Chuvas e neves pretas, flocos de neve negra como azeviche. Escórias de fundição tombam do céu sobre o mar da Escócia. São encontradas em tal quantidade que o produto poderia representar o rendimento global de todas as fundições do Mundo.
Louis Pauwels e Jacques Bergier. DIFEL
Penso numa ilha vizinha de um trajeto comercial transoceânico. Ela poderia receber várias vezes por ano detritos provenientes de navios de passagem. Porque não destroços ou resíduos de navios interestelares?
Chuvas de substância, de matéria gelatinosa, acompanhadas de um forte odor de podridão. Admitir-se-á que nos espaços infinitos flutuam vastas regiões viscosas e gelatinosas? Tratar-se-ia de carregamentos alimentares depositados no céu pelos Grandes Viajantes de outros mundos? Tenho a impressão de que por cima das nossas cabeças uma região estacionária, na qual as forças de gravidade da Terra, bem como as meteorológicas, são relativamente inertes, recebe do exterior produtos análogos aos nossos.
Chuvas de animais vivos: peixes, rãs, cágados. Vindos de algures? Nesse caso, os seres humanos é provável que também tenham vindo ancestralmente de algures. . . A menos que se trate de animais arrancados à Terra devido a furacões, a trombas, e depositados numa região do espaço sem gravitação, espécie de câmara fria onde se conservam indefinidamente os produtos desses raptos. Arrancados à Terra e tendo ultrapassado a porta que dá para o além, reunidos num supermar dos Sargaços do céu.
Os objetos revolvidos pelos furacões podem ter atingido uma zona de suspensão situada por cima da Terra, flutuar um ao lado do outro durante muito tempo, e por fim cair.. . Aqui estão os dados, fazei deles o que vos aprouver.. . Para onde vão as trombas, de que são elas feitas? Um supermar dos Sargaços: destroços, detritos, velhos carregamentos dos naufrágios interplanetários, objetos atirados para aquilo a que se chama espaço, devido às convulsões dos planetas vizinhos, relíquias do tempo dos Alexandres, dos Césares e dos Napoleões de Marte, Júpiter e Netuno.
Objetos revolvidos pelos nossos ciclones: granjas e cavalos, elefantes, moscas, pterodáctilos, moas, folhas de árvores recentes ou da idade carbonífera, tudo isto com tendência a desintegrar-se em lamas ou em poeiras homogêneas, vermelhas, negras ou amarelas, tesouros para paleontologistas ou arqueólogos, acumulações de séculos, furacões do Egito, da Grécia, da Assíria.. .
Os raios provocam a queda de pedras. Os camponeses acreditaram nas meteoritos, a Ciência excluiu-as. Os camponeses acreditam nas pedras de raio, a Ciência exclui-as.É inútil sublinhar que os camponeses percorrem os campos, enquanto os sábios se encerram nos seus laboratórios e nas salas de conferência. Pedras de raio facetadas. Pedras cheias de marcas, de sinais.
E se outros mundos tentassem desta forma, e de outras, comunicar conosco, ou pelo menos com alguns de nós? Com uma seita, talvez uma sociedade secreta, ou certos habitantes muito esotéricos desta terra? Há milhares e milhares de testemunhos dessas tentativas de comunicação. A minha prolongada experiência da supressão e da indiferença faz-me pensar, mesmo antes de entrar no assunto, que os astrônomos viram esses mundos, que os meteorólogos, os sábios, os observadores especializados os vislumbraram diversas vezes. Mas que o Sistema excluiu todos esses dados.
Lembremos uma vez mais que isto foi escrito por volta de 1910.Atualmente,Russos e Americanos constroem laboratórios para estudo dos sinais que nos poderiam ser transmitidos de outros mundos.
E não teremos sido visitados num passado longínquo? E se a paleontologia fosse falsa? E se as grandes ossaturas descobertas pelos sábios exclusionistas do século XIX tivessem sido arbitrariamente reunidas? Restos de seres gigantescos,visitantes ocasionais do nosso planeta? No fundo,quem nos obriga a acreditar na fauna pré¬humana de que nos falam os paleontologistas que não sabem mais do que nós? Seja qual for a minha natureza otimista e crédula cada vez que visito o Museu Americano da História Natural o cinismo apodera-se de mim na secção dos Fósseis. Ossaturas gigantescas, reconstruídas de maneira a formarem dinossauros verossímeis.No andarde cima há uma reconstituição do Dodô.É pura ficção como tal apresentada. Mas edificada com tal amor,tal ânsia de convencer.. . Se já fomos visitados,qual o motivo por que deixamos de o ser?
Pressinto uma resposta simples e imediatamente aceitável: Se o pudéssemos fazer,educaríamos e civilizaríamos porcos, patos e vacas? Atrever-nos-íamos a estabelecer relações diplomáticas com a galinha, que funciona para nos satisfazer com o seu sentido absoluto de aperfeiçoamento?
Creio que somos bens imobiliários,acessórios,gado. Creio que fazemos parte de qualquer coisa.Que outrora a Terra era uma espécie de no man's land que outros mundos exploraram, colonizaram e disputaram entre si.
Atualmente, há qualquer coisa que possui a Terra e dela afastou todos os colonos.Nada nos apareceu vindo de algures, tão abertamente como um Cristóvão Colombo desembarcando em S. Salvador ou Hudson subindo o rio que tem o seu nome. Mas, quanto às visitas sub-reptícias feitas ao planeta, muito recentemente ainda, quanto aos viajantes emissários vindos talvez de outro mundo e que mostram o maior interesse em nos evitar, teremos disso provas convincentes.
Ao empreender esta tarefa, serei por minha vez obrigado a pôr de parte certos aspectos da realidade. Parece-me difícil, por exemplo, englobar num único volume todas as maneiras possíveis de se servir da humanidade numa forma diferente de existência, ou mesmo justificar a ilusão lisonjeira que pretende que somos úteis a qualquer coisa. Os porcos, os patos e as vacas devem antes de mais descobrir que os possuímos, depois preocupar-se em saber por que motivo os possuímos.
Talvez nós sejamos utilizáveis, talvez se tenha operado uma coordenação entre diversas partes: qualquer coisa tem sobre nós direito legal pela força, depois de ter pago para obter o equivalente das quinquilharias que lhe reclamava o nosso proprietário precedente, mais primitivo. E essa transação é conhecida desde há vários séculos por alguns de nós, cabecilhas de um culto ou de uma ordem secreta cujos membros, como escravos de primeira classe, nos dirigem segundo as instruções recebidas, e nos encaminham para a nossa misteriosa função.
Outrora, muito antes que a posse legal ficasse estabelecida, habitantes de uma imensidade de Universos aterraram sobre a Terra, por ela deambularam, voaram, navegaram a todo o pano, arrastados, empurrados para as nossas costas, isoladamente ou em grupos, visitando-nos ocasional ou periodicamente, por razões de caça, de permuta ou de sondagem, talvez para rechearem os seus haréns. Fundaram as suas colônias, perderam-se ou tiveram de partir. Povos civilizados ou primitivos, seres ou coisas, formas brancas, negras ou amarelas.
Nós não estamos sós, a Terra não está só, somos todos insetos e ratos, e apenas expressões diferentes de um enorme queijo universal do qual apercebemos vagamente as fermentações e o cheiro. Há outros mundos atrás do nosso, outras vidas para além daquilo a que chamamos vida. Abolir os parêntesis do exclusionismo para dar acesso às hipóteses da Unidade fantástica.
E paciência se nos enganamos, se desenhamos, por exemplo, um mapa da América sobre o qual o Hudson se dirige diretamente à Sibéria: o essencial, neste momento de renascimento do espírito e dos métodos de conhecimento, é que tenhamos a firme convicção de que os mapas devem ser refeitos, que o Mundo não é aquilo que pensávamos que fosse, e que nós próprios nos devemos transformar, no seio da nossa própria consciência, em qualquer coisa de diferente do que éramos.
Outros mundos comunicam com a Terra. Há provas disso. As que julgamos ver talvez não sejam as autênticas. Mas existem. As marcas de ventosas sobre as montanhas: serão provas? Ignoramo-lo. Mas despertarão o nosso espírito para que encontre outras melhores. Essas marcas parecem-me simbolizar a comunicação. Mas não meios de comunicação entre habitantes da Terra.
Tenho a impressão de que uma força exterior cobriu de símbolos os rochedos da Terra, e isto de muito longe. Não creio que as marcas de ventosas sejam comunicações inscritas entre diversos habitantes da Terra, pois parece inaceitável que os habitantes da China, da Escócia e da América tenham todos concebido o mesmo sistema. As marcas de ventosas são uma série de impressões sobre a rocha que obrigam irresistivelmente a pensar em ventosas. Por vezes são rodeadas por um círculo, outras por um simples semicírculo.
Encontram-se mais ou menos por toda a parte, em Inglaterra, em França, na América, na Argélia, no Cáucaso e na Palestina, por toda a parte exceto talvez no Grande Norte. Na China, as falésias estão cheias dessas marcas. Sobre uma falésia próxima do lago de Como existe um labirinto dessas marcas. Na Itália, em Espanha e nas Índias encontram-se em quantidade inacreditável. Suponhamos que uma força, digamos análoga à energia elétrica, possa de longe marcar os rochedos da mesma forma que o selênio pode, a centenas de quilômetros, ser marcado pelos telefotógrafos, mas eu sou o homem de dois espíritos.
Exploradores perdidos vindos de qualquer parte. De qualquer outro sítio tentam comunicar com eles, e um frenesi de mensagens chove em catadupa sobre a Terra, na esperança de que algumas delas marquem as montanhas, perto dos exploradores perdidos. Ou ainda, em qualquer parte sobre a Terra, há uma superfície rochosa de um gênero muito especial, um receptor, uma construção polar, ou uma colina abrupta e cônica sobre a qual há séculos que se inscrevem as mensagens de outro mundo. Mas, por vezes, essas mensagens perdem-se e marcam superfícies situadas a milhares de quilômetros do receptor. Talvez as forças dissimuladas atrás da história da Terra tenham deixado sobre os rochedos da Palestina, da Inglaterra, da China e das Índias arquivos que um dia serão decifrados, ou instruções mal dirigidas destinadas a ordens esotéricas, aos franco-maçons e aos jesuítas do espaço.
Imagem: blog-da-natta.blogspot.com
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