Pela primeira vez, cientistas foram capazes de observar diretamente a fusão de duas estrelas vizinhas com o objetivo de formar apenas uma. Especialistas sugerem que há décadas que tais estrelas – que giram tão próximos uma das outras que as suas camadas exteriores realmente se tocam – estão nesse processo de “mistura”. O novo trabalho de Romuald Tylenda e colaboradores, do Centro Astronômico Nicolaus Copernicus, em Torun, na Polônia, pegou as estrelas no flagra.
O relato dos investigadores de terem pego as estrelas do ato “não é apenas plausível, é convincente”, opina Robert Williams, do Instituto Científico Telescópio Espacial, de Baltimore, Estados Unidos, que não esteve envolvido no estudo. Os resultados, que será publicado na próxima edição da revista internacional “Astronomia e Astrofísica”, complementa informações a trabalhos anteriores que tentam compreender a natureza do par de estrelas, conhecidas como V1309 Scorpii.
V1309 Scorpii foi descoberta em 2008, quando entrou em erupção com um clarão brilhante. A partir daquele momento, os astrônomos propuseram várias explicações para a explosão, porém, sem chegar a um consenso.
A mais recente descoberta veio após um golpe de sorte: Tylenda percebeu que o telescópio do Experimento de Lentes Ópticas Gravitacionais da Universidade de Varsóvia – um projeto que busca encontrar matéria escura desde meados dos anos 1990 – apontava para a região da V1309 Sco no céu por anos. Depois de mais de 2 mil observações feitas entre os anos de 2002 e 2010, ele e seus colegas descobriram variações de luz que sugerem que a V1309 Sco foi originalmente uma estrela binária de contato, um par de estrelas que circulam e se tocam a cada 1,4 dias. Com o tempo, essa variação periódica foi ficando cada vez menor à medida em que as camadas das estrelas foram se unindo e criaram um casulo abrangendo ambas as órbitas das estrelas.
Nesse ponto, o objeto ficou cada vez mais brilhante. A intensidade de sua luz dobrava a cada 19 dias até o final de agosto de 2008, quando atingiu seu ápice luminoso por 10 dias. A explosão final da V1309 Sco ocorreu naquele mês, quando os núcleos das estrelas finalmente foram mesclados e a energia combinada irrompeu para fora. Tornou-se 10 mil vezes mais brilhante que sua luminosidade original e mais de 30 mil vezes mais brilhante que o sol e então rapidamente perdeu o brilho e, ao longo, de alguns meses voltou à sua luminosidade original.
A melhor explicação para essas variações é a fusão de um sistema binário de contato, segundo Tylenda e seus colegas.
Enquanto o objeto resultante deve ser uma estrela – embora com uma estrutura interna estranha e com uma rápida rotação -, o material expelildo durante a fusão dos corpos celestes bloqueia quase por completo a visão da V1309 Scopii. Por isso, os astrônomos ainda não podem ver como a nova estrela se parece. Os astrônomos já solicitaram mais tempo no telescópio espacial Hubble para observar o objeto, conta Williams. “Entretanto, pode levar anos até que o disco de material diverso se dissipe”, nota Stefan Kimeswenger, cientista da Universidade de Innsbruck, Áustria.
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