Não há dúvidas de que nós, mulheres, somos algumas das
criaturas mais mal compreendidas de todos os tempos. E, não, não estou falando
daquelas piadinhas sem graça usadas por tantos homens de que “não dá para
entender as mulheres”, “mulheres não fazem sentido” ou coisas do gênero. Com
séculos de opressão nas costas, muito do universo feminino só vem sendo
estudado recentemente e, com isso, os
mais diversos mitos têm sido colocados abaixo.
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Para além destes enganos, nós ainda possuímos uma
infinidade de habilidades incríveis que a ciência está apenas começando a
entender. Estudos recentes têm mostrado que muitas coisas que eram atribuídas a
um tal de “sexto sentido feminino” realmente existem. Tenho certeza de que,
como eu, muitos de vocês, leitores, também vão se surpreender com a lista
abaixo.
10. Nós conseguimos reconhecer traidores à primeira
vista
Don Juans do mundo, atenção. Aparentemente, as
mulheres têm a incrível capacidade de dizer se um homem é um traidor só de
olhar para o rosto dele. Quando os cientistas de uma universidade australiana
pediram a 34 mulheres para olhar para fotografias de dezenas de homens
diferentes e identificar quais eram infiéis, as participantes acertaram 62% das
vezes. As mulheres pareciam basear suas decisões sobre o quão masculinos – mas
não necessariamente atraentes – os homens da foto pareciam e esses homens viris
eram, de fato, muito mais propensos a trair suas parceiras.
Por outro lado, as contrapartes masculinas do estudo
erroneamente concluíram que 77% das mulheres mostradas a eles eram infiéis. Os
cientistas deduziram que as mulheres podem ter desenvolvido essa habilidade
porque, historicamente, tinham muito mais a perder em casos de infidelidade.
Enquanto o homem teria apenas de criar filhos de outro homem, a mulher poderia
perder os recursos necessários para os seus próprios filhos para a prole de
outra mulher.
9. Nós percebemos mais cores
Quantas
cores tem um arco-íris? Na verdade, não há uma resposta definitiva para esta
pergunta. Para as mulheres, o número é muito maior. De acordo com Israel
Abramov, um respeitado cientista, as mulheres podem ver as diferenças de cores
muito melhor do que os homens. Ou seja, quando você pede para o seu marido te
alcançar a blusa bege clara e ele te entrega uma cor de champagne, a culpa pode
não ser totalmente dele.
Tendo
estudado a visão humana por meio século, Abramov descobriu que, enquanto os
homens eram melhores em ver os objetos se moverem através de sua linha de
visão, as mulheres eram melhores em identificar as disparidades sutis entre
diferentes matizes. Abramov postulou que as mulheres desenvolveram esta
habilidade antes do início do período agrícola, quando precisavam escolher com
cuidado a vegetação comestível, enquanto os homens caçavam por comida.
Além
disso, existe um pequeno grupo de mulheres conhecidas como “tetracromatas“,
que têm a capacidade para perceber 100 milhões de cores diferentes porque
possuem quatro tipos de cones na retina, ao invés de três. Esses cones
adicionais permitem que os seus cérebros combinem mais cores. Levou décadas
para que os cientistas encontrassem tal pessoa, mas a pesquisadora Gabriele
Jordan conseguiu, em 2007, identificar uma médica do norte da Inglaterra como a
primeira tetracromata conhecida. Gabriele tem certeza de que há muitas mais por
aí.
8.
Enjoo matinal salva vidas
Nada de medicações para parar com os enjoos matinais,
grávidas: os cientistas Paul Sherman e Samuel Flaxman afirmaram que, na
verdade, eles são um mecanismo de defesa para proteger a futura mamãe e seu
feto de parasitas e toxinas prejudiciais encontrados principalmente em carnes,
peixes e produtos avícolas. Os cientistas descobriram que este tipo de sintoma
ocorre especialmente durante os primeiros estágios do desenvolvimento fetal,
quando o bebê é mais vulnerável, e vai diminuindo gradualmente durante a última
parte da gravidez.
Além disso, de acordo com os pesquisadores, mulheres
que têm crises de enjoo e vômitos mais fortes sofrem menos incidentes de
aborto. Do ponto de vista evolutivo, esta adaptação permitiu o crescimento da
prole saudável e garantiu a sobrevivência da raça humana.
7. Orgasmos obstétricos
Enquanto
o prazer é provavelmente a última sensação que nós associamos com o parto,
algumas mulheres sentem exatamente isso. Em um estudo de 2013, o psicólogo
francês Thierry Postel entrevistou mais de 900 parteiras que confirmaram que,
dos mais de 200 mil nascimentos assistidos por elas, pelo menos 668 mulheres
relataram ter um orgasmo.
Ainda
que Postel tenha sido o primeiro a organizar os números, o fenômeno do orgasmo
obstétrico já tinha sido revelado ao público com o documentário “Orgasmic
Birth: The Best-Kept Secret”, de 2008, sem nome oficial em português (“Parto
orgásmico: O segredo mais bem guardado”, em tradução livre). A diretora, Debra
Pascali-Bonaro, afirmou que, como Postel entrevistou as parteiras ao invés das
mães, o número de incidentes pode ser ainda maior do que o que foi relatado.
O
psicólogo Barry Komisaruk concordou que, fisiologicamente, “o parto orgásmico
não é surpresa alguma”, já que o processo pode estimular zonas erógenas da
mulher. Ainda assim, Komisaruk disse que a experiência de parto é totalmente
dependente da anatomia única de cada mãe: algumas podem sentir prazer, mas muitas
outras sentem dor.
6.
Estresse nos torna mais empáticas
De
prazos a contas, o estresse está ao nosso redor e, aparentemente, as mulheres
se dão bem com ele. De acordo com um estudo de 2014 publicado na revista
“Psychoneuroendocrinology”, as mulheres sob estresse tendem se aproximar mais
dos outros, enquanto os homens se tornam mais egoístas e incapazes de
compreender as pessoas ao seu redor. Segundo Giorgia Silani, a principal
pesquisadora do estudo, a descoberta é surpreendente. A cientista esperava que os
participantes de ambos os sexos se tornassem menos compreensivos quando
submetidos ao estresse durante o estudo, que testou áreas do funcionamento
motor, emocional e cognitivo.
Silani
tem duas explicações possíveis para o porquê de as mulheres estressadas serem
mais compreensivas. A primeira é que é socialmente aceito que as mulheres
procurem a ajuda de outras pessoas em momentos de dificuldade, enquanto os
homens são encorajados a resolver problemas de forma independente. Também pode
haver fatores hormonais em jogo, já que altos níveis de oxitocina produzidos
pelo organismo feminino podem deixá-las mais sociáveis do que os homens.
5.
Temos sistemas imunológicos mais fortes
“Dizem
que a mulher é o sexo frágil; mas que mentira absurda”. Erasmo Carlos é que
sabe das coisas. Isso porque as mulheres têm sistema imunológico mais forte do
que os homens, graças a algumas diferenças biológicas fundamentais. De acordo
com cientistas da Universidade de Ghent (Bélgica), o cromossomo X extra
significa as mulheres têm mais microRNA, o que pode fortalecer o sistema
imunológico e inibir o crescimento do câncer. Já em outro estudo, a
pesquisadora Maya Saleh descobriu que o estrogênio impediu a criação de uma
enzima denominada Caspase-12, que interfere com o processo inflamatório.
Um
estudo da Universidade de Medicina e Odontologia de Tóquio também descobriu que
o sistema imunológico das mulheres envelhece mais lentamente. Katsuiku
Hirokawa, principal autor da pesquisa, sugeriu que esta poderia ser a razão
pela qual as mulheres tendem a viver mais do que os homens. Outra pesquisa,
desta vez da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford (EUA), também
ligou altos níveis de testosterona a uma resposta imunitária reduzida, tornando
os homens mais susceptíveis a doenças infecciosas do que as mulheres.
4.
Nossas lágrimas – não a nossa tristeza – podem fazer os homens broxarem
De
acordo com um estudo de 2011, um produto químico desconhecido encontrado nas
lágrimas emocionais de mulheres efetivamente reduziu os níveis de testosterona
– e, portanto, a excitação sexual – de participantes do sexo masculino que
foram expostos a ele. Em seguida, os homens avaliaram fotografias de mulheres
atraentes em níveis muito mais baixos do que o habitual e imagens de
ressonância magnética de seus cérebros mostraram que eles não estavam nem um
pouco excitados.
De
um ponto de vista evolutivo, isso teria sido benéfico para a eficiência do
acasalamento, já que uma mulher fica mais propensa a chorar quando ela está em
seu mínimo fértil, ou seja, durante e logo antes da menstruação. No entanto, um
dos pesquisadores, Noam Sobel, alertou que ainda é muito cedo para se chegar a
uma conclusão definitiva, pois ainda existem muitos fatores que podem estar em
jogo. Ele aconselhou que mais pesquisas devem ser feitas, a fim de compreender
verdadeiramente as lágrimas das mulheres.
3.
Nosso “gaydar” fica mais afiado durante a ovulação
Já foi provado que o gaydar – ou seja, a
capacidade de determinar a orientação sexual de alguém só de olhar – é uma
coisa real, e de acordo com um estudo de 2011, o das mulheres que ovulam são
especialmente aguçados. Liderados por Nicholas Rule, cientistas da Universidade
de Toronto (Canadá) fizeram três testes com 40 mulheres para confirmar sua
hipótese de que as ovulando são mais capazes de determinar a orientação sexual
de um homem.
Os pesquisadores descobriram que, quanto mais fértil a
mulher, mais precisamente ela identificou os rostos de homens homossexuais
mostrados em fotos diferentes. Eles também descobriram que as mulheres que
foram convidados a ler uma história erótica antes de a mesma experiência se
saíam ainda melhor. De acordo Rule, esta é uma evidência de que a evolução deu
uma mãozinha para as mulheres férteis acasalarem. Como as mulheres produzem um
número limitado de óvulos durante sua vida, evolutivamente precisam ter muito
cuidado na escolha de seus parceiros em potencial.
2. Melhor senso de perigo
De
um modo geral, as mulheres são bastante protetoras de sua prole. Uma nova
pesquisa mostrou que este cuidado, na verdade, chega antes mesmo de seus filhos
terem nascido. Em um estudo publicado em 2012, Nobuo Masataka e Masahiro
Nabasaki, pesquisadores da Universidade de Quioto, testaram a capacidade de
detectar cobras escondidas em fotografias de 60 participantes do sexo feminino
em idade fértil. Eles descobriram que as mulheres identificaram as cobras mais
rapidamente durante a sua fase lútea (dias após a ovulação) de seu ciclo
menstrual.
Os
pesquisadores teorizaram que o aumento dos níveis de progesterona, juntamente
com hormônios como o cortisol e estradiol, que ocorre durante a fase lútea,
poderia desempenhar um papel fundamental no aumento da ansiedade de uma mulher
e das capacidades de detecção de perigo. Como esta é a fase em que uma mulher
poderia estar grávida sem saber, seria natural que seu corpo evoluísse para se
proteger durante este período.
1.
Nós somos mestres das multitarefas
Em
2013, uma equipe de psicólogos do Reino Unido conduziu dois experimentos que
pareciam ilustrar a superioridade das mulheres no quesito multitarefa. No
primeiro experimento, eles pediram a homens e mulheres que realizassem
diferentes atividades em um computador, como contar e reconhecer formas. Embora
ambos os grupos tenham conseguido realizar cada tarefa rapidamente em separado,
os pesquisadores descobriram que os homens as executavam mais lentamente do que
as mulheres quando as tarefas eram rapidamente alternadas.
No
segundo experimento, eles pediram que os dois grupos executassem atividades
espaciais, tais como encontrar restaurantes em um mapa e achar chaves perdidas
em um campo enquanto respondiam a algumas perguntas simples de matemática e
falavam ao telefone. Eles receberam um prazo de oito minutos para completar as
tarefas. Neste experimento, os pesquisadores descobriram que as mulheres são
muito mais metódicas e organizadas do que os homens.
Para
os pesquisadores, isso abre todo um novo campo de questões interessantes. Por
exemplo, se, de fato, a habilidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo
beneficiou nossos antepassados. Enquanto isto poderia ter ajudado as mulheres,
pode ter sido prejudicial para os homens, especialmente quando precisavam
executar tarefas importantes, como caçar sem ser distraídos. Curiosamente,
estudos diferentes têm mostrado que os homens são, na realidade, melhores em
multitarefas, mas parece que isso depende muito de qual a tarefa em questão.
Isto se encaixa na teoria de que homens e mulheres evoluíram para atuar em
diferentes capacidades, dividindo as tarefas necessárias para o sucesso da
prole. [Listverse, Science Daily, BBC,
GMA News]
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