Em 1993, o filme Jurassic Park mostrou como
“reviver” criaturas que habitavam a Terra há milhões de anos poderia ser um
negócio arriscado. Bom, recentemente um grupo de pesquisadores fez um experimento
similar (usando bactérias ao invés de dinossauros como fonte de genes, vale
dizer de antemão).
Por meio de um processo chamado evolução
paleo-experimental, a equipe do Instituto de Tecnologia de Georgia (EUA)
“ressuscitou” um gene bacteriano de mais de 500 milhões de anos, e o inseriu em
bactérias E. coli. Ao observar um gene antigo em um organismo moderno, é
possível ver se a trajetória evolutiva se repete ou se, ao invés disso, os
organismos vão se adaptar de outra forma, explica o cientista Betül Kaçar.
Evolução
vista de camarote
Em 2008, seu orientador de pós-doutorado, o
professor de biologia Eric Gaucher, descobriu a sequência genética antiga capaz
de sintetizar a EF-Tu, uma proteína essencial para a E. coli e presente
em todas as formas de vida celulares que conhecemos.
Com o gene em mãos, Kaçar e sua equipe o inseriram
nos cromossomos de bactérias, criando oito linhagens idênticas de E. coli
híbridas (portando o gene antigo em meio a sequências genéticas modernas). De
início, esses organismos não eram tão saudáveis como os atuais. “Isso criou um
cenário perfeito para observarmos como os organismos alterados iriam se adaptar
e acumular mutações a cada dia [conforme se reproduziam]“, diz Gaucher.
Com o passar do tempo, as gerações de híbridos
foram se tornando cada vez mais saudáveis, a ponto de superar as E. coli
atuais em alguns aspectos. Ao analisar seu genoma, os pesquisadores perceberam
que o gene antigo não se modificou: as proteínas que interagem com ele é que
mudaram. Assim, a evolução tomou um rumo diferente do esperado.
A equipe deverá continuar estudando o organismo
híbrido para ver como o processo evolutivo vai se desenrolar. “Queremos saber
se a evolução sempre vai para um único ponto, ou se encontra múltiplas soluções
para um mesmo problema”, explica Kaçar.[Science Daily]
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