Durante a última década, avalanches e deslizamentos de terra se tornaram mais comuns em montanhas altas, aparentemente coincidindo com o aumento dos períodos excepcionalmente quentes. Isso sugere que as mudanças climáticas estão “desmoronando” a Terra.
Mas o pior ainda está por vir. Os colapsos são acionados pelo derretimento de geleiras e do permafrost, que retira a “cola” que mantém as encostas das montanhas juntas. O derretimento das geleiras sobre vulcões poderia desestabilizar blocos de terra imensos, provocando deslizamentos capazes de nivelar cidades como Seattle, nos EUA, e destruir toda a infra-estrutura local.
O fenômeno não é novo na Terra. Vários estudos têm mostrado que cerca de 10 mil anos atrás, quando o planeta saiu da última era do gelo, vastas porções de cones vulcânicos desabaram, provocando deslizamentos de terra enormes.
Para avaliar o risco de isso acontecer de novo, pesquisadores estudaram um deslizamento enorme que ocorreu 11.000 anos atrás, em Planchón-Peteroa (foto), um vulcão glaciar no Chile cuja altitude e latitude tornam prováveis que o vulcão sinta os efeitos da mudança climática antes dos outros.
Naquela época, cerca de um terço do cone vulcânico desabou. Dez bilhões de metros cúbicos de rocha caíram da montanha e sufocaram 370 quilômetros quadrados de terra, viajando 95 quilômetros no total.
Com as temperaturas globais em uma ascensão constante, os pesquisadores estão preocupados que a história se repita em vulcões de todo o mundo. Os cientistas descobriram que 39 cidades com população superior a 100 mil habitantes estão situadas a 100 quilômetros de algum vulcão que entrou em colapso no passado e que, portanto, seria capaz de entrar em colapso no futuro.
Eles acreditam que muitos vulcões em zonas temperadas estejam em risco, incluindo o Anel de Fogo – os vulcões que circundam o Oceano Pacífico.
Os pesquisadores afirmaram que os primeiros vulcões a desabarem serão muito provavelmente nos Andes, onde as temperaturas crescem mais como resultado do aquecimento global.
Entretanto, estudos em andamento estão mostrando que os vulcões não-glaciais também poderiam estar em maior risco de colapso catastrófico se a mudança climática aumentar as chuvas.
Segundo os pesquisadores, a última vez que um vulcão desabou, poucas pessoas estavam por perto para testemunhar. Hoje, há muito mais assentamentos humanos e atividades perto das encostas de vulcões glaciares ativos do que havia 10 mil anos atrás, portanto, os efeitos poderiam ser catastróficos.
Qualquer movimento poderia ser um sinal precoce de problemas futuros. Por exemplo, na Nova Zelândia, em dezembro de 1991, 12 milhões de metros cúbicos de rocha e gelo desabaram da montanha mais alta do país. O deslizamento de terra viajou 7,5 km. O fenômeno ocorreu depois de uma semana extremamente quente, na qual as temperaturas foram 8,5 °C acima da média, e reduziu a altura da montanha em cerca de 10 metros.
Também na Rússia, em 2002, mais de 100 pessoas foram mortas quando as suas aldeias foram varridas por desabamentos das montanhas ao norte do Cáucaso. Mais de 100 milhões de metros cúbicos de detritos percorreram 20 km.
O caso mais recente aconteceu na Itália, após uma onda de calor na primavera em 2007. Uma montanha alpina sofreu uma avalanche espetacular, na qual 300 mil metros cúbicos de rocha caíram em um lago seco sazonal. Se o lago contivesse água, a avalanche teria gerado um derramamento enorme, com consequências catastróficas para as cidades vizinhas. [NewScientist]
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