sábado, 24 de maio de 2014

10 incríveis super-poderes dos golfinhos


Os golfinhos, aqueles mamíferos marinhos inteligentes, divertidos e curiosos que todo mundo ama, não só são os preferidos de todo mundo: eles também têm “super-poderes”. Se pensarmos bem, é bastante compreensível, considerando o ambiente hostil em que eles evoluíram. Veja aqui algumas das habilidades que permitem que estes adoráveis mamíferos sobrevivam nos oceanos.
10. Insônia
A maioria dos animais (o que inclui os seres humanos) precisa dormir e sonhar, mas os os golfinhos, aparentemente, não. Ou quase isso – eles dormem, mas conseguem fazer isto com metade do cérebro de cada vez.
Cientistas que testaram estes mamíferos por cinco dias descobriram que as reações deles não ficaram mais lentas, e testes de sangue não mostraram sinais de estresse ou falta de sono. Além disso, outro teste mostrou que eles são capazes de usar o sonar por 15 dias direto, sem perda de precisão. De uma certa maneira, enquanto uma metade do cérebro dos golfinhos dorme, a outra assume todas as funções. É quase com se eles tivessem dois cérebros.
9. Visão
Os golfinhos contam com um sofisticado sentido de visão — de fato, melhor que o nosso. Para começar, seu ângulo de visão é de 300 graus, pois os olhos estão bem separados, um de cada lado da cabeça. Isto permite que eles vejam atrás de si mesmos.
Cada olho pode se mover independentemente, o que permite que eles examinem duas direções diferentes ao mesmo tempo. Com uma camada de células refletoras atrás da retina, chamada tapetem lucidem, os golfinhos veem excepcionalmente bem mesmo com pouca luz. E, como se não bastasse tudo isso, eles também conseguem ver fora da água tão bem quanto debaixo da água.
8. Pele
A pele dos golfinhos é incrível: em um ambiente cheio de cracas e mexilhões que grudam em baleias e peixes, eles (e as orcas) sempre têm a pele limpa e lisinha – e esta é só uma das vantagens conferidas a eles pela pele. Mesmo não sendo uma epiderme mais forte que a nossa, ela é 10 a 20 vezes mais espessa que a de qualquer animal terrestre, e cresce 9 vezes mais rápido (uma camada inteira é substituída a cada duas horas), o que é importante para manter a pele suave, sedosa e hidrodinâmica.
Além disso, a pele contém rugas microscópicas que permitem nadar rápido e evitam que os parasitas consigam se fixar. Porém, o segredo maior é um gel especial que resiste ao muco dos mexilhões. De uma certa forma, é como estar sempre coberto de solvente de cola. Também não podemos nos esquecer das enzimas que se escondem na gordura do golfinho e que atacam os parasitas.
7. Respiração
Para conseguir segurar o fôlego por 12 minutos e mergulhar até 550 metros, os golfinhos têm que contar com pulmões incríveis. Eles não são muito maiores que os pulmões humanos, mas são extremamente eficientes. Por exemplo, a cada respirada, nós trocamos cerca de 17% do ar dos nossos pulmões, enquanto os golfinhos conseguem renovar 80%. O sangue e os músculos deles conseguem, ainda, armazenar e transportar mais oxigênio (em parte graças a uma quantidade maior de hemácias, que por sua vez têm concentrações maiores de hemoglobina que as nossas).
Mas só isso não explica como eles conseguem ficar sem respirar por tanto tempo e mergulhar tão fundo: a razão é que eles conseguem restringir a circulação do sangue apenas aos órgãos mais importantes quando necessário.
6. Cura e cicatrização
A capacidade de cura dos golfinhos parece coisa de ficção: já foram encontrados golfinhos sobreviventes de ferimentos do tamanho de bolas de basquete, e os tecidos se regeneram em questão de poucas semanas, fazendo com que eles voltem à antiga forma, em vez de ficar com uma cicatriz profunda — eles não apenas se curam, mas se regeneram (quase como o Wolverine). Sua capacidade regenerativa já foi comparada à de fetos dentro do útero.
E não só a capacidade de regeneração é fantástica: eles também não têm hemorragias graves. Se um de nós perdesse uma parte da carne, provavelmente morreria de hemorragia, mas os golfinhos parecem usar os mesmos mecanismos que lhes permitem mergulhar a grandes profundidades para contrair os vasos sanguíneos e interromper a perda de sangue.
5. Tolerância à dor
Golfinhos já foram observados a brincar, nadar e alimentar-se normalmente depois de sofrerem danos que incapacitariam quaisquer outros animais deste planeta. E não se trata de insensibilidade (os golfinhos são tão sensíveis quanto nós): aparentemente eles são capazes de produzir analgésicos naturais com a mesma potência da morfina, quando necessário.
Como os predadores normalmente atacam os elementos que mostram sinais de fraqueza, a capacidade de não demonstrar dor ou sofrimento faz sentido, do ponto de vista evolutivo — ninguém quer mostrar para os tubarões nas redondezas que acabou de perder um pedaço do corpo do tamanho de um melão e que pode ser uma presa fácil.
4. Impulsão
Em um estudo de 1936, o biólogo Sir James Gray estudou a anatomia do golfinho, procurando uma explicação para as velocidades com que o animal consegue nadar. Ele não conseguiu descobrir nada, mas criou a hipótese de que a pele do golfinho teria alguma característica anti-arrasto que lhe daria mais eficiência.
O “Paradoxo de Gray” foi solucionado em 2008, e em parte deu razão à hipótese de Sir James: de fato, a pele do golfinho tem algumas propriedades anti-arrasto, mas ele subestimou a força da musculatura do animal. Enquanto um nadador olímpico consegue produzir um impulso de 27 a 31 kgf (quilograma-força) de impulso, o golfinho consegue produzir 90 kgf. E isto em “velocidade de cruzeiro”: quando dá tudo de si, consegue produzir de 136 a 181 kgf de impulso.
Além de produzir 5 vezes mais impulsão que o ser humano em sua melhor forma, ele também é bastante eficiente no gasto de energia, convertendo 80% de sua energia em impulso, contra cerca de 4% que o ser humano consegue. Sem dúvidas, um dos mais eficientes nadadores dos oceanos.
3. Resistência a infecções
Outro dos poderes incríveis dos golfinhos é a resistência a infecções. Um humano que seja mordido por um tubarão morre de septicemia em poucos dias se não for hospitalizado, mas um golfinho não tem problema algum de levar uma mordida daqueles dentes cheios de bactérias. Nem mesmo as bactérias que existem no oceano parecem preocupá-los. Eles simplesmente não desenvolvem infecção alguma.
Mas como isso acontece? Ninguém sabe ao certo, já que o sistema imunológico deles é semelhante ao nosso. A nossa melhor hipótese é a de que eles conseguem aproveitar antibióticos feitos por plantas e algas — algumas das substâncias produzidas por estas criaturas microscópicas foram encontradas na gordura dos golfinhos. Conforme a gordura se decompõe no local dos ferimentos, ela libera estas substâncias antibacterianas. Mas a maneira que eles armazenam estas substâncias em vez de metabolizá-las ou excretá-las ainda é um mistério.
2. Sentido de magnetismo
Um dos mistérios sobre os golfinhos e baleias por que eles acabam encalhando em praias. Teorias envolvendo doenças, poluição ou teste de sonares militares não puderam ser comprovadas ou descartadas com as autópsias, e, como este fenômeno é conhecido há centenas de anos, é pouco provável que a causa seja a atividade humana.
A hipótese mais recente é a do magnetismo solar: golfinhos e baleias têm cristais de magnetita no cérebro, que os ajudam a sentir o campo magnético da Terra, e especialistas notaram que os locais de encalhe coincidem com regiões onde as rochas magnéticas locais diminuem o campo magnético terrestre, enquanto outras evidências sugerem que os campos magnéticos emitidos pelo sol embaralham o sentido de magnetismo de animais aquáticos.
Uma análise dos eventos de encalhe mostra que eles coincidem com partes do ciclo solar que produzem um fluxo maior de radiação. Isto também poderia explicar por que, depois de libertados, os animais dão meia volta e encalham novamente.
1. Eletrorrecepção
Os golfinhos têm mais um truque escondido na manga, algo que poucos animais têm: ele é capaz de perceber os pulsos elétricos que os seres vivos produzem. A descoberta foi feita em golfinhos da Guiana, que vivem próximos da costa da América do Sul, e se parecem com o golfinho nariz-de-garrafa. Os pesquisadores notaram algumas depressões no rostrum (o focinho) do golfinho, que pode detectar impulsos elétricos dos músculos de peixes.
Acredita-se que a sensibilidade da eletrorrecepção dos golfinhos seja semelhante à dos ornitorrincos, e provavelmente é usada para encontrar peixes escondidos na lama. Os pesquisadores suspeitam que todos os golfinhos (e algumas baleias) tenham esta habilidade.
http://hypescience.com










sexta-feira, 2 de maio de 2014

Catástrofe Chegando? Peixes pescados no Japão podem revelar algo assustador.



No dia 22, foram encontrados 105 peixes da espécie ” Photonectes ” que vivem normalmente em profundidades maiores de 1000 metros, somente um deles estava vivo, nas redes de um barco de pesca que estava em alto mar próximo a costa da província de Kochi. Um dia antes, 9 peixes da mesma espécie foram encontrados, e um especialista oceanógrafo disse à agência de notícias Kyodo que ” alguma catástrofe está acontecendo nas profundezas do mar “. De acordo com o NPO Nihon Umigame Kyogikai que investiga o estado da vida marinha nos mares do Japão, nas redes de um barco de pesca que estava em alto mar foi encontrado uma espécie de peixe que não tem muitas informações detalhadas pelos especialistas.
As redes estavam a apenas 70 metros de profundidade. O tamanho do peixe varia de 10 cm. a 25 cm. O peixe que sobreviveu, morreu algumas horas depois. No mesmo dia, segundo relatos passados na prefeitura de Fukui , um tipo raro de baiacu “, mafugu “, foi encontrando em abundância , totalizando 46 toneladas. O número médio pescado por dia é de 200 quilos. Os pescadores estavam mais do que satisfeito, mas também estavam incomodados com a grande quantidade . “Eu sou pescador há mais de 50 anos, e eu nunca vi nada parecido com isso “, disse um morador local. “A única maneira de saber o que realmente está acontecendo é perguntar para o peixe. “
Alguns especulam que o aparecimento dos peixes raros no raso tem relação com as mudanças climáticas, alterações em correntes oceânicas, erupções vulcânicas em profundidade ou que seja até um aviso da própria natureza para alguma catástrofe que está por vir, como por exemplo, um grande terremoto e uma possível tsunami. Por enquanto, o assunto está sendo estudado pelos oceanógrafos e outras cientistas japoneses.
climatologiageografica.or
Imagem: peixes abissais encontardos

Reencarnação: Memórias de outras vidas


O conceito de reencarnação está impregnado de fé e misticismo. Mas a multiplicação de relatos impressionantes de lembranças e marcas de supostas vidas passadas atrai cada vez mais o interesse da ciência

por Marcos de Moura e Souza
super.abril.com.br

Em uma das mais prestigiosas universidades públicas dos Estados Unidos, a Universidade de Virgínia, pesquisadores da área de saúde mental dedicam-se há décadas a desafiar os céticos. Ali são estudados, entre outros casos que ultrapassam os contornos da ciência convencional, relatos sobre reencarnação, muitos deles submetidos à checagem. Resultados conclusivos não há, mas eles são, no mínimo, intrigantes. À frente da Divisão de Estudos da Personalidade está o mais famoso pesquisador sobre o assunto, o já octogenário Ian Stevenson. Seus livros e textos em publicações científicas descrevem casos de crianças que se recordariam de vidas passadas e de pessoas com marcas de nascença que teriam sido originadas por cicatrizes de existências anteriores.
Stevenson e sua equipe avaliam casos de reencarnação da forma que consideram a mais acurada possível. Fazem entrevistas, confrontam a versão narrada com documentações, comparam descrições com fatos que só familiares da pessoa morta poderiam saber. Por tudo isso, ele se tornou um dos maiores responsáveis por ajudar a deslocar – ainda que apenas um pouco – o conceito de reencarnação do campo da fé e do misticismo para o campo da ciência.
Mas o que leva esse renomado médico, com mais de 60 anos de carreira, e tantos outros pesquisadores a encararem a reencarnação como uma hipótese válida?
Bem, são histórias como, por exemplo, a de Swarnlata Mishra, uma menina nascida em 1948 de uma rica família da Índia e que se tornou protagonista de um dos casos clássicos – digamos assim – da literatura médica sobre vidas passadas. A história é descrita em um dos livros de Stevenson, Twenty Cases Suggestive of Reincarnation (“Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação”, sem versão brasileira), e se assemelha a outros registrados pelo mundo sobre lembranças reveladoras ocorridas, principalmente, na infância. Mas, ao contrário da maioria, não está relacionado a mortes violentas, confrontos ou traumas.
A história de Swarnlata é simples. Aos 3 anos de idade, viajava com seu pai quando, de repente, apontou uma estrada que levava à cidade de Katni e pediu ao motorista que seguisse por ela até onde estava o que chamou de “minha casa”. Lá, disse, poderiam tomar uma xícara de chá. Katni está localizada a mais de 160 quilômetros da cidade da menina, Pradesh. Logo em seguida, Swarnlata começou a descrever uma série de detalhes sobre sua suposta vida em Katni. Disse que lá seu nome fora Biya Pathak e que tivera dois filhos. Deu detalhes da casa e a localizou no distrito de Zhurkutia. O pai da menina passou a anotar as “memórias” da filha.

Recordações de mãe
Sete anos depois, em 1959, ao ouvir esses relatos, um pesquisador de fenômenos paranormais, o indiano Sri H. N. Banerjee, visitou Katni. Pegou as anotações do pai de Swarnlata e as usou como guia para entrevistar a família Pathak. Tudo o que a menina havia falado sobre Biya (morta em 1939) batia. Até então, nenhuma das duas famílias havia ouvido falar uma da outra.
Naquele mesmo ano, o viúvo de Biya, um de seus filhos e seu irmão mais velho viajaram para a cidade de Chhatarpur, onde Swarnlata morava. Chegaram sem avisar. E, sem revelar suas identidades ou intenções aos moradores da cidade, pediram que nove deles os acompanhassem à casa dos Mishra. Stevenson relata que, imediatamente, a menina reconheceu e pronunciou os nomes dos três visitantes. Ao “irmão”, chamou pelo apelido.
Semanas depois, seu pai a levou para Katni para a casa onde ela dizia ter vivido e morrido. Swarnlata, conta Stevenson, tratou pelo nome cada um dos presentes, parentes e amigos da família. Lembrou-se de episódios domésticos e tratou os filhos de Biya (então na faixa dos 30 anos) com a intimidade de mãe. Swarnlata tinha apenas 11 anos.
As duas famílias se aproximaram e passaram a trocar visitas – aceitando o caso como reencarnação. O próprio Stevenson testemunhou um desses encontros, em 1961. Ao contrário de muitos casos de memórias relatadas como de vidas passadas, as da menina continuaram acompanhando-a na fase adulta – quando Swarnlata já estava casada e formada em Botânica.
Assim como esse, há milhares de outros episódios intrigantes, alguns mais e outros menos verificáveis. Somente na Universidade da Virgínia há registros de mais de 2500 casos desse gênero. Acontece que, para a ciência, a ocorrência de casos isolados, ainda que numerosos, não prova nada. Os céticos atribuem essas histórias a fraudes, coincidências ou auto-induções às vezes bem intencionadas.
Mas, embora a ciência duvide da reencarnação, a humanidade convive com a crença nela faz tempo. De acordo com algumas versões, o conceito de reencarnação chegou ao Ocidente pelas mãos do matemático grego Pitágoras. Durante uma viagem que fizera ao Egito, ele teria ouvido diversas histórias e assistido a cerimônias em que espíritos afirmavam que vinham mais de uma vez à Terra, em corpos humanos ou de animais. O mesmo conceito – com variações aqui e ali – marcou religiões orientais, como o bramanismo e o hinduísmo (e, mais tarde, o budismo), e também religiões africanas e de povos indígenas, segundo Fernando Altmeier, professor de Teologia da PUC de São Paulo. Na verdade, “a reencarnação nasce quase ao mesmo tempo que a idéia religiosa tanto no Ocidente quanto no Oriente, com os egípcios, os gregos, os africanos e os indígenas”, diz Altmeier. A idéia, porém, não deixou traços – pelo menos não com a mesma força – nas três religiões surgidas de Abraão: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
No século 19, o francês Hippolyte Leon Denizard Rivail – ou Allan Kardec – e outros estudiosos dedicaram-se a um tema então em voga na Europa: os fenômenos das mesas giratórias, em que os sensitivos alegavam que espíritos se manifestavam com o mundo dos vivos. Kardec escreveu uma série de livros sobre as experiências mediúnicas que observou e, tendo como base a idéia da reencarnação, fundou a doutrina espírita. Para os espíritas, reencarnação é um ponto pacífico. Mas muitos deles preferem dar crédito a relatos embasados no cientificismo. “Dirijo a área de assistência espiritual na Federação Espírita do Estado de São Paulo, por onde passam 200 mil pessoas por mês, mas, no que diz respeito à fenomenologia, sou mais pé no chão, sou muito rigoroso”, afirma o advogado Wlademir Lisso, de 58 anos.

Terapias e evidências
Nas aulas que dá na federação sobre espiritismo e ciência, Lisso – que é autor de três livros – se baseia, sobretudo, nas pesquisas feitas por universidades estrangeiras, que considera mais confiáveis. Lisso diz que já perdeu as contas das vezes que ouviu pessoas lhe dizendo que tinham lembranças de outras vidas, algumas, talvez, por meio das chamadas terapias de vidas passadas. “Terapias, por si só, não provam nada”, diz Lisso, referindo-se a uma prática que supostamente leva a pessoa a escarafunchar memórias tão remotas quanto as de duas, três encarnações anteriores. Os espíritas não recomendam a experiência. “Até os anos 50, flashes ou outras manifestações eram considerados distúrbios mentais”, diz Lisso. Com o tempo, ganhou eco a explicação de que muitos desses sintomas poderiam ser evidências de existências passadas.
No Brasil, um dos poucos que seguiram a linha da investigação mais científica foi Hernani Guimarães Andrade, que morreu há quase dois anos. Autor de diversos livros, entre eles Reencarnações no Brasil (O Clarim, sem data), Andrade conta o caso de uma menina paulistana, identificada apenas como Simone. Nos anos 60, quando tinha então pouco mais de 1 ano, ela começou a pronunciar palavras em italiano, sem que ninguém a tivesse ensinado. Passou também a relatar lembranças que remontavam à Segunda Guerra Mundial. Seu relato era tão vívido que familiares se renderam à idéia de que fragmentos de uma encarnação passada ainda pairavam em sua mente. A avó da menina registrou, em um diário, mais de 30 palavras em italiano pronunciadas pela neta e histórias de explosões, médicos, ferimentos e morte. As recordações pararam de jorrar quando a menina tinha por volta de 3 anos.
Mas as supostas memórias de crianças como Simone e Swarnlata não são os únicos sinais que chamam a atenção dos estudiosos. Em várias universidades ao redor do mundo, os pesquisadores passaram a examinar também marcas de nascença – associadas a lembranças – como possíveis evidências de reencarnação. O mesmo Stevenson reuniu um punhado desses casos num estudo divulgado em 1992. Segundo o levantamento feito com 210 crianças que alegavam ter lembranças de outras vidas, cerca de 35% apresentavam marcas de nascimento na pele. Em 49 casos, foi possível obter um documento médico, geralmente um laudo de necropsia, das pessoas que as crianças haviam supostamente sido em outra encarnação. A correspondência entre o ferimento que causara a morte e a marca de nascença foi considerada, no mínimo, satisfatória em 43 casos (88%), segundo Stevenson.
Um exemplo citado por ele é o de uma criança da antiga Birmânia que dizia se lembrar da vida de uma tia que morrera durante uma cirurgia para corrigir um problema cardíaco congênito. Essa menina tinha uma longa linha vertical hipopigmentada no alto do abdome. A marca correspondia à incisão cirúrgica da tia. Stevenson recorre a uma frase do escritor francês Stendhal para se referir a casos de memórias e de marcas que, às vezes, podem passar despercebidos: “Originalidade e verdade são encontradas somente nos detalhes”.

Tinta fresca
Para pesquisador, há fortes indícios de que muitas crianças conseguem se lembrar de suas vidas anteriores
O professor Jim B. Tucker, da Divisão de Estudos da Personalidade do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, estuda e atende casos de depressão e outros distúrbios em crianças e adolescentes. Tem especial interesse por casos de crianças que alegam ter lembranças de vidas passadas. Nesta entrevista, concedida por e-mail à SUPER, Tucker fala das características mais freqüentes desses relatos e de fatos que mais o impressionaram.

Quantos casos de crianças que alegam lembrar de vidas passadas o senhor já observou?
Temos mais de 2 500 casos registrados em nossos arquivos. Eu, pessoalmente, vi vários.

Quais são as principais características desses casos?
Os casos geralmente envolvem crianças pequenas que dizem se lembrar de uma vida passada. Elas podem descrever a vida de um membro falecido da família ou um amigo da família ou podem descrever a vida de um estranho num outro local. Outros fatos incluem marcas de nascença que combinam com os ferimentos no corpo da pessoa falecida e comportamentos que parecem ligados à vida anterior.

Há uma explicação para o fato de as lembranças ocorrerem principalmente durante a infância?
As crianças começam a fazer seus relatos numa idade precoce, logo que começam a falar. Isso faz sentido, porque parecem ser memórias que elas carregam consigo desde a vida anterior.

Quais tipos de evidências mais impressionaram o senhor?
Ainda acho que a mais forte evidência envolve declarações documentadas que alguma criança tenha feito e que se provaram verdadeiras em relação a uma pessoa que viveu a uma distância significativa. O dr. Jünger Keil (pesquisador da Universidade de Tasmânia, na Austrália) investigou um caso na Turquia no qual um garoto deu muitos detalhes sobre um homem que tinha vivido a 850 quilômetros e morrido 50 anos antes de o menino ter nascido.

Como médico, o senhor considera possível explicar esses relatos de uma perspectiva científica?
Nenhum desses casos é “prova” da reencarnação, e um cético pode sempre encontrar um ponto fraco em um caso ou, como objetivo de desacreditá-lo, em qualquer estudo médico. Entretanto, como um todo, os casos mais significativos constituem um forte argumento de que algumas crianças parecem, sim, possuir memórias de vidas anteriores.
http://super.abril.com.br/cotidiano/reencarnacao-memorias-outras-vidas-445651.shtml