A mudança climática não é um problema novo. Um estudo recente que pesquisou ano a ano a temperatura e a precipitação na Europa Ocidental oferece o retrato mais detalhado já feito de como o clima e a sociedade são entrelaçados há milênios.
Os pesquisadores acumularam uma base de dados de mais de 9.000 peças de madeira que datam de 2.500 anos. As amostras vieram de árvores vivas e restos de construções e outros artefatos de madeira, todos da França e da Alemanha.
Ao medir a largura dos anéis das madeiras, os pesquisadores foram capazes de determinar os níveis de temperatura e precipitação em uma base ano a ano.
Para obter temperaturas anuais, os pesquisadores mediram anéis de árvores coníferas de alta altitude, que crescem mais rapidamente nos verões mais quentes e mais lentamente nos anos mais frios.
Para medir a precipitação, eles olharam para as larguras dos anéis em carvalhos de elevação mais baixa, que crescem mais rápido em anos com níveis mais elevados de precipitação. Outras técnicas permitiram que os cientistas soubessem exatamente que ano cada anel representava.
As conclusões do estudo envolvem um período prolongado de tempo úmido que estimulou a propagação da peste bubônica em tempos medievais, e 300 anos de tempo imprevisível que coincidiram com o declínio do Império Romano.
Claro que as mudanças climáticas não foram necessariamente a causa destes e de outros grandes eventos históricos. Porém, com um olhar para o passado, tal trabalho pode ajudar a sociedade a se preparar melhor para as alterações climáticas do futuro.
O melhor entendimento sobre o antigo sistema climático e sua variabilidade ajuda a compreender a situação atual, e influenciar decisões de políticas públicas sobre a gestão da água e outros recursos. O estudo não fornece nenhuma previsão, mas ajuda os governos a considerarem situações.
Em geral, as análises mostraram que o grau de mudanças climáticas que estão ocorrendo agora é sem precedentes nos últimos 2.500 anos.
Como os pesquisadores tinham dados de padrões climáticos correlacionados com seus anos exatos, puderam se concentrar em momentos específicos da história. Novamente, os dados sugerem que o clima tem afetado a cultura de maneira dramática.
Mudanças extremas e frequentes nos padrões climáticos entre 250 e 550, por exemplo, coincidiram com um período de turbulência em situações excepcionais na política e economia da Europa.
Conforme os padrões climáticos se estabilizaram novamente entre aproximadamente 700 e 1000, por outro lado, as sociedades começaram a prosperar e crescer no meio rural do noroeste da Europa. Ao mesmo tempo, as colônias nórdicas surgiram na Islândia e na Groenlândia.
O clima também parece ter desempenhado um papel na epidemia da Peste Negra, que matou cerca de metade da população da Europa Central em 1347. As décadas que antecederam a manifestação tiveram verões mais úmidos e uma onda de frio que correspondia com o início de uma Pequena Idade do Gelo. Essas condições podem ter contribuído para a fome generalizada e má saúde, predispondo as pessoas à praga.
Outro mergulho particularmente frio no início do século 17 correspondeu com a Guerra dos Trinta Anos, uma época em que muitas pessoas abandonaram a Europa e migraram para a América. Não é que houve uma guerra porque estava frio. Mas as condições não eram úteis. A sociedade estava afetada pela turbulência política, e a temperatura era um sofrimento adicional.
Juntos, os resultados oferecem novas e extraordinárias linhas de evidência para a compreensão da história das sociedades humanas. As correlações não provam nada, mas os resultados ajudam a mostrar como o clima tem atuado como um dos muitos fatores que alteram a vida das pessoas ao longo da evolução social. [MSN]
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