível: nem o menor vestígio orgânico sobre Marcahuasi. Os indícios geológicos obrigam a regressar à noite dos tempos. Ruzo pensa que essa planura teria sido o berço da civilização Masma, talvez a mais antiga do Mundo.
Volta a encontrar-se a recordação do homem branco sobre outra fabulosa planura, Tiahuanaco, a 4000 metros. Quando os Incas conquistaram essa região do lago Titicaca, Tiahuanaco era já aquele campo de ruínas gigantescas, inexplicáveis, que nós conhecemos. Quando Pizarro ali chegou, em 1532, os Índios deram aos conquistadores o nome de Viracochas: senhores brancos. A sua tradição, já mais ou menos perdida, fala de uma raça de grandes senhores desaparecida, gigantesca e branca, vinda de algures, surgida dos espaços, de uma raça de Filhos do Sol. Ela reinava e ensinava há vários milênios. Desapareceu subitamente. E há-de voltar. Por toda a parte, na América do Sul, os europeus que se encarniçavam na conquista do ouro encontraram essa tradição e dela beneficiaram. O seu mais baixo desejo de conquista e de lucros foi auxiliado pela mais misteriosa e maior recordação.
A exploração moderna revela, sobre o continente americano, uma enorme profundidade de civilização. Cortês apercebe-se com assombro de que os Astecas são tão civilizados como os espanhóis. Hoje sabemos que eles viviam dos restos de uma cultura mais elevada, a dos Tolteques. Os Tolteques construíram os monumentos mais gigantescos da América. As pirâmides do Sol de Teotihuacon e de Cholula são duas vezes mais importantes do que o túmulo do rei Kéops. Mas os próprios Tolteques eram os descendentes de uma civilização ainda mais perfeita, a dos Maias, cujos restos foram descobertos nos matagais das Honduras, da Guatemala, do lucatão. Enterrada sob a desordem da natureza, revela-se uma civilização muito anterior à grega, mas superior a ela. Extinta quando e como? Duas vezes morta, em todo o caso, pois os missionários também ali se empenharam em destruir os manuscritos, quebrar as estátuas, fazer desaparecer os altares. Resumindo as investigações mais recentes sobre as civilizações desaparecidas, Raymond Cartier escreve:
Em inúmeros domínios, a ciência dos Maias ultrapassou a dos gregos e dos romanos. Senhores de profundos conhecimentos matemáticos e astronômicos, desenvolveram até uma perfeição minuciosa a cronologia e a ciência do calendário. Construíam observatórios com cúpulas muito melhor orientados que o de Paris no século XVII, como o Caracol colocado sobre três terraços na sua capital de Chichen Itza. Eles utilizavam o ano sagrado de 260 dias, o ano solar de 365 dias e o ano venusiano de 584 dias. A duração exata do ano solar hoje é fixada em 365,422 dias. Os Maias tinham calculado 365,2420 dias, ou seja, com uma diferença de decimal, o número a que nós chegamos após demorados cálculos.
É possível que os egípcios tenham obtido a mesma aproximação, mas, para o admitir, é preciso acreditar nas discutidas concordâncias das Pirâmides, enquanto possuímos o calendário Maia. Na arte admirável dos mexicanos são visíveis outras analogias com o Egito. As suas pinturas murais, os seus frescos, as partes laterais dos seus vasos mostram homens com o violento perfil semita em todas as tarefas da agricultura, da pesca, da construção, da política, da religião.
Só o Egito pintou esse labor com uma verdade tão cruel, mas os barros vidrados dos Maias fazem lembrar os Etruscos, os seus baixos-relevos a Índia e as grandes escadarias abruptas dos seus templos piramidais, Ankor. Se não receberam tais modelos do exterior, então os seus cérebros eram constituídos de tal maneira que passou pelas mesmas formas de expressão artística que todos os grandes povos antigos da Europa e da Ásia. Terá a civilização surgido numa região geográfica determinada e ter-se-á propagado pouco a pouco como um incêndio numa floresta? Ou terá aparecido espontânea e separadamente em diferentes regiões do globo?
Terá existido um povo instrutor e povos alunos, ou vários povos autodidatas? Sementes isoladas ou um tronco único e estacas espalhadas um pouco por toda a parte?
Não sabemos, e não possuímos qualquer explicação satisfatória sobre as origens de tais civilizações -nem o seu desaparecimento Certas lendas bolivianas reunidas por Cynthia Fainl e que ascendem a mais de cinco mil anos, contam que as civilizações dessa época se teriam extinguido após um conflito com uma raça não humana, cujo sangue não era vermelho.
O altiplano da Bolívia e do Peru evoca outro planeta. Não é a Terra, é Marte. Ali a pressão do oxigênio é inferior à metade da que existe ao nível do mar, e no entanto encontram-se homens até uma altitude de 3500 metros. Eles têm mais dois litros de sangue do que nós, oito milhões de glóbulos vermelhos em vez de cinco, e o seu coração bate mais lentamente.

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