Uma antiga floresta, que estava escondida sob
uma geleira no Alasca (EUA), descongelou e está agora exposta ao mundo pela
primeira vez em mais de mil anos.
Troncos de árvores têm surgido debaixo da
Geleira Mendenhall durante mais de 50 anos. Ela está localizada no sul do
estado do Alasca, e possui 95,3 quilômetros quadrados de área – praticamente um
quarto do tamanho da cidade de Curitiba. Na realidade, trata-se de um rio de
gelo que flui na direção de um lago, perto da capital Juneau.
No entanto, apenas ano passado os
pesquisadores da Universidade do Sudeste do Alasca, em Juneau, notaram que um
número consideravelmente maior de árvores estava aparecendo. De acordo com o
jornal local “Juneau Empire”, que publicou uma matéria sobre o assunto na
metade deste mês, grande parte da vegetação foi encontrada em sua posição
vertical original e algumas árvores ainda apresentavam suas raízes e até um
pouco de sua casca.
“Há um monte de árvores lá, e o fato de
muitas delas estarem em pé é interessante para nós porque, desta forma, podemos
observar a parte mais externa das árvores e ter uma estimativa de quantos anos
elas tinham quando morreram”, conta Cathy Connor, professor de geologia da
Universidade do Sudoeste do Alasca, que está envolvido na pesquisa.
“Normalmente, nós encontramos pedaços de madeira desordenados, por isso
encontrar uma floresta praticamente intacta é muito legal”.
A equipe identificou as árvores como sendo de
duas espécies diferentes: abeto e cicuta. “Utilizamos como base o tamanho do
diâmetro dos troncos e o fato de que estes são os tipos de árvores que até hoje
crescem na região”, conta Connor.
Uma camada de pedra provavelmente envolveu as
árvores há mais de mil anos, momento em que a geleira começou a avançar. Os
pesquisadores estimam a data baseando-se na idade das árvores recém-reveladas,
por meio do método de radiocarbono.
Uma camada de rochas de cerca 1,20 a 1,5
metro de altura parece ter coberto completamente as árvores antes de a geleira
finalmente avançar o suficiente para se fechar sobre elas, arrancando as copas,
mas preservando os tocos em uma espécie de tumba de gelo.
A Geleira Taku, localizada ao sul da cidade
de Juneau, está provocando este mesmo processo, uma vez que avança sobre uma
floresta de choupos (também conhecidos como álamos), oferecendo aos
pesquisadores a oportunidade de observar o processo em tempo real.
Ao contrário da Geleria Taku, que acumula sua
neve em uma altitude elevada e, portanto, tem a tendência de continuar
crescendo, a Geleira Mendenhal está situada em uma elevação mais baixa e tem
recuado a uma taxa média de cerca de 52 metros por ano desde 2005. “A medição
do verão deste ano [no hemisfério norte] ainda não foi feita, mas a equipe
espera que o degelo tenha sido relativamente grande devido às temperaturas
anormalmente quentes de 2013”, conta Connor.
A diminuição das geleiras preocupam muitos
moradores, assustados com a ameaça de uma grande elevação do nível do mar, além
da perda de fontes de água doce, essenciais para que os habitantes obtenham
água potável. Anchorage, a cidade mais populosa do estado, depende inteiramente
da retirada de água potável da Geleira Eklutna para servir sua população.
Ainda assim, o recuo glacial oferece uma
interessante oportunidade para investigar os restos bem preservados de um mundo
antigo. A equipe pretende retornar à Geleira Mendenhall para cavar através dos
sedimentos em busca de folhas de pinheiros, além de outros tipos de vegetação.
Os pesquisadores também planejam medir a taxa de crescimento das árvores para
determinar quantos anos elas tinham quando morreram.
Os pesquisadores ainda não publicaram os
resultados do estudo, mas planejam fazê-lo assim que reunirem mais dados. [Live Science]
http://hypescience.com/
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